28/01/09

Who the fuk is Manuel Queiroz?

A pergunta do título é retórica. Ou seja, estou-me nas tintas para o dito. Não sei quem é nem quero saber quem seja: Manuel Queiroz não me interessa como indivíduo mas como paradigma. No caso, paradigma da bêtise a que Flaubert chamou um figo e que, como é dos livros e da praxis, nunca vem só: faz-se habitualmente acompanhar da arrogância e quem vier atrás que limpe a merda.
Mas se a estupidez é universal ― como garante a frase apócrifa de Einstein (Só há duas coisas infinitas, a estupidez humana e o universo, e quanto ao último não tenho a certeza) ― há quem a cultive de um modo genuinamente português.
Para ir directa ao assunto: são aqueles tipos que, perante uma coisa estúpida, puxam dos galões da sua suprema inteligência e tornam a coisa estúpida ainda mais estúpida, atribuindo-lhe qualidades que mais ninguém viu, intenções que mais ninguém percebeu, estratégias que mais ninguém alcançou.
Perante tais maîtres à penser de puro sangue lusitano, Niccolò Machiavelli não passaria de um menino de coro e, já que falei em coro, assim de repente recordo-me de algumas vozes esdrúxulas que, no seu apoio à invasão do Iraque, e concorrendo taco-a-taco com Bianca Castafiore, conseguiam ultrapassar em muitos decibéis qualquer general americano mortinho por uma guerra.
Quanto a Manuel Queiroz, que é o exemplo que me traz agora, viu na reabilitação do bispo Richard Williamson, um inglês ultraconservador que acha que o Holocausto é uma história para adormecer criancinhas, um gesto papal cheio de conotações abscônditas mas que ele, e refiro-me naturalmente a Queiroz, alcança de modo claro e distinto (embora, e isto sou eu a falar, num português um pouco obscuro to say the least...). Os judeus tinham ficado lixados, a esquerda tinha ficado lixada, mas ele ― ele, Queiroz! ― sabia que Ratzinger visava mais longe e se estava a borrifar para os judeus e para a esquerda. Afinal, parece que o próprio Vaticano ficou incomodado com a história e, como já vem sendo enfadonhamente habitual, pediram-se desculpas.
Apropriadamente termino, pois, concluindo que há criaturas mais papistas do que o Papa ou em inglês para condizer com o título: He may look like an idiot and talk like an idiot but don't let that fool you. He really is an idiot.

4 comentários:

Carlos P. P. disse...

Interessantes pontos de vista no blog em geral. continua

Vitorino Queiroz disse...

De Manuel Vitorino de Queiroz
Eu diria mesmo mais:há muitos mais "queirozes" do que parecem imaginar...No meu caso concreto, que nada tem a ver com o citado ( e "desfeiteado" ) Manuel Queiroz dos vossos amáveis comentários, assina-se, um Queiroz, que por acaso se chama Manuel Queiroz, mas que, para não se confundir com qualquer outro, tem por nome completo: Manuel Vitorino de Queiroz...
(sans rancune, mas solicitando um maior rigor na identificação nominativa no nome dos alvos a desfeitear)

Vitorino Queiroz disse...

De Manuel Vitorino de Queiroz
Eu diria mesmo mais:há muitos mais "queirozes" do que parecem imaginar...No meu caso concreto, que nada tem a ver com o citado ( e "desfeiteado" ) Manuel Queiroz dos vossos amáveis comentários, assina-se, um Queiroz, que por acaso se chama Manuel Queiroz, mas que, para não se confundir com qualquer outro, tem por nome completo: Manuel Vitorino de Queiroz...
(sans rancune, mas solicitando um maior rigor na identificação nominativa no nome dos alvos a desfeitear)

Ana Cristina Leonardo disse...

Caro Manuel Vitorino de Queiroz, julgo que fica claro a quem me refiro: a identificação vai com link e tudo. sans rancune e parece-me que com rigor, devidamente identificada, ana cristina leonardo