02/10/11

O tipo escondeu a dívida, é populista, autoritário, mas, porra, é uma grande personagem!

Os excertos deste artigo, retirados de um discurso de Alberto João Jardim num comício na Madeira clamando pela maioria absoluta, são de mestre.
O homem é um case study. Vale a pena ler para desenjoar do economês.

66 comentários:

João Lisboa disse...

É o chamado "assim também eu":

http://lishbuna.blogspot.com/2011/10/se-eu-tivesse-um-cartao-bancario-com.html

Carlos disse...

Lá que a perosnagem é um case study, isso é -- pelas piores razões.

Ana Cristina Leonardo disse...

João, olha que não sei... O tipo é um demagogo de primeira. O resumo/citações que vem no artigo é muito bom

Carlos, as razões não fazem a personagem, que as ultrapassa. Por isso é que é uma "grande personagem". Já imaginaste o tózé como personagem de um livro? Ou o Coelho? Não davam nem para uma micro-narrativa. Este até tem o "aristocrata" Marcelo a bater-lhe que aquilo cheira-lhe demasiado a povo...

Carlos disse...

Ana Cristina, personagem por personagem, prefiro o Willie Stark (nem de propósito, o filme foi exibido esta noite na TV).
Quanto às outras personagens que referes, estamos de acordo no que concerne ao tózé; já no que diz respeito ao Coelho, ça dépend -- e se for este Coelho?

:-)

MCS disse...

Até pode ser uma grande personagem, mas como disse alguém, se queriam um palhaço com certeza que se arranjava um mais barato.

Ana Cristina Leonardo disse...

MCS, por acaso não creio que "palhaço" caracterize a personagem em causa. De qq forma, prefiro o estilo apalhaçado do Jardim à "seriedade" entediante do Cavaco. Novelisticamente, falando...

Carlos disse...

Marco, não ofendas os palhaços! ;-)
Abraço.

Ana Cristina, se formos por aí (comparar o AJJ com outras personagens), podemos sempre concluir que há pior (e melhor, evidentemente); mas, enfim, são comparações um pouco estéreis -- penso eu. (E muito gostaria de saber a tua opinião sobre o Coelho que referi: como personagem --esqueçamos as razões, como disseste --, é ou não mais interessante?)

MCS disse...

Colocar na mesma frase "seriedade" e cavaco, nem com aspas consigo evitar a exasperação. Seria o mesmo que associar o Corleone a "angelical". Valha-nos Nossa Senhora dos tremoços...

Ana Cristina Leonardo disse...

Ponto 1. Sois uns chatos
Ponto 2. Não estou a falar de política no sentido estrito
Ponto 3. Se se deram ao trabalho de ler o texto linkado, terão de ter reparado em como o homem é esperto (não falha uma). Dir-me-ão: demagogia. Sim, mas da boa, caraças.
Ponto 4. Carlos, o outro Coelho conheço muito vagamente; não me parece ter a endurance do Jardim - mas posso estar enganada. Não estando, daria talvez para uma novela curta.
Ponto 5. MCS, nunca vi o Cavaco a rir, nem por contágio das vacas. Esgares não contam.
Ponto 6 e último: acho graça a ver os portugueses do contenente a tratar o Alberto como a Merkel tratou os gregos. A malta não aprende...

Carlos disse...

Ponto 1. Sou; e tu és teimosa como ... enfim, conheces o resto da expressão.
Ponto 2. Eu percebi.
Ponto 3. Exactamente: demagogia. Pode ser da boa, mas isso não me entusiasma -- sorry.
Ponto 4. Certas novelas curtas são melhores do que muitos romances; penso, por exemplo, nas de Tolstói.
Ponto 5. É contigo e com o Marco, mas neste ponto concordo contigo: esgares não contam -- sorry, Marco.
Ponto 6. Comparas coisas diferentes; quando muito, poderias achar graça a veres os portugueses do continente a tratar os portugueses da Madeira como a Merkel tratou os gregos. Não confundas Alberto João Jardim com os madeirenses.

Carlos disse...

Errata: poderias achar graça a ver.

