29/06/09

Um poeta atira-se à jugular da prosa

José Agostinho Baptista conta uma história. Chama-se O Pai, a Mãe e o Silêncio dos Irmãos e foi agora publicado, como habitualmente, pela Assírio & Alvim. Termina assim:

«Rondarei as cavernas, a cria do urso branco, as ossadas de um mercador e de um peregrino. Entre o gelo e o degelo, pressentirei a alcateia que desde a infância me conhece tão bem como conhece as suas crias. Alisarei a pedra, o punhal, o machado, cortarei as urzes e o zimbro, matarei a lebre e a serpente, e depois será outono e depois inverno e depois primavera e depois o verão. Um dia, o condor subirá até estas paragens e à aproximação do crespúsculo regressará às cordilheiras do sul. À porta do templo dos cem tigres esceveria, se soubesse: eu era o guardião mas agora não sou nada, não quero nada, ando por aí. Só tenho uma flauta de canas verdes e um cão. Tudo o resto sonhei.»

O lançamento de O Pai, a Mãe e o Silêncio dos Irmãos vai acontecer no próximo dia 4 de Julho, no Restaurante Many, a partir das 18 horas, na Fajã da Areia, São Vicente, Ilha da Madeira.

1 comentário:

via disse...

cruzava-me com ele no Artis, agora escreve como os deuses! Ao Agostinho! Quiça ainda seja deste mundo, a escrever assim duvido!!