O livro foi originalmente publicado pela Dom Quixote em 1989. Volta agora às livrarias, passados 70 anos sobre o começo da guerra mais devastadora da História (Setembro, 1939 – Setembro, 1945).
O autor, Martin Gilbert, reputadíssimo historiador britânico com vasta obra publicada (A Primeira Guerra Mundial saiu sob a chancela da Esfera dos Livros em 2007), é especialmente conhecido pela sua monumental biografia de Winston Churchill, também traduzida em português e editada pela Bertrand em 2002. O volume de mais de mil páginas que agora se reedita é uma valente arma de arremesso e tanto pode ser lido de enfiada (se o leitor tiver estômago para tanta mortandade…) como servir de obra de consulta, a espaços.
Organizado de modo cronológico, A Segunda Guerra Mundial cobre exaustivamente o conflito, nada deixando de fora, nem mesmo aquelas geografias mais remotas que justificam plenamente o termo “mundial”. Para lá da Europa, dos EUA e do Japão, Gilbert guia-nos até palcos obscuros na Tailândia, Birmânia, Tunísia ou Nova Guiné, desenhado com precisão cirúrgica o quadro de uma disputa que deixaria, quando terminada, um rasto de quase 50 milhões de cadáveres. Mas o que torna A Segunda Guerra Mundial não só uma obra de leitura obrigatória como também apelativa (se o adjectivo se pode aplicar a tal colecção de barbáries…) é a capacidade de Gilbert para dar rosto aos intervenientes. Não só aos grandes, a esses conhecemo-los, mas sobretudo àqueles que, vítimas ou carrascos quase desconhecidos (e a II Guerra Mundial, ao contrário da primeira, deixa facilmente perceber quem são os bons e os maus…), vêem assim reconhecido, sublinhado e afirmado, o seu papel.
Como logo se diz no início do primeiro capítulo (“A Invasão da Polónia pela Alemanha – Setembro de 1939): “ (…) a esmagadora maioria dos que morreram, quer na frente de batalha quer na retaguarda, tinham nomes e rostos obscuros, excepto para as poucas pessoas que os conheciam ou os amavam; mas em muitos casos, que talvez também atinjam uma cifra de milhões, até mesmo os que em anos posteriores poderiam ter recordado uma vítima foram eliminados”.
Escrever à luz desta afirmação, torna-se, assim, num exercício de justiça, de memória e de respeito pelas vítimas. E é isso que Gilbert faz magistralmente, transformando o que poderia ser uma árida tarefa compilatória numa história dramática em que mulheres e homens concretos participam, sofrem, dão ou ceifam vidas. E tudo isto se passou há apenas 70 anos.
A Segunda Guerra Mundial, Martin Gilbert, Dom Quixote, 2009
Organizado de modo cronológico, A Segunda Guerra Mundial cobre exaustivamente o conflito, nada deixando de fora, nem mesmo aquelas geografias mais remotas que justificam plenamente o termo “mundial”. Para lá da Europa, dos EUA e do Japão, Gilbert guia-nos até palcos obscuros na Tailândia, Birmânia, Tunísia ou Nova Guiné, desenhado com precisão cirúrgica o quadro de uma disputa que deixaria, quando terminada, um rasto de quase 50 milhões de cadáveres. Mas o que torna A Segunda Guerra Mundial não só uma obra de leitura obrigatória como também apelativa (se o adjectivo se pode aplicar a tal colecção de barbáries…) é a capacidade de Gilbert para dar rosto aos intervenientes. Não só aos grandes, a esses conhecemo-los, mas sobretudo àqueles que, vítimas ou carrascos quase desconhecidos (e a II Guerra Mundial, ao contrário da primeira, deixa facilmente perceber quem são os bons e os maus…), vêem assim reconhecido, sublinhado e afirmado, o seu papel.
Como logo se diz no início do primeiro capítulo (“A Invasão da Polónia pela Alemanha – Setembro de 1939): “ (…) a esmagadora maioria dos que morreram, quer na frente de batalha quer na retaguarda, tinham nomes e rostos obscuros, excepto para as poucas pessoas que os conheciam ou os amavam; mas em muitos casos, que talvez também atinjam uma cifra de milhões, até mesmo os que em anos posteriores poderiam ter recordado uma vítima foram eliminados”.
Escrever à luz desta afirmação, torna-se, assim, num exercício de justiça, de memória e de respeito pelas vítimas. E é isso que Gilbert faz magistralmente, transformando o que poderia ser uma árida tarefa compilatória numa história dramática em que mulheres e homens concretos participam, sofrem, dão ou ceifam vidas. E tudo isto se passou há apenas 70 anos.
A Segunda Guerra Mundial, Martin Gilbert, Dom Quixote, 2009
5 comentários:
Aqueles que ligam alguma coisa à História dizem que a "2ª" guerra começou com o Tratado de Versalhes. Porque a História é uma arma ideológica, os historiadores que têm de vender outra fruta, a vida dos heróis populares, dizem outras coisas.
O caso Churchill é interessante pois foi ele que ditou "a História", a sua, e dessa época temos principalmente tretas (mas que funcionam bem actualmente em termos ideológicos). E este livro de "História" parece tocar por esse diapasão: é uma obra de ficção, ficção histórica. Como está sempre na moda, até Rodrigo dos Santos abraça o género.
O caso Churchill é interessante pois foi ele que ditou "a História", a sua,
AINDA BEM!!!!!
apenas há 70 anos. quantos da geração dos meus filhos terão uma pálida ideia do que foi, sendo o século XX nos programas escolares e na generalidade dos media ultrapassado a correr, sacudido como um incómodo ligeiro?
100% de acordo. Que interessa saber os acontecimentos, como português, gosto mas é de coscuvilhice, como os outros 10 milhões de súbditos da sra Leite.
como português, gosto mas é de coscuvilhice
cada um gosta do que gosta; mas eu não chamaria coscuvilhice aprender os nomes dos mortos...
(e claro que sim: a II Guerra começou com o Tratado de Versalhes, estamos de acordo. E então?)
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