Qualquer pessoa com três dedos de testa — sem ser preciso ter lido "A Arte da Guerra" de Sun Tzu, mas preferencialmente tendo lido Tolstoi e alguns clássicos da Antiguidade (e volto a citar essa maravilha chamada "A Retirada dos Dez Mil" de Xenofonte, livro que, além de divertido, até está traduzido entre nós pelo Aquilino Ribeiro...) — percebe que quando se enfrenta um inimigo poderoso, além de tudo o mais convém ser inteligente e matreiro. Já agora, de passagem, acrescento que reduzi-lo à condição de louco psicopata é meio caminho andado para o desastre — o discernimento do inimigo, por muito que nos custe, é para ser levado a sério.
O recente ping-pong entre a Rússia e a União Europeia a propósito de fornecimento energético (com a ameaça de suspensão das importações — anunciadas aos sete ventos e com prazos e tudo... — a ser, naturalmente, antecipada por Putin que tem mais a quem vender e, dada a subida dos preços, ainda ganha mais com isso do que antes das sanções...) mostra bem até que ponto o lado ocidental anda a apanhar papéis.
Ao contrário dos que gritam Às armas! Às armas!, não me cheira nada que seja possível "humilhar" militarmente a Rússia, dando aqui razão a Macron que anda, também ele, num virote. Ignorante de matérias ligadas a tanques, bazucas e similares, mas mesmo dando de barato que os ucranianos recebam todas as armas do mundo (e estão a recebê-las à borla?, pergunto...), que futuro se imagina para a Europa com um país como a Rússia excluído e exorcizado? Ou estamos à espera que Putin morra do tal cancro anunciado e que venha de lá uma democracia instanânea tipo farinha Amparo?
A alternativa seria uma guerra global, também com a China, fora o resto que não é pouco.
Ou seja, a sensação com que se fica é que os países com regimes (mais) democráticos andaram este tempo todo a dormir tranquilamente com os inimigos, um dia acordaram de repente e desataram à estalada a torto e a direito. Tal despertar não tem nada de inteligente, matreiro muito menos, e eficaz então nem se fala. Ainda acordamos, não com os inimigos na cama, mas com os inimigos a ocuparem a casa, incluindo a cozinha e o quintal.
Mas, claro, eu sou só uma senhora que, não percebendo nada de tácticas militares, se limitou a ler o Tolstoi, o Xenofonte e, já agora, a rir à gargalhada na cama com o soldado Švejk.
Dir-se-á. Mas a razão está do nosso lado. Meus amigos, se a razão bastasse para vencer na História, os índios viveriam lá no paraíso deles e não em Reservas encharcados em álcool.
4 comentários:
eu sou só uma senhora que se limitou a [...] na cama com o soldado Švejk
Hmmm... Isto levanta suspeitas!
Luís, honi soit qui mal y pense e desculpe insistir no estrangeiro :)
Se tiver tempo/pachorra, veja o seu messenger.
<(") Ash
Ash, vou espreitar, obrigada.
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