Tentamos contrariar
C.P. Snow mas as duas culturas persistem. O mesmo não é ser engenheiro pelo
Técnico e politólogo pela Lusófona. That’s
a fact. E se resolver equações diferenciais não será a característica mais sexy que se pode encontrar num homem, convenhamos
que ouvir palestrar sobre “Reformar o Estado: uma prioridade nacional” se
mostra um perigoso convite à apneia do sono.
Fora mais dado à ciência o país, e
o Estado não teria apoiado uma empresa cujos painéis solares, garantia a dita,
funcionavam com céu nublado, chuva e
até “na noite muito escura”. Tal como também não alinharia num Programa
Nacional de Barragens cuja única finalidade é rentabilizar o negócio das
“ventoinhas” ciclópicas que enchem a paisagem – a custo zero para as empresas que
nos venderão depois energia a preços Haute Couture.
O exemplo mais recente da diferença
entre as duas culturas chegou-me, porém, pela mão de Ferreira Fernandes, alguém
que não sendo formado em Astrofísica fez a única leitura científica do badalado
diálogo Mário Crespo/Zita Seabra sobre espionagem via ar condicionado e outros
devaneios próprios de Henri de Lagardère.
Enquanto a maioria dos comentadores
se ficou pela gargalhada e pela jocosidade, e a PGR declarou, com a gravitas habitual, ir “exercer as suas
competências, caso exista fundamento legal”, o jornalista escalpelizou os
factos com a argúcia de um homem de ciência: “Aparelhos de escuta usam-se em
floreiras, relógios, botões, lamparinas e o agente Olho Vivo até num sapato.
Tudo objectos silenciosos. Em ar condicionado?”
Na ausência de espírito positivo,
rezar a novena “A Stº António Para Achar Coisas Perdidas” talvez seja uma solução no
caso dos submarinos. Como diria Pascal, mal não faz.
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