A arte é tudo - tudo o resto é nada. Só um livro é capaz de fazer a eternidade de um povo. Leónidas ou Péricles não bastariam para que a velha Grécia ainda vivesse, nova e radiosa, nos nossos espíritos: foi-lhe preciso ter Aristófanes e Ésquilo. Tudo é efémero e oco nas sociedades - sobretudo o que nelas mais nos deslumbra. Podes-me tu dizer quem foram, no tempo de Shakespeare, os grandes banqueiros e as formosas mulheres? Onde estão os sacos de ouro deles e o rolar do seu luxo? Onde estão os olhos claros delas? Onde estão as rosas de York que floriram então? Mas Shakespeare está realmente tão vivo como quando, no estreito tablado do Globe, ele dependurava a lanterna que devia ser a Lua, triste e amorosamente invocada, alumiando o jardim dos Capuletos. Está vivo de uma vida melhor, porque o seu espírito fulge com um sereno e contínuo esplendor, sem que o perturbem mais as humilhantes misérias da carne!
Nada há de mais ruidoso, e que mais vivamente se saracoteie com um brilho de lantejoulas - do que a política. Por toda essa antiga Europa real, se vêem multidões de politiquetes e de politicões enflorados, emplumados, atordoadores, cacarejando infernalmente, de crista alta. Mas concebes tu a possibilidade de daqui a cinquenta anos, quando se estiverem erguendo estátuas a Zola, alguém se lembre dos Ferry, dos Clemenceau, dos Cánovas, dos Brigth? Podes-me tu dizer quem eram os ministros do império em 1856, há apenas trinta anos, quando Gustave Flaubert escrevia «Madame Bovary»? Para o saber precisas desenterrar e esgaravatar com repugnância velhos jornais bolorentos: e achados os nomes nunca verdadeiramente poderás diferenciar o sujeito Baroche do sujeito Troplong: mas de «Madame Bovary» sabes a vida toda, e as paixões e os tédios, e a cadelinha que a seguia, e o vestido que punha quando partia à quinta-feira na «Hirondelle» para ir encontrar Léon a Rouen! Bismarck todo-poderoso, que é chanceler e de ferro, daqui a duzentos anos será, sob a ferrugem que o há-de cobrir, uma dessas figuras de Estado que dormem nos arquivos e que pertencem só à erudição histórica: o papa Leão XIII, tão grande, tão presente, que até as crianças lhe sabem de cor o sorriso fino, não será mais, na longa fila dos papas, que uma vaga tiara com um número; mas duzentos anos passarão, e mil - e o nome, a figura, e a vida de certo homem que não governou a Alemanha nem a Cristandade, estará tão fresca e rebrilhante como hoje na memória grata dos homens.
Eça de Queirós, Prefácio dos Azulejos do Conde de Arnoso
Nada há de mais ruidoso, e que mais vivamente se saracoteie com um brilho de lantejoulas - do que a política. Por toda essa antiga Europa real, se vêem multidões de politiquetes e de politicões enflorados, emplumados, atordoadores, cacarejando infernalmente, de crista alta. Mas concebes tu a possibilidade de daqui a cinquenta anos, quando se estiverem erguendo estátuas a Zola, alguém se lembre dos Ferry, dos Clemenceau, dos Cánovas, dos Brigth? Podes-me tu dizer quem eram os ministros do império em 1856, há apenas trinta anos, quando Gustave Flaubert escrevia «Madame Bovary»? Para o saber precisas desenterrar e esgaravatar com repugnância velhos jornais bolorentos: e achados os nomes nunca verdadeiramente poderás diferenciar o sujeito Baroche do sujeito Troplong: mas de «Madame Bovary» sabes a vida toda, e as paixões e os tédios, e a cadelinha que a seguia, e o vestido que punha quando partia à quinta-feira na «Hirondelle» para ir encontrar Léon a Rouen! Bismarck todo-poderoso, que é chanceler e de ferro, daqui a duzentos anos será, sob a ferrugem que o há-de cobrir, uma dessas figuras de Estado que dormem nos arquivos e que pertencem só à erudição histórica: o papa Leão XIII, tão grande, tão presente, que até as crianças lhe sabem de cor o sorriso fino, não será mais, na longa fila dos papas, que uma vaga tiara com um número; mas duzentos anos passarão, e mil - e o nome, a figura, e a vida de certo homem que não governou a Alemanha nem a Cristandade, estará tão fresca e rebrilhante como hoje na memória grata dos homens.
Eça de Queirós, Prefácio dos Azulejos do Conde de Arnoso
7 comentários:
Lamento desiludir-te Cristina, mas o nosso actual primeiro ministro foi imortalizado por Platão.
Manuel, não sejas desmancha-prazeres!
Dizem os especialistas que isto também consola:
Martha Heller, 22, took out an ad in The Gazette newspaper offering 100 ounces of her breast milk for $200 or the best offer.
Heller said her freezer is overflowing with breast milk she has pumped since August. Her 4-month-old daughter won't drink from a bottle and the supply is piling up.
Heller now donates to the University of Iowa's Mother's Milk Bank, but the 100 ounces of milk she wants to sell were pumped before she went through the screening process for the bank and cannot be donated.
Linda Klein, a lactation consultant at Mercy Medical Center in Cedar Rapids, said breast milk can generally be stored in a freezer for up to six months.
Heller said she researched laws regarding the sale of breast milk and couldn't find any in Iowa.
Don McCormick, a spokesman for the Iowa Department of Public Health, said he was not aware of any laws in Iowa restricting the sale of breast milk, but that state health officials advised against it.
Heller said she hasn't received any legitimate calls about her ad.
"There was one prank caller," she said.
O leite materno, como o sangue, deixaram de ter cotação no mercado por causa da SIDA. Desconheço, contudo, as leis vigentes no estado do Iowa. Não sei se esta informação lhe servirá de algum consolo
Eça, Eça...
Vinha à procura de bolas de Berlim e levo com o Eça...
Toma lá que é literatura!
A vida no campo onde tiramos o leite directamente da vaquinha é consoladora, mas a vida suburbana na classe média não lhe fica atrás:
Like many middle-class, suburban American parents, Shannan and Joey Troiano worried about their son’s behaviour and his bad grades at high school. And like many wayward teenagers, Cory Ryder was grounded for weeks at a time, had a PlayStation confiscated and was banned from watching TV.
Less typically, this 16-year-old was plotting to murder his parents by hiring a hitman, while his mother was organising a sting operation involving a police officer posing as a contract killer.
Police say that Cory offered the undercover officer his stepfather’s new pickup truck as payment for killing his parents. “Two bullets is all it takes,” he is alleged to have said.
But Cory dropped out of school and then, after stealing $45 (£22) from his sister’s piggy bank, had a fight with his mother, which led to him being kicked out of home. He has since told officials that he was upset about being thrown out of the house and that he felt pressured to talk to the man in the hotel.
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