[é o que dá escrever tarde e a más horas no intervalo da elaboração de um documento técnico em inglês]

MCS disse...

Quer-se dizer, o outro é que está no poder há 33 anos e nós é que somos os chatos. Está bonito isto.

Carlos disse...

Ao lado, é certo, mas até tem a ver contigo, uma vez que também és crítica literária: o que pensas disto? (Se te quiseres pronunciar, evidentemente; o Marco não resistiu a meter a colher -- a meu ver, com razão.)

Com a estima habitual,

Um dos Chatos

Carlos disse...

Marco, rapaz, o facto é que a Ana Cristina, além de ser teimosa, é má para nós. ;-)

Manuel Vilarinho Pires disse...

Ana Cristina,
Parabéns por ter conseguido sintetizar em apenas 6 pontos as razões porque a esquerda portuguesa é uma seca!
O AJJ é um demagogo, saca-nos o dinheiro e insulta-nos mas, porra, é um gajo que diz algumas verdades que mais nenhum político diz (a República Portuguesa construiu em Beja um aeroporto onde aterra UM aviao por semana, disse ele hoje), que tem um sentido de humor sem fronteira entre a irreverência e a inconveniência (mas há outros?), e, acima de tudo, é eleito pelo povo da Madeira, e não por sábios como nós.
Salvé!

Ana Cristina Leonardo disse...

Carlos, há que saber reconhecer inteligência qd tropeçamos nela. Aliás, talvez seja tb. por terem andado estes anos todos a pensar que o homem se resumia a essa coisa do "palhaço" que ainda estão a levar com ele.
O mundo é complexo (cof! cof!). Por exemplo.Vi um título no Sapo que me fez sorrir: qq coisa como "30 famílias que vivem na sombra de jardim há 33 anos. Ora bem. Há 33 anos e só agora é que descobriram? Enfim... Também não gosto de ver os tipos com pedigree (seja lá o que isso for, a esfregar as mãos de contentes. O Portas?! Valha-nos, de facto, a Nossa Senhora dos Tremoços...
Ainda: por que razão na Madeira as famílias mais conservadoras e ricas são do PS e o povinho vota no Jardim? Resumir a personagem a um bandido/palhaço denota, no mínimo, poucas leituras… O Jardim não é o Berlusconi e não gosto de ver tudo metido no mesmo saco. Perde-se a diversidade que torna a vida tão interessante. Aliás, até agora nunca o vi acusado de corrupção em lado nenhum. Curioso, não?
Quanto ao "Comparas coisas diferentes". Ó pá a Merkel está a borrifar-se nos gregos, como a malta do continente se está a borrifar nos madeirenses. Essa nuance é despicienda. Quem é que paga a dívida? São os gajos que se endividaram em nosso nome, ou somos nós? E mais. O capitalismo não vive disse mesmo? Ora bolas!
O genial nesta história, é que o AJJ vai ser eleito por ser... de esquerda! Se isto não prova que o homem é uma grande personagem, vou ali e já venho.

MCS, a democracia pode ser uma coisa muito chata - :)

Manuel, até corei! Abraço

Ana Cristina Leonardo disse...

Carlos, esquecera-me.
Acho as estrelinhas uma treta. Dois: não tenho qq apreço literário pelo walter. Respondi?

henriquedoria disse...

É estranho que alguém lúcido diga que o tipo é um grande personagem.
É confundir a rasquice de um soba africano com personalidade.
O gajo nem sequer palçhaço consegue ser, porque já não faz rir ninguém. É apenas baixo e rasca.
Confundir inteligência com abuso de poder é muito curto.
Dizer que não é corrupto é uma afirmação temerária porque pela negativa. Não conhecemos as contas dos offshores. O que sabemos é que usa a corrupção material e moral para se manter no poder. E isso é certo.
É perigoso manifestar qualquer espécie de admiração por um gajo destes. O gajo é bronco, analfabeto e desprezível.
O Hitler, que Heidegger dizia admirar porque TINHA UMAS MÃOS ADMIRÁVEIS ( disse-o para Husserl),pelo menos não era anafabeto. O gajo se pudesse era o hitlerzinho na Madeira.
Gostaria que lesse no odisseus o texto que fiz sobre ele.

