23/10/22

A ARTE OU A VIDA?

Desta vez parece que foi a sério, deram mesmo cabo de um Monet e a comunicação social fez logo questão de acrescentar os milhões em que estava avaliado o quadro.

Ora a questão não é quanto vale, ou valia, em vil metal "Les Meules".
A questão é a falsa dicotomia que estes putos imaginam entre a arte e a vida.

ADENDA: Leio no Guardian que o quadro estava protegido por um vidro.

4 comentários:

joão viegas disse...

Concordo. Noutras palavras : ter imediatamente referido o preço estimativo da obra ainda é a melhor maneira de validar a 100 % o comportamento dos "putos" que fizeram a coisa. Por mim, não sei se valido a 100 %, ou a 50 %, mas não posso deixar de me sentir atingido pelo acto, que sublinha a vaidosa incoerência entre o que sacralizamos e os valores a que afirmamos subscrever. Isto chega para mandar um "Monet" à viola ? Provavelmente não (ainda bem, so se tera perdido o vidro). Mas chega para questionar : porque é que não nos comovemos tanto quando se trata do desaparecimento de uma espécie animal, ou vegetal, ou mesmo duma lingua, coisa que acontece todos os dias... Bolas, la estou eu a validar...

Boas

Miguel disse...

Temo que não estejamos a ver bem o filme. Esta malta jovem está bem informada. O paralelo a fazer é com a geração alemã nascida a seguir à II Guerra Mundial; aqueles cujos pais foram nazis.

Há 50 anos o relatório Meadows ao clube de Roma intitulado "The limits to growth" foi um bestseller planetário. O imbróglio ambiental, industrial, social, sistémico em que estamos metidos foi aí prescientemente antecipado. O que é que fizémos desde então para precaver os problemas que já conhecemos há meio século? Zero. Os nossos filhos e netos vão perguntar-nos: então vocês não sabiam? não é possível.
A ECO-92 (cimeira do Rio) foi há 30 anos, o que fizeram desde então? Zero.

Como é possível os reformados dos países desenvolvidos andarem a passear, ano sim ano não, em excursões globo fora, sabendo o estado do ambiente, o problema das emissões e enquanto os seus netos com estudos superiores não têm salários dignos, não conseguem alugar uma casa nas cidades onde trabalham (quando arranjam emprego) e formar família?

Isto é muito grave. As classes possidentes conehecem esta situação e vão aproveitá-la ao máximo para dividir-nos geracionalmente também.

Em conclusão, o filme não é sobre a sopa nos quadros.

Luís Lavoura disse...

a falsa dicotomia que estes putos imaginam

Não são putos. São pessoas adultas quem faz isto.

Vi a cena na televisão. Aquilo era um teatro: os vândalos fizeram o que fizeram sem que ninguém os tentasse impedir de o fazer, e no fim posaram em frente da sua "obra" para serem filmados. Parecia tudo combinado, com câmaras prontas a filmar os vândalos. Aparentemente, as autoridades no mínimo não têm coragem para atuar mas, mais provavelmente, até estão coniventes com os vândalos.

Estevão disse...

Há sempre os vanguardistas que equipam as suas obras com mecanismos de autodestruição
https://youtu.be/ZGRGmLJ_pGk