Tudo começou, quase que aposto, naquela 2ª-feira,
6 de Fevereiro, em que Passos Coelho nos aconselhou a ser “menos piegas”. Era
2012 e o inesperadamente revelado Santo de Massamá, nórdico e “invulgar”,
praticamente um Caco Antibes como diria Falabella, afinado de voz e alto de
ossatura, governava.
A “tecnicidade” chegara-lhe com Gaspar e o registo vocal
engrossara ao serviço da pátria, adequando-se agora às medidas de austeridade
que saltavam das cartolas ministeriais. O “rapaz bonito” que disputara taco a
taco com Portas a benquerença das peixeiras transformara-se num homem feito,
chefe obstinado a quem começava a cair o cabelo. Os sorrisos rasgados e a
irmandade universal na crise davam lugar à contração dos músculos e a um português
técnico de sintaxe duvidosa.
“Não sejam piegas!” foi o grito do Ipiranga. A direita,
que recua às mocas de Rio Maior e às farmes
coloniais, quando não aos tempos em que o Barreiro era mortal para os
asmáticos (representada agora pelos seus iglantónicos descendentes, moços que, uns
mais garbosos do que outros, na “busca do conhecimento permanente” haviam
descoberto o caminho para a Professor Gomes Teixeira), contextualizou a coisa.
Se bem se lembram, após a pieguice veio a “Nini” a 7 de Setembro, e, já no Natal,
a frase de recorte camoniano, “Muitas
famílias não tiveram na Consoada os pratos que se habituaram”.
Três
marcos arredondados do pensamento do primeiro-ministro, guardados o “desemprego
como oportunidade” e a “emigração como aventura”, o todo alicerçado numa visão
bolchevique do “homem novo”, temerário e visionário, capaz, por exemplo, de
prever que o país se vai encher de pistas de aviação, tal como o Infante de
Sagres soube prever a expansão marítima (cont.)
5 comentários:
Excelente.
O "(cont.)" é uma promessa?
É uma ameaça
:)
É uma ameaça, para alguns.
Para mim será, tenho a certeza, um prazer.
Pronto. Esgotei a minha simpatia para este ano.
:)
Very impressive, thank you for posting!
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