15/02/23

FALAR CLARO

1. Se eu fosse a favor da pena de morte — que não sou! — decerto que a aplicaria, e sem pestanejar, a violadores de crianças.

2. Sendo ou não uma predisposição genética — e estou convencida que em muitos casos nem isso: apenas um exercício perverso de poder — os violadores, com raríssimas excepções, sabem perfeitamente distinguir o Bem do Mal e portanto estão conscientes da criminalidade dos seus actos.
3. No caso da Igreja católica, é particularmente repugnante, sobretudo e depois de tudo o que já está documentado há várias décadas, que se venha invocar o celibato e o segredo da confissão. O celibato não implica que se busque consolo sexual em crianças e através da confissão, se bem percebo o mecanismo, alcança-se o perdão divino (de que os padres parecem ter o segredo — isso seria outra conversa...), mas esse perdão implica penitência: e qual terá sido a penitência prescrita para um crime destes nos confessionários? Três pais-nossos? Um cilício preso nos genitais?
4. Nada do que diz o relatório é surpresa. Veio traduzir em números (os possíveis) uma realidade de que uns suspeitavam, outros fechavam-lhe os olhos e outros tinham a certeza de existir.
Poderá eventualmente ser um alívio para as vítimas (tenho dúvidas), mas ainda não vi nenhum católico perguntar-se com frontalidade sobre o porquê da dimensão dessa prática numa instituição — e aí é que está o busílis — que se arroga o direito de falar em nome de Deus.
5. Quanto à Justiça humana (a única que deveria ser acessível a todos), essa resta por fazer. Na maioria dos casos não será feita sequer. Uns morreram, outros estão safos pelo tempo que entretanto passou e há ainda as vítimas que não conseguem falar.
E larguem o Afonso Costa que já se foi e não violava crianças.

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