MEDITAÇÃO DE SEXTA: «Malucos do circo?»
«Sem pedir desculpa pela frontalidade, muito menos pelo gerúndio, desde já digo que, em ouvindo ouvir falar da “Marca Portugal”, logo me apetece sacar da Browning que não tenho. (...)
Não faço ideia se a proposta de Carlos Moedas para chamar à ponte ciclopedonal sobre o rio Trancão, Ponte Cardeal Dom Manuel Clemente, se inseriria na estratégia de reforço positivo da “Marca Portugal” no estrangeiro. O facto de o cardeal ter declinado a toponímia após ter surgido a “Petição para que a nova ponte sobre o rio Trancão não tenha o nome Cardeal Dom Manuel Clemente” a que se seguiu a petição “Queremos o Nome de D. Manuel Clemente para a ponte pedonal no Parque Tejo” e ainda uma terceira “JMJ: Saudação e apelo aos presidentes da Câmara de Lisboa e Loures”, na qual, além do apoio à escolha de Carlos Moedas se sugeria que o Parque Tejo se passasse a chamar Parque Papa Francisco – e chamo de novo ao palco os Monty Python… – permite-me, todavia, arriscar o reforço da convicção expressa em 1881 pelo compositor francês Charles Lecocq em "Le jour et la nuit", ópera cómica onde simpaticamente se cantava a elogiosa quadra “Les portugais sont toujours gais / Qu’il fasse beau, qu’il fasse lais, / Au mois de décembre ou de mai / Les portugais sont toujours gais!” A rima será pobre, mas a intenção é que conta. (...) E, com isto tudo, são seis da tarde e despertou uma brisa. As ramagens começam a bambolear frouxamente ao ritmo quase parado de uma morna. A poente, um tecto de nuvens recorta-se no céu, simulando o grafismo sinuoso do estuário de um rio. No café do monte, onde se pode partilhar um petisco de queijo seco ou de muxama de atum, as conversas versam inevitavelmente sobre o calor que fez, faz e fará. Maldigo a meteorologia e alguém conta uma anedota. Um alentejano vai para o inferno. Chegado ao inferno, depara-se com os companheiros de infortúnio, os olhos esgazeados pelas altas temperaturas. Entra calmamente, desabotoa um botão da camisa e comenta no tom cantado e arrastado do Sul: “Ó diacho! Com o calor que faz aqui, imagino como estará em Beja!”»
Não percamos a esperança (nem a fé, se a tivermos)
ResponderEliminarAfinal é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino dos ceús. Quer dizer, não sei a cotação das indulgências hoje em dia. Além de que muitos ricos são verdadeiros camelos...
Podemos sempre ver a Terra como um iate de luxo e tentar rir disto tudo: (Sans filtre/Triangle of sadness): https://www.youtube.com/watch?v=gaOdbOdWCVA
Ou recorrer ao medronho para aclarar as ideias e distanciar-mo-nos desta porra toda
Um bem haja pelas crónicas de sexta
Hic
Um leitor assíduo
Obrigada, leitor assíduo
ResponderEliminarÀ nossa
Hic