Manuel Vilarinho Pires disse...

Ana Cristina,
Se medir a posição no espectro político esquerda-direita através de indicadores como o peso do Estado na economia, nos serviços ou na comunicação social, a Madeira tem mesmo um Governo de esquerda.
Mas não pense isso em voz alta, ou o rebanho de esquerdistas que tem um pó de morte ao AJJ por pensar que ele é de direita (não, não é pelo populismo, nem pela engenharia financeira permanente, nem pelas agressões verbais ao orgulho da Pátria, é por pensar que ele é de direita) ainda o propõe para canonização.
E ele, louvado, perde toda a piada...

Ana Cristina Leonardo disse...

Henrique, qd se compara o Alberto ao Adolfo, entramos no delírio. E o argumento "se pudesse..." tb. não colhe. Uma coisa dessas, ou se é ou não se é. Há que ter o sentido das proporções. Aliás, em matéria de palhaçadas, o Hitler era muito rigoroso - cf a noite das facas longas...
E eu não confundi inteligência com abuso de poder. Disse, e repito, que o texto que linkei mostra a esperteza superlativa do bicho. Hà vida para lá da política...

Carlos disse...

Ana Cristina, tantas palavras dirigidas a mim... Quanta honra! :-) (Já agora: não fui eu que lhe chamei palhaço, embora perceba o que o Marco quis dizer.) O engraçado é que concordo com quase tudo aquilo que escreveste, mas mantenho o essencial: a demagogia até pode ser da boa, mas não me entusiasma.
Sempre te digo que acho que aceitaria um convite do AJJ para tomar um copo, mas não aceitaria o mesmo convite se viesse do Sócrates, do Portas ou do Cavaco -- parece ao lado, eu sei, mas não é!

Ana Cristina Leonardo disse...

Sempre te digo que acho que aceitaria um convite do AJJ para tomar um copo, mas não aceitaria o mesmo convite se viesse do Sócrates, do Portas ou do Cavaco

Carlos, parece-me um belíssimo critério.

Carlos disse...

Caro Manuel Vilarinho Pires, isso de dizer que o AJJ «é um gajo que diz algumas verdades que mais nenhum político diz» é assim um pouco a modos que à vontade do freguês, não é verdade? Por exemplo, a Ana Gomes quando diz algumas verdades é descrita como mal-educada, e até mesmo como maluca; e isto já para não falar de alguém com a envergadura de Lourdes Pintasilgo, que quando as dizia (às verdades, quero dizer) era utópica, ingénua -- e maluca, claro. (Não é coincidência eu ter escolhido pessoas de esquerda.)
Quanto ao facto de os seis pontos da Ana Cristina descreverem a malta de esquerda, enfim, parece-me que volta a ser uma leitura à vontade do freguês. Eu tenho amigos de esquerda, de direita (alguns até são monárquicos, por Deus) e de nenhuma delas (que é como quem diz: sei lá bem de que são!), e nenhum é chato. A Lição? Há de tudo em todos os lados, pelo que o fundamental é saber escolher -- e mandar os rótulos àquela parte.

MCS disse...

Democracia na Madeira...LOL

e quanto aos "indicadores como o peso do Estado na economia, nos serviços ou na comunicação social, a Madeira tem mesmo um Governo de esquerda", não sei por quê, mas lembrei-me da Coreia do Norte. E também tem um líder divertido, toca saxofone, gosta de jogar playstation (mas com mísseis verdadeiros)e também parece que organiza umas festanças do caraças.

Ana Cristina Leonardo disse...

MCS, bom o homem vai a votos há 33 anos e, seja como for, entre a Madeira e a Coreia do Norte ainda consigo detectar algumas piquenas diferenças

Carlos disse...

Por fim (hoje não te chateio mais -- juro): respondeste em parte. A minha questão referia-se aos critérios enunciados pela MRP.

