17/06/22

GUERRA NA UCRÂNIA: E DESPERTARAM TODOS DE REPENTE PARA A VIDA?

Qualquer pessoa com três dedos de testa  sem ser preciso ter lido "A Arte da Guerra" de Sun Tzu, mas preferencialmente tendo lido Tolstoi e alguns clássicos da Antiguidade (e volto a citar essa maravilha chamada "A Retirada dos Dez Mil" de Xenofonte, livro que, além de divertido, até está traduzido entre nós pelo Aquilino Ribeiro...)  percebe que quando se enfrenta um inimigo poderoso, além de tudo o mais convém ser inteligente e matreiro. Já agora, de passagem, acrescento que reduzi-lo à condição de louco psicopata é meio caminho andado para o desastre — o discernimento do inimigo, por muito que nos custe, é para ser levado a sério.  

O recente ping-pong entre a Rússia e a União Europeia a propósito de fornecimento energético (com a ameaça de suspensão das importações  anunciadas aos sete ventos e com prazos e tudo...  a ser, naturalmente, antecipada por Putin que tem mais a quem vender e, dada a subida dos preços, ainda ganha mais com isso do que antes das sanções...) mostra bem até que ponto o lado ocidental anda a apanhar papéis. 

Ao contrário dos que gritam Às armas! Às armas!,  não me cheira nada que seja possível "humilhar" militarmente a Rússia, dando aqui razão a Macron que anda, também ele, num virote. Ignorante de matérias ligadas a tanques, bazucas e similares, mas mesmo dando de barato que os ucranianos recebam todas as armas do mundo (e estão a recebê-las à borla?, pergunto...), que futuro se imagina para a Europa com um país como a Rússia excluído e exorcizado? Ou estamos à espera que Putin morra do tal cancro anunciado e que venha de lá uma democracia instanânea tipo farinha Amparo?

A alternativa seria uma guerra global, também com a China, fora o resto que não é pouco. 

Ou seja, a sensação com que se fica é que os países com regimes (mais) democráticos andaram este tempo todo a dormir tranquilamente com os inimigos, um dia acordaram de repente e desataram à estalada a torto e a direito. Tal despertar não tem nada de inteligente, matreiro muito menos, e eficaz então nem se fala. Ainda acordamos, não com os inimigos na cama, mas com os inimigos a ocuparem a casa, incluindo a cozinha e o quintal. 

Mas, claro, eu sou só uma senhora que, não percebendo nada de tácticas militares, se limitou a ler o Tolstoi, o Xenofonte e, já agora, a rir à gargalhada na cama com o soldado Švejk.

Dir-se-á. Mas a razão está do nosso lado. Meus amigos, se a razão bastasse para vencer na História, os índios viveriam lá no paraíso deles e não em Reservas encharcados em álcool. 

 

4 comentários:

Luís Lavoura disse...

eu sou só uma senhora que se limitou a [...] na cama com o soldado Švejk

Hmmm... Isto levanta suspeitas!

Ana Cristina Leonardo disse...

Luís, honi soit qui mal y pense e desculpe insistir no estrangeiro :)

Anónimo disse...

Se tiver tempo/pachorra, veja o seu messenger.

<(") Ash

Ana Cristina Leonardo disse...

Ash, vou espreitar, obrigada.