A corda per si só se desfizera;
E, se isto deste modo acontecera,
Quem da prisão eterna me livrara?
Se amor, com vos prender, não me soltara,
Em cárcere infernal sempre estivera;
E, se do Ceo esse amor vos não decera,
Quem do Inferno ao Ceo me levantara?
Por demais forãm gemidos nem oferta,
Se amor vos não tivera tão atado,
E cuidam cegos que a corda vos aperta!
E vos de amor estais tam apertado,
Que só ele se acende e se desperta
Mais que algoz contra vos, por meu pecado.
LUÍS DE CAMÕES
Fonte:
Cancioneiro recopilado por Manuel de Faria. – Dedicado ao Conde de Haro em 1666, ms., f. 36. Transcrição segundo Cleonice Berardinelli, 1980. p. 457.
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