
Volta não volta, volta-se ao mesmo.
Quantos morreram? E será que morreram? E de quê que de gás não foi?
Apesar deste assunto cheirar literalmente mal [os pavilhões de Birkenau fedem mesmo] gostaria de fazer um reparo sobre as declarações de Le Pen.
O líder da Frente Nacional não afirmou que não tinha havido Shoah, o que ele afirmou foi que as «câmaras de gás» tinham sido um «pormenor» no contexto da II Guerra Mundial.
Lamento dizer isto, o homem é um verme, mas a frase está historicamente correcta. À época, não só as «câmaras de gás» eram um pormenor, como a própria «Solução Final» não era coisa que tirasse o sono aos Aliados.
Podemos permitir-nos hoje pintar quadros heróicos e imaginar o Bem cavalgando sobre o Mal, vencendo Hitler, o demoníaco, e dando tudo por tudo para salvar as pobres vítimas.
Podemos. Mas a verdade histórica é que, durante a II Guerra, todos cagaram nos judeus (salvo raríssimas excepções, que pouco ou nada contaram para a evolução dos acontecimentos), continuando, aliás, a fazer o mesmo após a queda do nazismo ― leia-se A Trégua , de Primo Levi .
A actual gritaria pode fazer muito efeito mas eu, pessoalmente, gostaria mais de saber, por exemplo, porque razão no século XXI o Estado português, através do seu Ministério dos Negócios Estrangeiros, paga e publica um livro como o do embaixador João Hall Temido em que se insulta a memória de Aristides Sousa Mendes e em que as «câmaras de gás», lá está, não passam de «um pormenor».
Não tinha lido isso do Embaixador (o que está no outro texto).
ResponderEliminarQue horror. Há com cada anormal.
pois há. e o que me pergunto é se entre os que agora se indignam não haverá tb. bastantes
ResponderEliminarAinda há muitos anormais.
ResponderEliminarA verdade é tão indigna, é tão horrível, que há pessoas que preferem inventar uma outra verdade, só que torna a outra Verdade ainda mais terrível.
tive a pensar no que diz sobre o pagamento e a publicação do livro. Acho que isso já deve estar mais ou menos acordado antes de o livro estar escrito.
ResponderEliminarE não deve ser por dizer essas parvoíces que deixa de ser publicado. Deve ser alvo de crítica, coisa que não foi devidamente. Bem, há espaço para isso e é um bom tema.
O que me preocupa é que as declarações revelam uma maneira de pensar sobre o Interessa Nacional - esse conceito vazio que serve para as maiores atrocidades - que é repugnante.E mais, a rigidez é tanta que, mesmo anos depois, é difícil para o Embaixador reconhecer a importância do comportamento de Arístides (por muito pequeno que tenha sido e disso não estou mesmo habilitado para falar).
o pequeno refere-se ao número de vidas salvas. e é uma palavra que não faz sentido nenhum no contexto porque não existem pequenos números de vidas salvas, mas não arranjei melhor e foi escrito à pressa.
ResponderEliminarPossivelmente o Estado (em que estado?) português teme ficar no hall dos «pormenores» e edita o João.
ResponderEliminarPqp!!
Inseri o comentário abaixo no post errado! Era para aqui.
ResponderEliminarLe Pen, de facto, é um verme.
Os Aliados só agiram porque a partir de certa altura viram a sua integridade territorial em risco. Aliás, não precisamos de recuar muito no tempo para vermos o que acontece quando as matanças não alastram a outros territórios; os anos 90 do século XX são uma década repleta de exemplos.
A aplicação e o cumprimento da lei “nas circunstâncias da época” é uma daquelas ideias que serve para tudo desculpar. Com ela, também os nazis se podem desculpar (Eichmann, no julgamento em Jerusalém, não foi muito além desta ideia, daí o conceito de banalidade do mal que Hannah Arendt teorizou para resumir o mal nazi).
Ao embaixador Hall Themido (eu sei que o senhor não tem culpa, mas há cada nome!) eu recomendaria a leitura de Antígona, de Sófocles. Duvido é que produzisse efeitos positivos em tal burocrata.
Talvez as câmaras de gás fossem um "pormenor à época" porque os Aliados não lhes atribuíram grande importância. Mas depois do que a História descobriu e investigou após o fim da 2ª Guerra Mundial, é impossível aceitar o argumento que foram um "pormenor". Pode-se chamar "pormenor" a uma máquina da morte que chacinou, como nunca antes se tinha registado na história da Humanidade, milhões e milhões de seres humanos com a mais insana crueldade?! HOJE, repito, HOJE não se pode aceitar que se diga tamanho dislate. Pelo mesmo prisma e interpretação, também foram um "pormenor" as bombas de Hiroshima e Nagasaki. Ou então eu já não sei nada e vou ter de ir ali ver o que significa "pormenor" no Dicionário da Porto Editora...
ResponderEliminarÉ espantoso como no tempo de Aristides as coisas, nos consulados, funcionavam, não faltavam impressos e trabalhava-se em bom ritmo, 20 ou 30 mil assinaturas num mês (ou lá que números são) é obra. Hoje isso nunca seria possível, faltava material e requeria dormir à porta do consulado noites a fio.
ResponderEliminarShoah e holocausto não são a mesma coisa. Holocauto foi um acontecimento histórico (determinado por lei em alguns países). Shoah é uma cerimónia/facto religioso (que certa religião exportou como dogma).
Dou a mão à palmatória e admito que estava errado, afinal o Estado Palestiniano é possível e está para breve.
Boa!
ResponderEliminarMas não houve só os judeus, lembremo-nos. Evidentemente que me refiro aos mortos «não militares», aos civis mortos nas invasões, nas ruas ocupadas, nos campos de prisioneiros, etc., etc..
E não lembra nem ao diabo pagar uma edição para insultar a memória de Aristides!
Manuela Pinho, empresária, etc. e tal
pelos vistos lembrou ao Ministério
ResponderEliminarTáxi, desculpa mas é exactamente ao contrário: sohah em hebraico quer dizer aniquilação, catástrofe. holocausto é que é um termo como conotações religiosas: «queimado em sacrifício de deus».
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