Se, de acordo com o Génesis, foi Adão quem deu nome a todos as criaturas, de acordo com os estudos clássicos foi Aristóteles o primeiro a classificá-las. Sistematicamente. Teologia e filosofia à parte, já toda a gente viu uma criança a fazer “montinhos” de coisas, reunindo-as homogeneamente pela cor, forma, quantidade, etc. A minha geração, pelo menos, lembrar-se-á decerto dos cartoons publicados durante décadas na imprensa, e que consistiam em dois desenhos só na aparência iguais: o título era “Descubra as Diferenças” (este e outros passatempos foram substituídos a posteriori pelo Sudoku, um quebra-cabeças oriental que também terá contribuído, muito antes de ter entrado em vigor o (des)Acordo Ortográfico, para a decadência das Palavras Cruzadas).
Não estarei longe da verdade se arriscar que “fazer montinhos” parece constituir característica essencial da natureza humana: dos jogos infantis à taxonomia científica, reunir e classificar afiguram-se bons candidatos à segunda mais velha profissão do mundo. Tenho para mim que de todos os conjuntos possíveis compostos por elementos humanos – seres que apreciam/detestam gelatina, seres que diabolizam/aplaudem o Tribunal Constitucional, etc. – os conjuntos mais díspares entre si são os que contêm as pessoas que gostam/não gostam de ilhas. Dentro do conjunto das pessoas que gostam de ilhas, existe o subconjunto das pessoas que gostam de ilhas pequeninas. E, dentro deste, o subconjunto constituído pela personagem criada por D. H. Lawrence. Claro que a conhecida frase de John Donne “Nenhum homem é uma ilha” vem baralhar o raciocínio (qualquer que ele fosse). E agora perdi-me. (Quem nunca se perdeu numa ilha que atire a primeira pedra).
12/09/13
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5 comentários:
Pronto, uma depressão absoluta com água, muita água, à volta, a toda a volta,com tesouros escondidos, também se pode levar alguém especial... Oh, há sempre"A possibilidade de uma ilha."
Mas perdeu-se numa ilha ou duma ilha?
E logo do Farol? Não sabe que aquilo acende e apaga e se arrisca a ser acusada de fogo posto e a levar um banho dos kamoves ?
Se tem atinado com a Deserta tinha-me encontrado sentada na areia a olhar para a maré - que o estaminé mal me lobrigou ao fundo do passadiço entaipou-se que nem um carcanhol.
(Quem nunca se perdeu duma ilha na Ria que se apresse)
Ilhas é bom, mas a minha única experiência, que teve a duração de 15 dias, deixou-me à beira de um ataque de nervos, já nem via o mar, o meu adorado mar. Dez dias, digo eu. Dez.
Mais prazos: a gravidez, por exemplo. Seis meses.
O desGoverno: nem mais um dia, porra!
podes sempre aprofundar a taxonomia insular nesse paraíso ao sol à luz do farol...
http://youtu.be/0C3zgYW_FAM
;)
ó patroa!...
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