Não sei se é do jogging viril do primeiro-ministro se do abaixamento para 5% do IVA dos ginásios mas que este país acelerou, acelerou.
Uma pessoa distrai-se e, num ápice, correm a pontapé com uma vintena de ilegais, aos quais de nada serviu terem encalhado na Culatra, ilha onde são todos emigrantes, já foram ou pelo menos o pai. A medida de repatriamento portuguesa não passou, porém, de uma operação singela quando comparada com a enérgétique proposta de Nicolas Sarkozy, essa sim, capaz de pôr em sentido todos os chicos-espertos demasiado tisnados: mostrem lá o ADN e provem que têm familiares em França (e pergunto eu: será que os neocolonialistas do petróleo têm avós enterrados nos poços?).
O ADN não é tudo. Em Agosto passado, em Argenteuil, o presidente da câmara (também do UMP) já fora assaz criativo: nada de varrer misérias para debaixo da carpete. Assim, mandou pulverizar os locais onde se reuniam os sem-abrigo da cidade com um desinfectante nauseabundo e só interrompeu a medida porque os trabalhadores camarários se recusaram ao serviço e houve quem tivesse o bom senso de recordar outras limpezas.
A propósito de tisnados. Não pude deixar de reparar nos traços tão pouco arianos do novo suspeito encontrado pelos McCann, o que levou o Senhor Comentador a comentar, com claríssima clarividência, que «se esse homem é inocente, eu sou a Cicciolina. Não pode ter uma cara mais culpável. Se não sequestrou a Maddie com certeza é culpado de outros crimes hediondos». Pela parte que me toca, tive de concluir que os argumentistas do casal andam a perder qualidades.
De volta à política caseira, continua a saga do encerramento do país pelo (agora ex) ministro da saúde. Neste particular, foi curiosa a reacção do nosso Primeiro, ainda antes de ser conhecida a causa clínica da morte do bebé da Anadia, indignado com o que chamou um aproveitamento mesquinho e oportunista do caso, em declarações de cavo fundo humanista.
Vá lá saber-se porquê, ao vê-lo esganiçar tanto a voz, veio-me à cabeça o fácies daqueles condutores que, culpados de um acidente, saltam das viaturas aos berros e de peito aberto ao mundo. (No caso posterior, protagonizado pelo INEM e por duas cooperações de bombeiros, o acidente já tinha acontecido; a dificuldade parecia estar em que alguém se fizesse à estrada.)
Uma pessoa distrai-se e, num ápice, correm a pontapé com uma vintena de ilegais, aos quais de nada serviu terem encalhado na Culatra, ilha onde são todos emigrantes, já foram ou pelo menos o pai. A medida de repatriamento portuguesa não passou, porém, de uma operação singela quando comparada com a enérgétique proposta de Nicolas Sarkozy, essa sim, capaz de pôr em sentido todos os chicos-espertos demasiado tisnados: mostrem lá o ADN e provem que têm familiares em França (e pergunto eu: será que os neocolonialistas do petróleo têm avós enterrados nos poços?).
O ADN não é tudo. Em Agosto passado, em Argenteuil, o presidente da câmara (também do UMP) já fora assaz criativo: nada de varrer misérias para debaixo da carpete. Assim, mandou pulverizar os locais onde se reuniam os sem-abrigo da cidade com um desinfectante nauseabundo e só interrompeu a medida porque os trabalhadores camarários se recusaram ao serviço e houve quem tivesse o bom senso de recordar outras limpezas.
A propósito de tisnados. Não pude deixar de reparar nos traços tão pouco arianos do novo suspeito encontrado pelos McCann, o que levou o Senhor Comentador a comentar, com claríssima clarividência, que «se esse homem é inocente, eu sou a Cicciolina. Não pode ter uma cara mais culpável. Se não sequestrou a Maddie com certeza é culpado de outros crimes hediondos». Pela parte que me toca, tive de concluir que os argumentistas do casal andam a perder qualidades.
De volta à política caseira, continua a saga do encerramento do país pelo (agora ex) ministro da saúde. Neste particular, foi curiosa a reacção do nosso Primeiro, ainda antes de ser conhecida a causa clínica da morte do bebé da Anadia, indignado com o que chamou um aproveitamento mesquinho e oportunista do caso, em declarações de cavo fundo humanista.
Vá lá saber-se porquê, ao vê-lo esganiçar tanto a voz, veio-me à cabeça o fácies daqueles condutores que, culpados de um acidente, saltam das viaturas aos berros e de peito aberto ao mundo. (No caso posterior, protagonizado pelo INEM e por duas cooperações de bombeiros, o acidente já tinha acontecido; a dificuldade parecia estar em que alguém se fizesse à estrada.)
[PRIMEIRO ACRESCENTO: os aviões, esses, terão mesmo cruzado o céu azul de Lisboa...]
Mais coisas. Recente foi a prescrição de um dos 23 crimes de que foi acusada Fátima Felgueiras, facto que li em resumo apropriamente titulado «Começaram os Milagres de Fátima». Faltam 22.
Quanto ao julgamento Casa Pia, a coisa continua a correr... com calma, meu, com calma.
E ainda. Assim que me lembre, as declarações do Bastonário da Ordem dos Advogados que já explicou que não é bufo nem polícia. Abra-se mais um inquérito, abra-se! Pim!
O nosso Primeiro, fazendo jus ao apelido, declarou a propósito: “Eu não sei nada sobre o que ele pretendia dizer”, frase cuja profundidade socrática não é preciso ter um curso incompleto de filosofia para perceber. Será Marinho, Sebastião? O país está em suspenso.
