Stress
Não quero
chocar ninguém. O caso é que há momentos na vida de um cronista em que um
cronista daria tudo para poder plagiar uma coisinha qualquer e pronto: estava
feito! «Mundo, mundo, vasto mundo, se eu me chamasse Raimundo seria uma rima,
não seria uma solução.» Drummond, isso
sei eu. Em verdade, porém, vos digo: anda por aí demasiada informação. Demasiada.
De desmaiar. Razão tinha José Sócrates quando disse: “O mundo mudou muito nas
últimas três semanas” (dou a mão à palmatória). Agora imagine-se isto – o mundo
a mudar – mas semanalmente. A acelerar feito cavalo louco, “a galopar, a
galopar”, como no poema do Rafael Alberti.
Impossível processar tudo.
Impossível! Prova: mal refeitos ainda da morte de Eusébio e do candente
problema do Panteão cadente, sem esquecer a pergunta que nos provocou a todos uma
carrada de nervos: onde é que você estava no dia 23 de Julho de
1966?, suspende-se de novo o país na bola do Ronaldo. E quando nos
recompúnhamos da bola e do “bocadinho de Ronaldo dentro de nós” (valha-nos
Deus!), eis que salta uma inusitada vara de leitões para os lados da Mealhada. Com
todas as esperanças já postas na Mealhada, veio finalmente a saber-se que tudo
afinal se resumira a uma dose de leitão cobrada a mais por engano, anti-climax tipicamente
português (Agarrem-me se não eu mato-o! ou, na versão camiliana, Maria! Não me
mates, que sou tua mãe). Siga outro assunto.
Servirá de assunto o grupo
parlamentar do PSD variar entre “co-adoção”/“adopção” e querer um referendo à
força? Passo a transcrever a prosa, trimbada e tudo, mas aviso já que, embora
tendo cumprido os 12 anos de escolaridade obrigatória que os mesmos (ou
similares) que comeram leitões na Mealhada propunham ver reduzidos a nove (isto
cada um é para o que nasce...), posso não ter alcançado o português da coisa, ortografia
incluída.
Cito: “Projeto de Resolução Nº 857/XII Propõe a realização de um referendo sobre a
possibilidade de co-adoção pelo cônjugue ou unido de facto do mesmo sexo e
sobre a possibilidade de adopção por casais do mesmo sexo, casados ou unidos de
facto.” Pelas vossas alminhas!
Redacção à parte, sobre esta mania de referendar certos
temas gostaria de invocar Albert Camus, autor morto bastante mais recomendável
do que muitos vivaços que por aí andam: “A democracia não é a lei da maioria,
mas a protecção da minoria”. Fica para trabalhos de casa.
Sem comentários:
Enviar um comentário