Se José Luís Arnaut tem razão, e falta à Grécia aquela qualidade “natural” que podemos admirar no faisão e na perdiz da célebre natureza morta de Renoir, ou mesmo em qualquer nação gerada por Deus na véspera do shabat, o que dizer do “paraíso artificial” que é indiscutivelmente este coiso, perdão, este
jardim à beira-mar plantado cantado por Tomás Ribeiro?
Porque se é vero que, desaparecidos os loiros e as acácias olorosas, a noite de estrelas rutilante apenas ilumina autoestradas, tendo as torrentes alterosas dado lugar a barragens de um glorioso amarelo, nem por isso as aves gorjeiam menos noite e dia. Aves raras.
Tivesse Baudelaire conhecido o Portugal de hoje, e ao ópio, ao vinho e ao haxixe decerto acrescentaria a classe dirigente lusa, a qual, sem recurso conhecido a psicotrópicos, bombardeia o país com doses maciças de gás hilariante.
É assim que temos um ex-espião que descobre a sua queda para o coiso consumindo “O Santo” na infância, a que acresce, já na idade adulta, o modo pouco smart como deixa que o DIAP lhe game o smartphone, facto que nos permite suspeitar que em algum momento da vida terá telefonado ao pai, bradando, à maneira de Loureiro, “pai, já sou espião!”
Segue-se um ministro que, intérprete de uma versão série B do “J. Edgar” de Eastwood, ameaça uma jornalista de publicar na Internet pormenores da sua vida privada, desconhecendo, porventura, que na era do facebook a vida privada já não é como soía.
Para apimentar o plot, veio o mesmo negar as acusações pedindo porém desculpa pelo coiso, o que nos leva aquela frase avisada de Groucho: “Ele pode parecer um idiota e agir até como um idiota, mas não se deixe enganar: ele é mesmo um idiota!"
E bote plurais nisso.
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