EUSÉBIO E A ILUSÃO DOS NOSSOS EXCESSOS (1)
Este número da Sábado é dedicado a Eusébio e muitas outras iniciativas por estes dias homenageiam a figura do jogador. Direi
apenas que o louvor e a memória são mais que justificáveis por um homem
que foi um grande jogador de futebol, que soube, pela combinação da sua
capacidade como jogador e pelo seu “trato”, tornar-se um herói popular
dos anos sessenta para a frente. Todas as dificuldades lhe foram postas à
frente, do racismo à pequenez nacional que o transformou numa espécie
de fetiche de um clube que o passeava como a águia Vitória. Mas o homem
era bom, tinha uma memória muito viva do que era a miséria de onde tinha
vindo, gostava de companhia e como aqueles velhos boxeurs dos filmes
americanos, dava-se bem no ambiente dos ringues, onde antes fora o
primeiro combatente e agora estava lá sentado num banco a ver.
Havia uma tristeza em tudo aquilo, mas admito que seja nos nossos olhos e
não nos dele. Estamos para Eusébio como os argentinos estavam para
Maradona, e não é por acaso que escolhi Maradona e não outro jogador
argentino menos controverso e mais “limpo”. É que em ambos, há essa
fragilidade humana que os torna ainda mais “nossos” por boas e más
razões. Que tenha boa memória e terra leve.
EUSÉBIO E A ILUSÃO DOS NOSSOS EXCESSOS (2)
Mas uma coisa é homenagear Eusébio, outra essa histeria colectiva
patrocinada pelos órgãos de comunicação social, que durante vários dias
reduz o mundo todo a uma espécie de comoção nacional generalizada,
dramatizada até aos limites, envolvendo tudo e todos num happening de
dor encenada, porque a real passa-se sempre fora dos ecrãs. Há algo de
pouco sadio em todos estes excessos, algo do mal português que
facilmente se identifica como a consciência envergonhada da fraqueza
transformada em vanglória. Há uma mistura de nacionalismo, de vontade
que os outros nos respeitem, apesar de não nos respeitarem, uma vontade
de ser alguma coisa no mundo, que efectivamente não somos, e que nunca
seremos se nos ficarmos apenas pelas “glórias” do futebol, seja Eusébio,
seja Cristiano Ronaldo.
Houve quem propusesse que Eusébio
fosse enterrado no Panteão, ao lado das glórias da pátria. Da maneira
que as coisas estão, é-me bastante indiferente. Mas com este tipo de
critérios, nascido da histeria destes dias e da nossa confusão
colectiva, a prazo iremos ter o Panteão só com jogadores de futebol, e
isso sim é um retrato do país muito preocupante, mas se calhar realista.
09/01/14
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4 comentários:
Como sempre, muito bom.
Pois, é bom, etc..
Mas o Eusébio é , foi, o ultimo escravo do nosso colonial- fascismo que o deslocou, comprou, prendeu, FARDOU ( quando os seus companheiros já andavam na guerrilha) usou, explorou e abandonou até que um branquelas viu o furo da MARCA, etc.. Caranba, é assim tão difícil de entender? O Eusébio passou as passas do algarve antes do 25 de Abril e no 25 de Abril não teve direito a ser descolonizado. Caramba! Nem depois, nem quando morreu. Caramba. Ele merece o Panteão para nossa vergonha pública pelo colonialismo.
Estou-me cagando para o futebol.
Mas já que falo em futebol, aqui declaro que, para mim, a inteligência não é só apanágio do Quadrivium e do trivium . Há várias espécies de inteligência. Não vejo por que motivo não pode um praticante de desporto ser tão ou mais inteligente que um poeta, um músico, um engenheiro . Tretas, Coisas do seculo XIX.
Aqui as tem todas:
LEIS FUNDAMENTAIS DA ESTUPIDEZ HUMANA (+)
PRIMEIRA LEI FUNDAMENTAL
da estupidez humana:
«Cada um de nós subestima,
sempre e inevitavelmente,
o número de indivíduos estúpidos
em circulação»
SEGUNDA LEI FUNDAMENTAL
da estupidez humana:
«A probabilidade de uma certa pessoa ser estúpida
é independente de qualquer outra característica dessa mesma pessoa.»
TERCEIRA LEI FUNDAMENTAL
(a regra de ouro)
«Uma pessoa estúpida é aquela que causa um dano a outra pessoa ou grupo de pessoas, sem que disso resulte alguma vantagem para si, ou podendo até vir a sofrer um prejuízo.»
QUARTA LEI FUNDAMENTAL
da estupidez humana
«As pessoas não estúpidas desvalorizam sempre o potencial nocivo das pessoas estúpidas. Em particular, os não estúpidos esquecem-se constantemente que, em qualquer momento, lugar e situação, tratar e/ou associar-se com indivíduos estúpidos revela-se infalivelmente um erro que se paga muito caro.»
QUINTA LEI FUNDAMENTAL
da estupidez humana
«A pessoa estúpida é o tipo de pessoa mais perigosa que existe.»
O corolário da lei é que: «O estúpido é mais perigoso do que o bandido.»
(Carlo Cipolla, excertos ad hoc de « As leis fundamentais da estupidez humana» )
(*) Carlo Cipolla, «Allegro ma non troppo» - [ O livro contém dois ensaios , «As leis fundamentais da estupidez humana» e «O papel das especiarias (e em particular da pimenta) no desenvolvimento económico da Idade Média»]
Da Introdução do livro (…) « O que é difícil de definir e o que nem todos percebem e apreciam é o cómico. E o humorismo, que consiste na capacidade de entender, apreciar e exprimir o cómico, é uma qualidade bastante rara entre os seres humanos. (…)
Não era razoável colocar tudo isto no face (no seu, que no meu consegui mas sou a DONA dizem eles.
Alguns políticos, invejosos...apercebem-se que Eusébio- nunca foi afectado pelo poder, sem indícios de corrupção, que eles sempre procuraram... Foi explorado (pelos políticos)quando eles o exibiram para angariar votos e ascender ao poder em seu próprio benefício. Eusébio, genuino, explorado pela sociedade, cativou os portugueses que o viram com imagem que ele sempre nos apresentou. Não sejam invejosos... políticos. Já estragaram o país deixem o povo sonhar com os seus heróis. Vocês são desilusão
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