Voltando um pouco atrás: eu não distingo entre continentais e madeirenses porque acho incorrecto (por exemplo, a crónica do _____________ do Jorge Reis-Sá na edição de hoje do "Público" provocou-me náuseas); aliás (este "aliás" não é para demonstrar/provar algo, como muitas vezes se faz; é uma partilha), tenho o prazer de ter bons amigos madeirenses e, graças à bandida da minha irmã, até família!

Ana Cristina Leonardo disse...

Jorge Reis-Sá, quem é?
:)

Carlos disse...

LOL

Mesmo sendo a tua questão uma forma de ironia, não pressupondo dessa forma uma resposta, eu até me fazia de tonto e respondia, mas não posso. Justifico com uma história. Há uns anos (a 04/01/2002), Adelino Gomes efectuou uma entrevista para o "Público" com a já falecida actriz Mariana Rey Monteiro. Transcrevo aqui uma das perguntas e parte da respectiva resposta.
É-se actriz ou actor no palco e na vida?
A minha mãe morreu aqui em casa e uma das coisas que me disse foi: "Vai-me dar este recado assim assim ao telefone." Era um recado difícil, era para não magoar alguém. "Ai mãe, custa-me tanto fazer isso!" A frase que ela me disse foi esta: Tu és actriz suficiente para o poderes fazer." Eu disse-lhe: "Mãe, por que é que não havemos de ser todos, sempre, pão-pão, queijo-queijo?" Ela olhou para mim e respondeu: "Com a nossa educação é impossível."

Carlos disse...

(E lá quebrei a jura...)

Manuel Vilarinho Pires disse...

Bons dias.

Carlos, também penso que seria divertido andar com o AJJ na borga. E a esta hora não me consigo lembrar de mais nenhum político português com quem fosse.
Parafraseando a Ana, um belíssimo critério! A Ana (homofóbica, como se quer num bom maoista) Gomes, certamente que não. E a Maria de Lurdes Pintasilgo também não, que conheço menina católica que privava com ela bem antes do 25 de Abril, e era menina para controlar as leituras, os namoricos, e a hora de deitar das outras meninas. You know what I mean? Get a life, chata!

MCS, não precisamos de ir à Coreia do Norte para saber que a esquerda defende o peso do Estado na economia, nos serviços e na comunicação social. Basta olhar para Portugal, e para as posições de toda a esquerda sobre assuntos como a privatização da RTP, ou outras privatizações. O meu sentido de humor não é assim tão fino que consiga detectar graça ao líder da Coreia do Norte (nem, Henrique, Lamborghinis ao AJJ, se bem que possamos interpretar o facto de não lhos conhecermos como um indício de que existem certamente, é só uma questão de Fé). Mas compreendo a sua comparação. Para exorcisar o Demo não há que poupar em qualificativos.

Henrique, tenho visto referências a África usadas a torto e a direito em comentários depreciativos. Temos africanistas em Massamá e sobas africanos na Madeira. Ainda bem que são usadas pela esquerda, que tem selo de garantia anti-racista, como toda a gente sabe. Ou não?

MCS disse...

M. Vilarinho Pires, "rebanho de esquerdistas"?! Há muito tempo que não olha para um boletim de voto, pois não? Eu compreendo, votar para quê? são todos iguais... daí o tal rebanho.
O problema da esquerda é mesmo esse, o de não ser rebanho, cada cabeça tem uma visão para o país diferente da que está ao lado. Por isso, é que nunca conseguiu nada neste país. O rebanho da direita sim, obedece à voz do dono e segue o caminho indicado, por isso é que estão no poder deste 76. Ah e quando olha para a Madeira, também não vê nenhum rebanho? pois, só vê um de esquerdistas...
olhe, lá dizia o Tonecas, é a vida... keep on shopping.

Carlos disse...

Manuel, não exageremos: era só mesmo um copo; na borga, na borga, só mesmo com a minha querida e com os meus amigos.
Quanto aos defeitos que aponta à Ana Gomes e à Lourdes Pintasilgo, repito-me: a escolha é sempre à vontade do freguês. O facto de o AJJ não querer chineses na Madeira, por exemplo, já não lhe parece racismo, pois não? Enfim.
Mais. Eu, que sou de esquerda, recuso-me a classificar o AJJ como sendo de esquerda, porque ser de esquerda ou de direita é mais do que a mera adopção de políticas económicas. E quem não percebe isso receio bem que já não chegue lá apenas com umas leituras.

