12/11/11

Ainda sobre o facto de o Messias ter aparecido no "Avante"...

Embora a contragosto, devo confessar: enganei-me! As notícias vindas a público acerca do facto de o camarada Jorge Messias, cronista do PCP, não gostar de judeus são manifestamente exageradas, como bem explicou, aliás, Jerónimo de Sousa: “Nós gostamos de toda a gente, excepto do Drº Mário Soares” (citação apócrifa).
Tudo começou quando Messias resolveu rivalizar, nas páginas do “Avante”, com Dan Brown e José Rodrigues dos Santos.
“A rede conspirativa que se vai instalando na terra tem claramente origem em formações capitalistas proclamadamente religiosas. Basta olhar-se para o esquema organizativo que vai chegando ao conhecimento público para nele se reconhecer a mãozinha sinuosa dos jesuítas e dos illuminati maçónicos”, escreveu logo a abrir.
No intuito de corroborar a sua tese, o cronista ignorou As 7 Profecias Maias, As Profecias de Nostradamus, o Manual Prático do Vampirismo (Paulo Coelho), ou mesmo The Threat Revealing the Secret Alien Agenda, do conceituado especialista em raptos alienígenas David Michael Jacobs, preferindo fundamentar-se no Protocolos dos Sábios de Sião.
Os judeus — que, desde que lhes aconteceu o que lhes aconteceu, se tornaram, vá lá saber-se porquê, sensíveis a certos temas — resolveram vir lembrar duas coisas.
Uma delas, sabida pelo menos desde 1921 (Jorge Messias ainda não teria nascido…), é que os Protocolos… são uma refinada treta, criação da polícia secreta do Czar Nicolau II para liquidar certos problemas internos; uma espécie de “arma de destruição maciça” avant la lettre.
A segunda é que, enquanto “arma de destruição maciça” a coisa resultou muito bem, com Hitler a citá-los no Mein Kampf e a usá-los como (mais um) pretexto para a “Solução Final”.
Assim sendo, termino apenas com um conselho a Jorge Messias: a próxima vez que quiser explicar o estado do mundo aos leitores do “Avante”, é preferível ficar-se pelo conceito de “luta de classes”.
Será um conceito problemático, mas Marx (outro judeu, caraças!) já não está entre nós para lhe dar chatices.

Sem comentários: