Confesso não ter opinião — e porque a teria? — sobre o presidente ucraniano. Umas vezes percebo o radicalismo do seu discurso dirigido a A ou a B, outras vezes tenho dificuldade em segui-lo, até por me parecer que nem sempre tanto dedo em riste favorece a causa ucraniana.
Nunca alinhei no seu endeusamento, é um facto, mas isso porque nunca consegui ter gurus — nem mesmo quando era moda tê-los. Aliás, com excepção do Billy Wilder não estou a ver mais ninguém a quem pudesse declarar a minha fidelidade de olhos fechados e ouvidos entupidos.
Duas coisas me encanitam sobremaneira: o apagamento dos pecadilhos da Ucrânia (até os Azov e as perseguições às populações de origem russa conseguiram branquear...) e acima de tudo — mas acima de tudo mesmo — a minha convicção profunda de que esta guerra — e a recusa em cedências e negociações (reafirmada ontem por Zelensksy) — ao contrário do que nos apregoam, vai trazer MENOS e não mais democracia ao mundo.
Dito isto, os insultos na caixa de comentários do artigo de Paula Teixeira da Cruz são muito significativos de um clima do qual a racionalidade se ausentou, para dar lugar a uma emotividade a resvalar para a histeria. Creio que é a isto que se chama propaganda.