24/07/22

AINDA A CRISE DOS CEREAIS

Quem tenha lido o que veio a público sobre o(s) Acordo(s) para libertar os cereais retidos em resultado da guerra na Ucrânia terá reparado que a assinatura dos mesmos (um pela Ucrânia e outro pela Rússia), além de garantir o escoamento dos cereais ucranianos, também implica o levantamento das sanções impostas ao escoamento dos cereais russos (essa foi, aliás, uma das condições impostas pela Rússia).

Assim sendo, esperemos que os signatários usem um módico de inteligência e o(s) Acordo(s) se cumpra(m). Em nome de todos os desgraçados preocupados com a fome e menos com a temperatura do ar condicionado. 

É que às vezes não parece, mas o mundo é grande. 

2 comentários:

Anónimo disse...

É assim. Com pouco diz-se muito!

Luís Lavoura disse...

Pois, mas a União Europeia argumenta que as suas sanções à Rússia nada têm a ver com o comércio de cereais e de fertilizantes, nem o impedem ou proíbem, e que portanto nada pode fazer. E tecnicamente a União Europeia terá parcialmente razão - ela de facto não impede qualquer país africano de comprar cereais à Rússia.
O problema é, creio, técnico - o país africano não está proibido de comprar cereais à Rússia mas, por causa das sanções, pode ter muita dificuldade técnica em fazê-lo - em arranjar um navio que transporte os cereais, em arranjar uma companhia seguradora que assegure o pagamento, em fazer a transferência bancária dos dólares necessários para pagar os cereais.
Portanto, o facto é que provavelmente a Rússia somente poderá vender os seus cereais se as sanções acabarem na sua totalidade.
Que é aquilo que de facto seria desejável - que as sanções, à Rússia e a todos os outros países do mundo, terminassem.