Papandreou limpa as mãos/ a democracia quando nasce devia ser para todos/ "a profecia é um género muito difícil, sobretudo quando aplicado ao futuro"*
A corda foi sendo esticada e o resultado está à vista. Uns senhores em pânico e a situação na Grécia cada vez mais feia. Apesar de tudo, confesso que gosto de os ver à rasca.
*citação roubada a Mark Twain
Na imagem, Manolis Glezos, resistente grego da II Guerra Mundial, sofre uma carga da polícia. Daqui
Prognósticos só no fim do jogo, como dizia o filósofo português João Pinto no Séc.XX... * O Papadreu não é burro nenhum. Esticado entre os cretinos europeus a tentar safar os seus bancos das asneiras que cometeram, e os cretinos da rua que incendeiam empregados bancários para tentar não se sabe bem o quê, estava no pior dos mundos para governar. Se o referendo decidir pelo não, vai-se embora e livra-se dos primeiros. Se o referendo decidir pelo sim, continua a governar e livra-se dos segundos. Ganha, qualquer que seja a decisão do povo grego. Agora, os cretinos Europeus estão à rasca, porque os seus bancos podem vir a experimentar uma solução liberal autêntica: quem concede crédito de risco, pode vir a ganhar, mas corre o risco de o perder, e os seus contribuintes, exercitados a não querer gastar o seu dinheirinho para pagar os desvarios dos PIGS, também vão torcer o nariz a pagar os desvarios dos banqueiros. E os da rua, pelo que vi nalgumas entrevistas avulso, também, porque se queixam de o referendo transferir a responsabilidade da resolução da crise para o povo grego, como se houvesse mais alguém que a resolvesse por ele enquanto ele anda na rua. Este referendo tem, pelo menos, a virtude de mostrar quem acredita mesmo na democracia e está disposto a ser consequente com ela, e quem apenas gosta de a vestir porque fica bem mas, no fundo, acha a roupa incómoda... Como a crise já mostrou antes quem é liberal, e deixa os agentes assumirem riscos e, em caso de a coisa correr mal, perderem, e quem é intervencionista e os deixa correr "riscos" mas, se a coisa correr mal, lhes corre a dar a mão. Cá em Portugal, os primeiros (caso BPP) sairam-nos de graça mas os segundos, (caso BPN) havemos de os pagar a prestações por muitos e longos anos...
* Se temos material nacional do bom, porque carga de água havemos de ir buscar "lá fora"?
Ana, Não gaste munições comigo, que considero que esse assunto não devia sequer ser tema de referendo, porque não concedo a nenhuma maioria legitimidade para decidir o que cada um de nós faz ou não faz nesse domínio. Não tolero que me reprove, nem admito que me aprove. Mas vá guardando um argumentário, porque pode vir a ser útil. É que, para além da distância de 8 anos, o segundo referendos tem a característica de ter sido convocado pelo próximo governo "de esquerda" (não diga aos seus amigos do "Vias" que eu disse que era de esquerda...) depois do primeiro. E a direita pode-se lembrar da alternância, também neste domínio... (Se quiser apagar a nossa conversa sobre isto eu não levo a mal como censura, interpreto como prudência compreensível. Sabe-se lá se andam por aqui as brigadas?)
Ana, Só para esclarecer, quem eu não tolero que me reprove, nem admito que me aprove, é "nenhuma maioria"... espero que tenha lido assim, mas não tenho a certeza?
Eu senti necessidade de esclarecer porque eu, que passo a vida a chatear as pessoas que me aturam, dizendo que o Português pode ser usado com a precisão da Matemática, percebi, à posteriori, que, tanto o meu comentário, como a sua resposta, podiam ter sido escritos com este entendimento, como com o entendimento alternativo, que eu não lhe tolerava nem lhe admitia a si... E consideraria embaraçoso um mal entendido como o que poderia ter havido. Coisas do Português que, neste caso, decorrem de um dos dois erros de gramática mais comuns em Portugal: dirigir-se ao interlocutor na terceira pessoa do singular; e dirigir-se aos interlocutores na terceira pessoa do plural (excepto no Minho, onde pessoas a partir de certa idade usam correctamente a segunda pessoa do plural).
10 comentários:
Bom dia, Ana
Prognósticos só no fim do jogo, como dizia o filósofo português João Pinto no Séc.XX... *
O Papadreu não é burro nenhum.