Outra notícia, para acabar com a saga nacional. Um inquérito trouxe a público conclusões extraordinárias: os professores são a profissão em que os portugueses mais confiam e os políticos as criaturas que mais apupos lhes merecem. A nível mundial os resultados não diferem muito.
E assim vai o mundo. Sem fitas mas com algumas remodelações [E ISTO É OUTRO ACRESCENTO]
Deprimido com o post? Anime-se. Podia ser bem pior. Podia, por exemplo, acontecer-lhe como ao ex-chanceler social-democrata alemão Helmut Schmidt, 89 anos, fumador, e à sua mulher Loki, 88, fumadora, que tiveram de esperar até tão provecta idade para serem denunciados à polícia por uma organização de vigilância e pressão de não-fumadores .
É por isto que eu digo sempre: antes aldrabão que fascista. E vive la Suisse Libre!
Mais coisas. Recente foi a prescrição de um dos 23 crimes de que foi acusada Fátima Felgueiras, facto que li em resumo apropriamente titulado «Começaram os Milagres de Fátima». Faltam 22.
Quanto ao julgamento Casa Pia, a coisa continua a correr... com calma, meu, com calma.
E ainda. Assim que me lembre, as declarações do Bastonário da Ordem dos Advogados que já explicou que não é bufo nem polícia. Abra-se mais um inquérito, abra-se! Pim!
O nosso Primeiro, fazendo jus ao apelido, declarou a propósito: “Eu não sei nada sobre o que ele pretendia dizer”, frase cuja profundidade socrática não é preciso ter um curso incompleto de filosofia para perceber. Será Marinho, Sebastião? O país está em suspenso.
Outra notícia, para acabar com a saga nacional. Um inquérito trouxe a público conclusões extraordinárias: os professores são a profissão em que os portugueses mais confiam e os políticos as criaturas que mais apupos lhes merecem. A nível mundial os resultados não diferem muito.
E assim vai o mundo. Sem fitas mas com algumas remodelações [E ISTO É OUTRO ACRESCENTO]
Deprimido com o post? Anime-se. Podia ser bem pior. Podia, por exemplo, acontecer-lhe como ao ex-chanceler social-democrata alemão Helmut Schmidt, 89 anos, fumador, e à sua mulher Loki, 88, fumadora, que tiveram de esperar até tão provecta idade para serem denunciados à polícia por uma organização de vigilância e pressão de não-fumadores .
É por isto que eu digo sempre: antes aldrabão que fascista. E vive la Suisse Libre!
14 comentários:
Sim, mas hoje a pedalada foi grande!
Um abraço
É bom o inquérito. É uma expressão democrática. Tal como é o seu resultado, ou seja, o arquivamento.
Passei por um há pouco tempo e, a folha A4, feita em computador, que me enviaram, parece coisa de criança de infantário, em vez de bófia adulto, bem fardado e remunerado.
Tive para devolvê-la ao Cavaco, inqurindo se esse era trabalho de um país moderno, com quadros electrónicos e lojas do cidadão informatizadas, mas desisti.
Ele já me tinha arranjado o inquérito, a partir da exposição que lhe fiz, onde expressamente disse que não era uma reclamação, que concordava 100% com a utilização de métodos ilegais pela polícia, para retirar criminosos das ruas.
Os fins justificam sempre os meios, disse eu, para evitar perdas de tempo. Mas ele, teimoso, mandou abrir o inquérito. E, claro, a polícia arquivou-o.
pudera, com uma "ginga" dessas...
Que venha a música enquanto esperamos pelos posts.
Armando, parece que ficaste sozinho a defender o homem (nem o Sócrates lhe valeu). Terá a burguesia vencido mais uma vez?
E isto não é dar-te música.
Na ilha da Culatra são todos imigrantes ? explique lá isso melhor que eu só tenho a quarta classe tirada à noite.
Chico da ilha, estava por aqui, respondo já.
Isso da quarta-classe tirada à noite não serve de desculpa (e sempre há aquele progama das novas oportunidades).
O que eu disse foi:
ilha onde são todos emigrantes, já foram ou pelo menos o pai
(e até podia acrescentar: em Marrocos, por exemplo)
Que blog pretensioso e pedante... Típico de jornalistas desocupadas e macilentas que preenchem o vazio da sua vida com opiniões bestas
Anónimo, isso do macilento deve ser do tabaco... quantas vezes me digo: ana, tens de parar de fumar, é péssimo para a pele.
Na verdade vivo há 53 anos na Ilha e nunca ouvi dizer que gerações anteriores vieram de Marrocos. Talvez ignorância minha. Mas como você é uma pessoa muito instruída deve ser verdade. Quanto às novas oportunidades tenho aproveitado bem, consegui que me dessem (embora pagando) uma licença para covos e alcatruzes.
Oh Chico da Ilha, leia lá melhor. Onde é que eu disse que a sua família era descendente de marroquinos?
"ilha onde são todos emigrantes, já foram ou pelo menos o pai."
O que eu quero dizer é que na Ilha não existe tradição de imigração. Mas os espanhóis já compraram e continuam a comprara muitas casas na ilha a preços exorbitantes, podemos dizer que estamos a assistir a uma invasão de espanhóis endinheirados.
Muita gente da Culatra, assim como de Olhão, teve de emigrar durante décadas. Para o Brasil, EUA, e nos anos 40 e 50, até para Marrocos... Somos um país de emigrantes. Só isso.
(Nota: muito folgo em ter um leitor da Culatra)
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