O jovem angolano Ondjaki dizia-se conformado mas era contra, o jovem brasileiro Marcelino Freire dizia-se revoltado e era contra.
A conversa enveredou rapidamente para a sexologia.
Marcelino Freire disse que ainda assim preferia um acordo pornográfico, para saber onde metia a língua; Ondjaki disse, parafraseando Pessoa, que a minha pátria é a minha língua numa portuguesa. Um elemento do público indignou-se por terem tirado o trema da minha linguiça (que levava trema no Brasil) e o público, ao rubro, aplaudia ruidosamente.
No meio da galhofa, um português sisudo e bem entradote pediu a palavra. Apresentou-se como fundador da Universidade Lusíada de Lisboa, puxou de uma data de galões que não consegui registar e defendeu inflamado o Acordo, chamando reaccionários e patrioteiros aos seus opositores.
O mesmo público, incluindo os elementos da mesa, aplaudiu ruidosamente.
Eu, que já era contra o Acordo antes, saí de lá ainda mais depois. E confirmei a minha fobia às reuniões de massas. Mesmo as alfabetizadas.