Ecletismo poderá ser palavra apropriada para definir os livros de Henrique Garcia Pereira. Engenheiro e professor catedrático do Instituto Superior Técnico, baby boomer com muito gosto e, ao que se percebe, proveito, Garcia Pereira (que não é familiar do advogado homónimo) acaba de publicar o segundo volume da sua trilogia Fragmentos do Mediterrâneo.
Depois de nos ter levado a deambular por Chipre e pela Grécia (Creta, Milos e Aegina), acompanhamo-lo agora até à Sicília, Capri, Sardenha, Córsega, Génova, Nice e Avignon, todos os destinos reunidos sob o título A Cortina Central (Terorema, 2009).
O terceiro volume, já anunciado, e que se chamará A Janela Hispano-Atlântica há-de percorrer Barcelona, Valência, Ibiza, Cádis e Huelva, para terminar no Algarve, em Tavira.
O autor avisa na contracapa: “O Mediterrâneo não se herda, consegue-se. E eu consegui o meu Mediterrâneo percorrendo-o lentamente em dezasseis capítulos, organizados em três faixas geográficas (cortadas segundo o meridiano). Mas esta aparente linearidade coexiste com uma turbulenta cartografia sentimental, feita pela escrita das cidades marítimas que explodem no espaço-tempo…”.
Viagem sentimental, pois, que se não imita Sterne também não se esgota em roteiro nostálgico. Eclético, sempre, Garcia Pereira mistura literatura e história, revoluções e amores fugazes, geologia e apontamentos de circunstância. Aproveitando para reafirmar algumas das suas manias privadas, com destaque para a sua claríssima aversão a tudo o que não seja urbano – o que me levou a recordar com absoluta nitidez a definição de Manuel Vicente sobre o “campo”, resumido literalmente pelo arquitecto a: “o sítio onde paro para mijar entre duas cidades” – o engenheiro químico e de minas transmuta-se em viajante com história, recordando episódios e compilando saberes. Fá-lo com o acrescento de imagens (infelizmente, de fraquíssima impressão) e de notas absolutamente saborosas que, mais do que servirem de muleta de apoio ao texto principal, funcionam como links que remetem para outras leituras, abrindo o espaço (pessoal) do seu Mediterrâneo a um verdadeiro hiperespaço de cultura, idiossincrasias e cumplicidades. Um prazer.
Depois de nos ter levado a deambular por Chipre e pela Grécia (Creta, Milos e Aegina), acompanhamo-lo agora até à Sicília, Capri, Sardenha, Córsega, Génova, Nice e Avignon, todos os destinos reunidos sob o título A Cortina Central (Terorema, 2009).
O terceiro volume, já anunciado, e que se chamará A Janela Hispano-Atlântica há-de percorrer Barcelona, Valência, Ibiza, Cádis e Huelva, para terminar no Algarve, em Tavira.
O autor avisa na contracapa: “O Mediterrâneo não se herda, consegue-se. E eu consegui o meu Mediterrâneo percorrendo-o lentamente em dezasseis capítulos, organizados em três faixas geográficas (cortadas segundo o meridiano). Mas esta aparente linearidade coexiste com uma turbulenta cartografia sentimental, feita pela escrita das cidades marítimas que explodem no espaço-tempo…”.
Viagem sentimental, pois, que se não imita Sterne também não se esgota em roteiro nostálgico. Eclético, sempre, Garcia Pereira mistura literatura e história, revoluções e amores fugazes, geologia e apontamentos de circunstância. Aproveitando para reafirmar algumas das suas manias privadas, com destaque para a sua claríssima aversão a tudo o que não seja urbano – o que me levou a recordar com absoluta nitidez a definição de Manuel Vicente sobre o “campo”, resumido literalmente pelo arquitecto a: “o sítio onde paro para mijar entre duas cidades” – o engenheiro químico e de minas transmuta-se em viajante com história, recordando episódios e compilando saberes. Fá-lo com o acrescento de imagens (infelizmente, de fraquíssima impressão) e de notas absolutamente saborosas que, mais do que servirem de muleta de apoio ao texto principal, funcionam como links que remetem para outras leituras, abrindo o espaço (pessoal) do seu Mediterrâneo a um verdadeiro hiperespaço de cultura, idiossincrasias e cumplicidades. Um prazer.
1 comentário:
Desculpe, mas gostava de saber se efectivamente leu o livro. Eu comprei-o, tentei lê-lo (não consegui terminar) e achei-o detestável. Não percebo como é que a Teorema publica um livro assim, e como é que nenhum dos 4 (quatro) revisores creditados na ficha técnica deixou passar tanto disparate. As refer.as bibliográficas usam o sistema autor-data, remetendo não se sabe para onde. Presumo que será necessário esperar pela publicação do 3º vol. para se poder saber quais os livros citados. Imagens inexistentes, embora conste a legenda ( fig. 141), págs. sucessivas com três linhas de texto acompanhadas de dez notas de rodapé, e, pasme-se (nunca tinha visto...), notas de notas (v. p. 13, p. ex.). Palavra que tentei ler com atenção, mas em 4 linhas há seis notas, cada uma mais extensa do que a anterior, e para as ler e ler as notas das notas perde-se toda a fluidez da leitura, perde-se qualquer hipótese de seguir uma ideia do autor. Imagens com uma definição execrável (v. p. ex. figs. 168, 180 ou 189). Um logro inadmissível. Esquecem-se que estão a vender um produto ao público? Ninguém se queixa?
E quem escreve sobre livros faz um mau serviço aos leitores, ao perpetuar estes logros. Não vou ocupar-me do conteúdo, que acho fraquíssimo. Aventuras e desventuras de um soixante-huitard, apontamentos pessoais, uma salada russa de muito má digestão, caps. completamente irregulares, banalidades misturadas com algumas coisas potencialmente interessantes, que dariam pano para mangas se bem "agarradas", o que não é o caso. Cheira-me que o autor se inspirou no"Breviário Mediterrânico", de Predrag
Matvejevic. Que saudades desse livro belíssimo!
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