Manuel Vilarinho Pires disse...

Caro(a) MCS,
Rebanho, para além do sentido literal que não é para aqui chamado, não se define por ser um grupo que é mais frequentemente apelidado de rebanho que os outros grupos (se fosse, a direita seria inegavelmente mais rebanho que a esquerda, que usa o termo muito mais frequentemente que ela), mas pelo grau de homegeneidade dos seus membros.
E nesse domínio, e por razões cuja explicação não cabe aqui e não a vou fazer, pelo que acreditará em mim apenas se quiser, posso-lhe dizer que, vista de fora, a esquerda é muito mais homogénea do que vista de dentro.
Interessante a tese de que, quando a direita ganha eleições, é o rebanho a votar pela voz do dono... No fundo, está a dizer que o povo é estúpido, não é?

Ana Cristina Leonardo disse...

Como se vê, o homem gera polémica. Já vamos nos 34 comentários (incluindo este).
Quanto à discussão direita/esquerda, só queria relembrar o manuel que os fascismos podem ser (e foram) bem intervencionistas. Não estou com isto a dizer que AJJ é fascista. Gosto de usar certas palavras com parcimónia, com risco de sermos incapazes de reconhecer um filho de puta quando nos cruzamos com ele. Aí sim, estão bem distribuídos à esquerda e à direita para grande pena minha que nasci de gauche... E pardon my french

MCS disse...

Caro Manuel, por Deus (ou Zeus é à escolha), não me venha com definições do que é um rebanho, todos sabemos o significado, não transforme esta interessante troca de opiniões num debate parlamentar (noc, noc, noc). Nem a Ana iria gostar :-)
Que a esquerda, vista de fora, é homogénea, não contesto, depende da posição onde se encontra. Mas até acaba por me dar razão, o que eu disse foi que em cada pessoa de esquerda encontramos um partido diferente. Por isso, é que nos boletins de voto temos 35 mil partidos de esquerda à escolha e os votos dividem-se. Aqui está a razão por que eu disse que a direita é mais homogénea (pronto, não usei a palavra rebanho) na altura das eleições. Não disse que o povo era estúpido, porque nele nos incluímos. Mas se pensarmos que a maioria dos votantes pertence à classe trabalhadora e quem ganha é um partido de direita que lhes vai retirar tudo o que conquistaram ao longo da vida, diria que são "pouco inteligentes" :-)

Marco C. Santos

Ana, que o homem gera polémica nunca houve dúvidas. E repetindo o que eu disse no blogue, o que se passa na Madeira não é muito diferente do que acontece em muitos concelhos deste país. Os números é que são um pouquinho mais altos, só isso.

Carlos disse...

Marco, essa menção a Deus/Zeus -- e logo com caixa alta, por Deus/Zeus -- vai abalar certas ideias feitas sobre a esquerda! ;-)
E Zeus, Marco, Zeus, porque agora somos todos gregos -- muito mais do que alguns estão dispostos a aceitar/acreditar.

Ana Cristina Leonardo disse...

Se isto chegar aos 40 comentários, ainda sorteio uma viagem à Madeira...

Carlos disse...

Ana Cristina, aqui fica o meu contributo para o a realização do sorteio. Agora, já nem é preciso virem mais cinco.

(Se não chegar/mos aos 40, podemos sempre fazer um piquenique em Braga ou em Felgueiras ou em Matosinhos ou em etc. e tal...)

Manuel Vilarinho Pires disse...

Ana,

É verdade, os fascismos intervinham muito na economia, e alguns até se chamavam "qualquer coisa-socialismo"...
Aliás, eu penso que essa intervenção explica os níveis de pobreza atingidos pelos fascismos europeus, só ultrapassados na Europa pelos dos comunismos.

