06/01/08

Isto de Estar Vivo ainda um Dia Acaba Mal

Não vou embandeirar em arco: conheci o Luiz Pacheco em Setúbal e não gostei nada do homem; a verdade é que escreveu alguns textos de antologia. Libertário e leitor afiadíssimo, de há uns anos a esta parte prontificava-se a fazer de escritor maldito e usava a irreverência para entreter o pagode. O pagode, burgesmente instalado mas incapaz de resistir à caralhada e à má língua, delirava. A última vez que o ouvi citado foi a propósito de uma dessas entrevistas. Quando a jornalista chegou, o Pacheco, astuto, foi avisando: «Se pensas que vens para a última, desengana-te. Já muitos vieram pensando o mesmo e eu continuo cá». Morreu ontem. O Manuel da Fonseca bem avisara: «Isto de estar vivo ainda um dia acaba mal». Que descanse em paz.

1 comentário:

Anónimo disse...

O Cesariny ao ver entrar o Pacheco num dos círculos do inferno, vira-se para o Diabo e diz: "Acabou-se o sossego!"