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22/04/12

A pão e água e era pouco

Não há fome que não dê em fartura. Vem o ditado popular a propósito de uns dias me faltar assunto, em outros ser uma avalanche (espero poder continuar a escrever avalanche e não, obrigatoriamente, avalancha). Quando o assunto é isso, pois, fica uma pessoa em apuros para focalizar, verbo que tem vindo paulatinamente a substituir o démodé dissílabo focar e que me faz sempre lembrar alguém a espancar outrem na cabeça com binóculos, resultado talvez de ter consumido BD em excesso durante a juventude.
A semana passada, por exemplo, gostaria de ter falado da medida anti-tabágica anunciada por Paulo Macedo para proteger as crianças do fumo dos progenitores dentro de veículos fechados (nada foi dito, que eu saiba, sobre descapotáveis), medida que, naturalmente, faz o pleno com outra – a de querer encerrar a Maternidade Alfredo da Costa – esta última por razões obscuras (tão obscuras que nem a sagacidade de Marcelo Rebelo de Sousa as conseguiu desvelar).
Ia eu comentar as louváveis prioridades do ministro da Saúde quando tropeço noutro tema (neste caso musical): o hino do Movimento Zero Desperdício, com música de João Gil e letra de Tim, interpretado por cerca de 50 artistas de um largo espectro político (como sói dizer-se).
Começa assim:“Eu não sei o teu nome mas sei que te posso ajudar/Sei que andas a passar fome mesmo andando a trabalhar/ O que eu não aproveito ao almoço e ao jantar/ A ti deve dar jeito/ Temos de nos encontrar”.
Não vou falar da miséria das rimas nem dos pobrezinhos do antes do 25 de Abril (cada família tinha o seu…). Vou limitar-me, educadamente, a citar Mário Cesariny: afinal o que importa não é haver gente com fome// porque assim como assim ainda há muita gente que come.

12/04/12

Já vos terei eu dito alguma vez o quanto gosto da Morgada?

(...)
Fast forward para o presente: Portugal, 2012. A Troika ocupou o país. Aconselhado pelos burocratas da Comissão Europeia e do FMI, o ministro da Saúde fecha hospitais e maternidades. Relatos na imprensa dão conta de gente a morrer com cancro por não conseguir pagar os tratamentos. O povo deixa de ter dinheiro para as urgências. Estar de baixa passa a ser um luxo reservado a doentes ricos. Comer também: criancinhas vão para a escola sem terem jantado, e pequeno-almoço, viste-lo. Mas o Governo está atento à saúde dos menores: vai proibir os paizinhos de fumar no carro, e exigir além disso a colocação de “advertências mais explícitas nas embalagens que mostrem e exemplifiquem as consequências do tabagismo na saúde”, Paulo Macedo dixit. Não sei o que é que este ministro anda a fumar, mas deve ser MUITO fixe.

27/10/08

Quem pode manda e quem manda manda investigar

Se eu bem percebi a história foi mais ou menos assim.
Paulo Macedo era, em 2005, director-geral dos impostos. Estava ele todo feliz a ser director-geral dos impostos e a ganhar 23 mil euros brutos por mês quando apareceu um empata a dizer que ele devia ao fisco. O Macedo, e com razão, ficou todo chateado e foi fazer queixa à PJ: que havia fuga de informação, que aquilo não podia ser, que era o que mais faltava, blá, blá, blá.
Os senhores da PJ foram falar com o Teixeira dos Santos, que é quem mandava (e manda) nas Finanças, e ele também concordou que aquilo não podia ser, que era o que mais faltava, blá, blá, blá. Mandou investigar. Os da PJ puseram-se a investigar. Começaram por investigar os e-mails de 370 funcionários da direcção-geral dos impostos, mas, muito parvos, só liam a parte que aparece no «assunto». Claro está que pelo «assunto» não chegaram a lado nenhum, até porque o tal empata só se fosse um imbecil é que escarrapacharia no «assunto» que queria lixar o Macedo.
O inquérito ia ficar na gaveta mas o Macedo, que é mais esperto a dormir do que eles todos juntos acordados, insistiu num Plano B: que se lesse o «conteúdo» dos e-mails! Nova investigação aprovada e toca a ler até que os olhos lhes doam! Chegados aos 30 mil – não é que lhes doíam mesmo? – foram para casa descansar a vista.
Conclusão: o inquérito seria inconclusivo – o empata deve ter mandado aquilo de uma NetPoint qualquer – e o Macedo regressou entretanto ao BCP onde se supõe que esteja todo feliz a ser administrador.