Ana e Carlos,

Quando se entra a sério na discussão esquerda vs direita, esbarra-se na falta de um referencial que permita definições precisas, pelo que é um tema um bocado estéril...

Eu prefiro situar as posições políticas num referencial de liberdade vs controlo.
Na vida pessoal, a direita tende a ser pelo controlo e a esquerda (hoje em dia, no ocidente, onde não conquistou o poder, mas, mesmo assim...) pela liberdade. Na economia, a direita tende a ser pela liberdade e a esquerda pelo controlo. E extrema-direita tende a ser pelo controlo nos dois domínios, e a extrema-esquerda (quando conquista o poder) também.
Eu, quanto a mim, sou pela liberdade, na vida pessoal e na economia.

Carlos,

Não me surpreende muito se o AJJ for racista, se bem que nunca lhe tenha ouvido discursos racistas.
Mas ele não é flor que se cheire, certamente.
E sei que a Ana Gomes é homofóbica, pelo menos quando lhe dá jeito, porque utilizou recentemente a homofobia para atacar um adversário politico.
Agora deixe-me que lhe diga que entre um racista de direita e uma homofóbica de esquerda há mais uma diferença do que as que estão à vista: o de direita não gosta, por ser de direita, de pessoas ou comportamentos heteogéneos; a de esquerda faz, por ser de esquerda, juras de amor ao heterogéneo, às minorias. Pelo que esta, além de ter em comum com ele a pulhice, é hipócrita.

Marco (perdão, não tinha antes conseguido perceber o seu nome)

Mesmo reconhecendo que há mais candidaturas à esquerda que à direita, não tenho visto isso dirtorcer o resultado das eleições, e normalmente ganha a esquerda quando globalmente tem mais votos que a direita, e vice-versa. Tem factos que contradigam esta impressão?
Quanto à classe trabalhadora, quando vota à direita, poderá ser por pensar que a esquerda ainda lhe retiraria mais conquistas do que a direita, o que pode não ser necessariamente pouco inteligente, mesmo sem o seu acordo? Talvez, no caso presente, por ver o que uns anos de esquerda lhe deixaram em herança?

MCS disse...

Carlos,"vai abalar certas ideias feitas sobre a esquerda",
parece-me bem :-)

Ana, por Toutatis (está bem assim, Carlos? ;-), já nem suportamos ver o homem à distância e ainda quer enviar-nos para lá? Com a minha má sorte, a viagem vai-me calhar logo a mim. Estou lixado. Adeus mundo cruel...
Sono Pazzi Questi Lusitani

Manuel Vilarinho Pires disse...

(Ah! Por esquecimento não escrevi há bocado que...)

Obviamente que, como disse a Ana, os filhos da puta se distribuem equitativamente entre a direita e a esquerda, tanto em densidade, como em intensidade.
Mas, e isto é apenas uma opinião porque nunca vi nenhum estudo empírico que o confirme, sou capaz de supor que não se distribuem equitativamente entre os adeptos da liberdade e os adeptos do controlo...

Bom fim de semana a todos, e preferencialmente longe da telefonia, porque da Madeira podem vir notícias más para alguns dos fregueses presentes...

Carlos disse...

Marco, está perfeito! ;-)

(aliás, não esperava outra coisa)

MCS disse...

Carlos, we aim to please :-)

Manuel, é fácil de responder às suas perguntas:
1. Basta ver os resultados do Bloco e compará-los com os mesmos dos 3 partidos que o compõem quando concorriam em separado. Et voilà.
2. Não há herança de esquerda, porque nunca lá esteve. Corrijo, houve uns 6 meses. E ainda hoje os trabalhadores beneficiam disso. Mas não vai ser por muito mais tempo.


PS. quando é o sorteio da viagem?

Carlos disse...

Manuel, para concluirmos isto, e apenas porque insiste em classificar-me/nos (de forma mais ou menos subliminar, mas ainda assim), deixo-lhe aqui um excerto de um texto de Hannah Arend (mais precisamente, da sua resposta pública ao ataque de Gershom Scholem, no auge da polémica suscitada pela publicação de Eichmann in Jerusalem) que explica com precisão cirúrgica aquilo que eu, mesmo assumindo-me de esquerda, tento praticar -- por vezes, falho, é verdade, mas isso apenas me tranquiliza (e aqui a explicação levar-nos-ia ainda mais longe, mas já se faz tarde).