Esticado entre os cretinos europeus a tentar safar os seus bancos das asneiras que cometeram, e os cretinos da rua que incendeiam empregados bancários para tentar não se sabe bem o quê, estava no pior dos mundos para governar.
Se o referendo decidir pelo não, vai-se embora e livra-se dos primeiros.
Se o referendo decidir pelo sim, continua a governar e livra-se dos segundos.
Ganha, qualquer que seja a decisão do povo grego.
Agora, os cretinos Europeus estão à rasca, porque os seus bancos podem vir a experimentar uma solução liberal autêntica: quem concede crédito de risco, pode vir a ganhar, mas corre o risco de o perder, e os seus contribuintes, exercitados a não querer gastar o seu dinheirinho para pagar os desvarios dos PIGS, também vão torcer o nariz a pagar os desvarios dos banqueiros.
E os da rua, pelo que vi nalgumas entrevistas avulso, também, porque se queixam de o referendo transferir a responsabilidade da resolução da crise para o povo grego, como se houvesse mais alguém que a resolvesse por ele enquanto ele anda na rua.
Este referendo tem, pelo menos, a virtude de mostrar quem acredita mesmo na democracia e está disposto a ser consequente com ela, e quem apenas gosta de a vestir porque fica bem mas, no fundo, acha a roupa incómoda...
Como a crise já mostrou antes quem é liberal, e deixa os agentes assumirem riscos e, em caso de a coisa correr mal, perderem, e quem é intervencionista e os deixa correr "riscos" mas, se a coisa correr mal, lhes corre a dar a mão. Cá em Portugal, os primeiros (caso BPP) sairam-nos de graça mas os segundos, (caso BPN) havemos de os pagar a prestações por muitos e longos anos...
* Se temos material nacional do bom, porque carga de água havemos de ir buscar "lá fora"?
Ana, vê o que escreve sobre isto um gajo chamado Correia Pinto no blog Politeia.
Manuel, democratas, democratas, há poucos. O outro referendo tb. o repetiram até os resultados serem os que se pretendiam, lembra-se?
Luís, sigo regularmente o Correia Pinto. Gosto da clareza das suas posições. Sem gorduras...
-:)
Ana, não diga isso muitas vezes, nem muito alto.
É que cá também se repetiu um, e quem não gostou diz a mesma coisa...
Sim, Manuel, mas não esquecer que o primeiro foi em 1998 e o outro em 2007. Assim como assim, há alguma diferença...
Ana,
Não gaste munições comigo, que considero que esse assunto não devia sequer ser tema de referendo, porque não concedo a nenhuma maioria legitimidade para decidir o que cada um de nós faz ou não faz nesse domínio. Não tolero que me reprove, nem admito que me aprove.
Mas vá guardando um argumentário, porque pode vir a ser útil. É que, para além da distância de 8 anos, o segundo referendos tem a característica de ter sido convocado pelo próximo governo "de esquerda" (não diga aos seus amigos do "Vias" que eu disse que era de esquerda...) depois do primeiro. E a direita pode-se lembrar da alternância, também neste domínio...
(Se quiser apagar a nossa conversa sobre isto eu não levo a mal como censura, interpreto como prudência compreensível. Sabe-se lá se andam por aqui as brigadas?)
Manuel,
Não tolero que me reprove, nem admito que me aprove.
Somos dois.
abe-se lá se andam por aqui as brigadas?
Onde estão? Onde estão?
Ana,
Só para esclarecer, quem eu não tolero que me reprove, nem admito que me aprove, é "nenhuma maioria"... espero que tenha lido assim, mas não tenho a certeza?
claro que li assim...
Eu senti necessidade de esclarecer porque eu, que passo a vida a chatear as pessoas que me aturam, dizendo que o Português pode ser usado com a precisão da Matemática, percebi, à posteriori, que, tanto o meu comentário, como a sua resposta, podiam ter sido escritos com este entendimento, como com o entendimento alternativo, que eu não lhe tolerava nem lhe admitia a si...
E consideraria embaraçoso um mal entendido como o que poderia ter havido.
Coisas do Português que, neste caso, decorrem de um dos dois erros de gramática mais comuns em Portugal: dirigir-se ao interlocutor na terceira pessoa do singular; e dirigir-se aos interlocutores na terceira pessoa do plural (excepto no Minho, onde pessoas a partir de certa idade usam correctamente a segunda pessoa do plural).
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