24/01/25

MEDITAÇÃO DE SEXTA: «Tempo de Chuva»

 «(...) Assim: bem podem os bem-intencionados (vamos ser generosos e esquecer os mal-intencionados…) bradar aos céus pelos factos. Bem podem os mesmos arrumar qualquer teoria menos consensual na categoria das teorias da conspiração (relembro a canonização da indústria farmacêutica aquando da pandemia de covid-19: de repente, ninguém tinha lido "O Fiel Jardineiro", John le Carré decerto um amalucado anticiência, qualquer dúvida, por mais sensata, arrumada na categoria dos devaneios delirantes…); bem podem os mesmos fazer campanhas contra as “percepções” e clamar (o que depois das “impressões anteriores” da alma de Plotino, nascido no início do ano 200, parece um pouco anacrónico…) pela cientificidade das convicções humanas; bem podem hastear a bandeira da Razão das Luzes (80 anos depois de Auschwitz é obra!); bem podem varrer para debaixo do tapete as verdades inconvenientes (cf. o ódio do povo russo a Putin que, desde o começo da invasão da Ucrânia, todos os dias corre o risco de ser atirado da varanda…), esquecendo a sagacidade de Aleixo: “P’ra mentira ser segura/ e atingir profundidade,/ tem que trazer à mistura/ qualquer coisa de verdade” ou o conselho sábio de Mark Twain: “Em caso de dúvida, diga a verdade”; bem podem distinguir a censura boa da má, sendo a boa a que se aplica aos “deploráveis”, o facto — e já que se fala de factos — é que de bem-intencionados está o inferno cheio.

Os ventos não correm de feição. E temo que após o episódio da tomada de posse não fiquemos menos confusos, parafraseando a célebre frase, “Confused? You won't be, after this week's episode of ... Soap" — não é alta cultura, é de uma sitcom. (...)»

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