Bom fim-de-semana.

«What confuses you is that my arguments and my approach are different from what you are used to; in other words, the trouble is that I am independent. By this I mean, on the one hand, that I do not belong to any organization and always speak only for myself, and on the other hand, that I have great confidence in Lessing’s selbstdenken, for which, I think, no ideology, no public opinion and no ‘convictions’ can ever be a substitute.»
Hannah Arendt, The Jewish Writings. Nova Iorque: Schocken Books, 2007

Manuel Vilarinho Pires disse...

Marco,

O resultado do BE, comparativamente com a soma dos da UDP, da LCI (ou PSR, já não me lembro bem...) e dos outros que também já não me lembro como se chamavam, não se deverá antes ao facto de terem abandonado o gueto puritano da extrema-esquerda clássica, só apelativo para velhos, e passar a defender causas liberais, apelativas ao eleitorado jovem?
Acha que a receita do sucesso foi mesmo a união do estalinismo com o trotskismo?

Carlos disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Carlos disse...

Marco, I know. :-)

Manuel Vilarinho Pires disse...

Carlos,
Excelente texto! Devolvo-lho na íntegra.

MCS disse...

Manuel,
eiaa... tantos rótulos: "gueto puritano da extrema-esquerda, velhos, liberais, jovens, estalinismo, trotskismo". Parece um corredor do pingo-doce.
Não quis perceber o que eu disse, paciência.

Carlos disse...

[eliminei um comentário porque repetia outro]

Manuel, ainda bem que mo devolve: é com pessoas assim que (me) dá gosto dialogar. (Embora, para ser franco, continue sem perceber o que é para si um discurso racista -- pois se não considera como tal o que eu 'linkei'...)

Manuel Vilarinho Pires disse...

Carlos,
Não tinha reparado no link. Agora li-o. Fala de chineses, de indianos, e de europeus de leste, estes brancos como a neve. Pode ser racismo. Mas também pode não ser mais do que proteccionismo económico. Liberal não é certamente...

Manuel Vilarinho Pires disse...

Marco,
Pareceu-me que percebi bem o que me disse antes. Disse-me que:
1. O resultado eleitoral do BE comparado com os dos seus antecessores contradiz o meu comentário anterior que especulava que a segmentação de candidauuras à esquerda não distorce os resultdos eleitorais. E respondi-lhe que a melhoria dos resultados do BE comparativamente com os antecessores não se deve a terem passado a concorrer juntos, mas a terem alterado drasticamente as mensagens eleitorais.
2. Disse que a esquerda nunca esteve no governo em Portugal com a excepção de 6 meses, que, suponho, excluem os governos do Sócrates. A isto não respondi.
Se não percebi o que me disse, não foi por não querer, mas por não conseguir. É capaz de me confirmar se não percebi mesmo, ou se quis apenas chamar-me burro?

eu teste disse...

Manuel,
1.Pode chamar-me crente, mas eu ainda acredito que a união faz a força (deve ser a minha costela benfiquista). Era apenas este o meu argumento. Os caminhos ou mensagens para lá chegar podem variar, mas nem Júlio César conseguiria unir aqueles 3 partidos sem alterar os seus discursos ideológicos.
2. Excluem todos, repito, todos os governos. Até houve um que disse que ia meter a "mensagem eleitoral" na gaveta...

Ah, e claro que não quis insultar ninguém, estamos apenas a trocar opiniões ou, neste caso, pontos de vista. Já que nos encontramos em posições diferentes. Eu acredito e respeito muito a livre troca de opiniões, daí esta longa troca.
E a Ana já deve estar com o dedo cansado de aprovar comentários :-)

MCS disse...

*errata: onde está "Excluem" queria dizer, "Incluo todos"

Ana Cristina Leonardo disse...

