31/08/07

SEM PALAVRAS

Desde o ano passado que na Nicarágua é proibido (e criminalizado) qualquer tipo de aborto. A lei, que foi aprovada para gáudio da Santa Madre Igreja e dos Evangélicos, voltou nestes últimos dias a mostrar a sua verdadeira face quando confrontada com a notícia da gravidez de uma criança de 10 anos, violada por um familiar adulto, entretanto dado como desaparecido. Mesmo se, de repente, a Pastelaria parece ter sido tomada de assalto pelo tema, ser-me-ia impossível não referir o caso. Evita, o nome dado à menina, recorda o sucedido em 2003 com Rosita, de 9, cuja gravidez, resultado de uma violação, terminou com um aborto provocado, facto que incendiou o país, com o então bispo auxiliar de Manágua, Jorge Solórzano, a anunciar, na impossibilidade de fogueiras, que «la Iglesia católica castiga con la "pena de excomunión" no sólo a quienes practicaron el aborto, sino a los padres de la niña, a las enfermeras y a todas las personas que les ayudaron».
Exemplos de bestialidade que nos recordam as sábias palavras de Jean Meslier (1664-1729) registadas no Testamento: «Je voudrais, et ce sera le dernier et le plus ardent de mes souhaits, je voudrais que le dernier des rois fût étranglé avec les boyaux du dernier prêtre». A Nicarágua não é uma monarquia. Quanto ao resto...
Só um acrescento: segundo a Organização Mundial de Saúde, calcula-se em 150 milhões, o número de meninas abusadas anualmente em todo o mundo.

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