04/03/08

64% dos israelitas são pelo cessar-fogo

A violência no Médio Oriente tende a levar a posições extremadas, com alguns defensores de Israel a mostrarem-se mais papistas do que o Papa na compreensão da política militar do governo de Ehud Olmert.
Parece ser o caso, por exemplo, de Filipe Nunes Vicente que assina o seguinte post no Mar Salgado: «Tanto Israel como o Hamas visam alvos. O Hamas visa apenas civis, Israel visa o Hamas e atinge por vezes civis. É um facto. No entanto, o ponto preferido dos media portugueses é este: Israel mata mais. Isto é deveras espantoso. O Hamas só está em baixo na contabilidade macabra porque não tem as armas de Israel. Ou alguém pensa que um tipo que odeia o vizinho e lhe atira pedras todos os dias desdenharia usar uma metralhadora?»
Como a História não se faz de «se(s)», julgo ser um dever moral condenar as mortes de civis palestinianos na Faixa de Gaza (cuja responsabilidade caberá em última instância ao primeiro-ministro de Israel, o mesmo que, recorde-se, conduziu há pouco uma guerra desastrosa no Líbano — da qual pretenderá limpar-se agora da pior maneira).
No meio da barbárie, consola-me saber que 64% dos israelitas são pelo cessar-fogo, mesmo que tal implique conversações com o Hamas. Um facto que me dá mais que pensar do que todos os apoios incondicionais e/ou argumentos rebuscados em defesa da política de terra queimada.

4 comentários:

Jay Dee disse...

Mái nada!

Cristina Gomes da Silva disse...

Sabe, ACL, o que mais me impressiona é que um povo que sofreu o que sofreu (e eu sou das que lembram a shoa aos mais novos), inflija agora aos outros estes horrores. A memória é curta e a indiferença à dor infinita. Confesso que me ultrapassa. Boa noite

Cristina Gomes da Silva disse...

tb queria dizer que fiz um link para cá, espero que não se importe

Ana Cristina Leonardo disse...

cristinags, o drama do Médio Oriente deixa-me sem palavras. Às vezes sinto-me a querer resolver a quadradura do círculo... Mas 64% dos israelitas a desejarem o cessar-fogo é sem dúvida uma boa notícia. Não ressuscita os mortos, bem sei, nem os palestinianos nem os israelitas
obrigada pelo link