Rapazes, parece que o homem ganhou de novo com maioria absoluta. Na impossibilidade de sortear uma viagem à Madeira (já não vai haver Encontros Literários, derivado aos cortes...), que tal um jantar com espetadas, atum fresco, milho frito, cuscus madeirense, bolo de mel e etc., mas no continente? Não para festejar, mas para eu parar de aprovar comentários?
:)

Carlos disse...

Ai ai, Marco, essa costela benfiquista é imperdoável -- well, nobody's perfect!

Ana Cristina, e os biscoitos madeirenses que a sogrinha da minha irmã faz?!... Nham-nham!

Manuel Vilarinho Pires disse...

Meus amigos,
Como quase sempre em Democracia, o povo votou quase bem!
Castigou o AJJ da indisciplina financeira, que perdeu 1 voto em cada 4, e mostrou que na vida não há só betão, mesmo na Madeira.
Castigou o PS, que fez dos perdulários madeirenses o problema mais grave da nação, hipocrisia gritante, vinda de quem veio.
Castigou o BE, cujo povão passou umas semanas a desejar à Madeira o que os louros da Europa do Norte não desejam aos gregos, e mostrou que quem não se sente não é filho de boa gente, e amor com amor se paga.
Distribuiu caridosamente deputados por todos os pequenos partidos, menos pelos espertalhões do BE.
Premiou o CDS, que fez oposição ao AJJ sem insultar o povo que o tem eleito.
Só cometeu uma injustiça, ao penalizar o PCP, a quem não detectei nenhuma ofensa ao povo madeirense durante a campanha.
Viva a Democracia, pois então!

Ana,
Eu, que não tive nenhuma sogra madeirense, não morri de amores nas minhas experiências gastronómicas madeirenses, quer lá, quer cá...
Mas lanço aqui o repto de aproveitar a próxima Catitada para ouvir de viva voz o tipo que, no continente, mais se aproxima do estilo do AJJ!

Manuel Vilarinho Pires disse...

Ah! E os meus receios mostraram-se fundados.
O Jardim, apesar de não ter feito um discurso de mau perder, teve menos piada do que é habitual (apesar, ou por causa, do ataque ao capitalismo ultra-liberal). Ele perde a piada quando se coloca na defensiva, e reganha-a quando está feliz da vida.
Don´t we all?

sem-se-ver disse...

o que praqui vai...

(o que praqui foi)

incapaz de beber um copo / ir para a borga com o ajj (nem sequer de lhe apertar a mão), iria de bom grado com o sócrates (a quem de bom grado apertaria a mão)

pronto, foi o meu contributo.

(mcs, vinde a mim esses ossos)

Carlos disse...

Como já expliquei acima, mas repito, era só mesmo tomar um copo -- nada de borgas. E tudo o que escrevi revela o que penso sobre a personagem.

Carlos disse...

No que concerne ao Marco, aproveito para lhe deixar aqui um elogio semi-público: é uma das poucas pessoas da blogosfera (das que não conheço pessoalmente, evidentemente) por quem sinto algo que se poderia designar por ciber-amizade (são sempre os pequenos gestos que me comovem, rapaz). E pronto: até ao final de 2011, esgotei a minha capacidade de elogiar alguém na blogosfera.

Ana Cristina Leonardo disse...

Tenho para mim que a malta devia era ir tomar um copo sem a presença de nenhuma das figuras referidas

sem-se-ver disse...

ora muito bem, ana cristina, voto nessa!

sem-se-ver disse...

(explicitação: socrates+copo pq o tema do post era a demagogia. mil vezes apertar a mão e ir pra borga com um grande demagogo, cheio de classe, e dos melhores retores que este país viu/teve na sua história; pelo menos, de um século, que para trás disso, como não sou historiadora, falta-me o conhecimento dos discursos de muitos e muitos - só tenho o da crítica verrinosa do eça a todos eles)

Ana Cristina Leonardo disse...

Sem-se-ver, muito obrigada por adubares, também tu, esta caixa de comentários. Estás convidada!

sem-se-ver disse...

ora, que ofensa se não estivesse! :D