28/01/09

Estaline varria a malta do retrato depois de lhes limpar o sarampo, o PS só muda textos online: graças a deus vivemos em democracia

OU (título alternativo): ninguém tem culpa da família onde nasce, mas alguém devia ter lavado a boca com sabão a Sócrates em pequenino
OU (título alternativo ao alternativo): como eu abomino trafulhas!

Não há alternativa a Sócrates... e nunca uma frase foi tão insistentemente repetida.
Dizia o pragmático Goebbels que «uma mentira repetida muitas vezes transforma-se numa verdade». Mas, de facto, quem para substituir José Sócrates?
Enquanto a pergunta continua à procura da resposta, a política (a dele e a dos outros) vai-se afundando na sua própria trampa, com a ajuda de uma crise que não pára de empurrar gente para o abismo.
De um lado, uma oposição metida até ao colarinhos (brancos) em negócios obscuros; do outro, um alucinado que em tudo vê sucesso e vê progresso. Pelo meio, descontadas as fórmulas passadistas, temos os tais que clamam que não há alternativa.
Confesso-me baralhada. Acredito que a realidade, que pode mais, há-de acabar por solucionar o imbróglio. Não sei se a nosso favor. Espero que sim. Espero, sobretudo, que nos poupe ao número dos Messias. Com ou sem bigodinho.
E vem este curto desabafo a propósito do tão falado Relatório, da OCDE só de nome. Apresentado com pompa e circunstância pelo primeiro-ministro, como prova de que até «lá fora» lhe reconheciam o mérito, era afinal um estudo encomendado e pago pelo próprio Governo, realizado sem transparência e sem independência.
Se isto fosse um país decente, a aldrabice teria nome; sendo um «sítio mal frequentado», o PS fez apenas o seguinte: substituiu, na sua página na NET, o texto em que se afirmava ― preto no branco ― que o Relatório era da OCDE por um outro em que se refere apenas «um estudo sobre política educativa». Se formos tentar ler o primeiro, evaporou-se do site, sem nenhuma explicação. Mas se fizermos a busca online, em cache ele lá aparece. Transcrevo:


Relatório da OCDE elogia politica de Educação do Governo PS
27-Jan-2009
O primeiro-ministro elogiou a forma como a ministra da Educação resistiu às dificuldades e incompreensões, considerando lamentável a atitude da oposição que diz que o Governo está apenas a trabalhar para as estatísticas.
No encerramento da cerimónia de apresentação do relatório da OCDE sobre política educativa para o primeiro ciclo (2005-2008), José Sócrates declarou que "valeu a pena resistir, não desistir, enfrentar as dificuldades. Este é o caminho para o sucesso". Elogiando a ministra da Educação, o primeiro-ministro recordou as "dificuldades" e incompreensões que as políticas de Maria de Lurdes Rodrigues têm enfrentado ao longo dos últimos anos, concluindo que "valeu a pena".
José Sócrates lembrou também algumas das reformas levadas a cabo nos últimos anos no primeiro ciclo, como o encerramento de escolas com poucos alunos e sem condições, o alargamento do horário de funcionamento dos estabelecimentos ou a introdução do inglês. "Foi uma reforma muito importante para este Governo, como foi para mim", defendeu.
Na sua intervenção, o primeiro-ministro criticou ainda a oposição, lamentando que digam que o Governo está apenas a trabalhar para as estatísticas. "Que pobreza de debate político, que lamentável a atitude dos partidos políticos de dizerem que lá está o Governo a trabalhar para as estatísticas, como se as estatísticas não fossem importantes", afirmou, sublinhando que prefere a existência da medição do sucesso das medidas à "ausência de medição".



José Sócrates elogia resistência da ministra da Educação
27-Jan-2009
O primeiro-ministro elogiou a forma como a ministra da Educação resistiu às dificuldades e incompreensões, considerando lamentável a atitude da oposição que diz que o Governo está apenas a trabalhar para as estatísticas.
No encerramento da cerimónia de apresentação de um estudo sobre política educativa para o primeiro ciclo (2005-2008), realizado por peritos internacionais independentes, José Sócrates declarou que "valeu a pena resistir, não desistir, enfrentar as dificuldades. Este é o caminho para o sucesso". Elogiando a ministra da Educação, o primeiro-ministro recordou as "dificuldades" e incompreensões que as políticas de Maria de Lurdes Rodrigues têm enfrentado ao longo dos últimos anos, concluindo que "valeu a pena".
José Sócrates lembrou também algumas das reformas levadas a cabo nos últimos anos no primeiro ciclo, como o encerramento de escolas com poucos alunos e sem condições, o alargamento do horário de funcionamento dos estabelecimentos ou a introdução do inglês. "Foi uma reforma muito importante para este Governo, como foi para mim", defendeu.
Na sua intervenção, o primeiro-ministro criticou ainda a oposição, lamentando que digam que o Governo está apenas a trabalhar para as estatísticas. "Que pobreza de debate político, que lamentável a atitude dos partidos políticos de dizerem que lá está o Governo a trabalhar para as estatísticas, como se as estatísticas não fossem importantes", afirmou, sublinhando que prefere a existência da medição do sucesso das medidas à "ausência de medição".
Resumindo, e para citar Johnny Caspar, o mafioso italiano com que abre Miller's Crossing: «I'm talkin' about ethics».

6 comentários:

  1. http://www.staizildinha.com.br/v2/images/pinoquio.jpg

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  2. Encorajada pelo exemplo de José Sócrates, proponho aqui um novo exercício de propaganda…

    «No encerramento da cerimónia de apresentação do relatório da OCDE sobre educação política para o primeiro ciclo(2005-2008), Gertrudes A. da Cunha declarou que "valeu a pena resistir, não desistir, enfrentar as dificuldades. Este é o caminho para o sucesso".Reprovando a sinistra da Educação, Gertrudes A. da Cunha recordou as "dificuldades" e incompreensões que a cidadania tem enfrentado ao longo dos últimos anos, concluindo que "ainda não chegámos lá".
    Na sua intervenção, Gertrudes A. da Cunha criticou ainda a oposição, lamentando que apenas digam que o Governo está apenas a trabalhar para as estatísticas. "Que pobreza de debate político, que lamentável a atitude dos partidos políticos de dizerem que lá está o Governo a trabalhar para as estatísticas, como se as estatísticas fossem o mais importante", afirmou, sublinhando que a degradação da qualidade de vida dos cidadãos foi um sucesso.»

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  3. Não tenho peias em afirmar que simpatizo com Sócrates, ainda não me esqueci dos que o antecederam, nem vou esquecer, no entanto, este episódio abalou-me um tanto! Mentir sim, desta maneira é que não! Foi tão inconsequente, que até me envergonho! Não são atitudes de gente responsável! No entanto tenho o discernimento necessário para conceber que quem o acusa, refiro-me à oposição, são outros que tais! Como já disse, não tenho a memória curta! Talvez seja este o meu grande defeito!

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  4. Até agora a única responsabilidade que reconheço ao senhor engenheiro e desenhador de casinhas, consiste na responsabilidade de mentir impunemente

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  5. Há dias resolvi interpelar a OCDE:

    1º mail meu para OCDE:

    Os professores de Portugal estão muito descontentes com a educação do país e reclamam que a OECD faça algo urgentemente. As nossas escolas tem 28 alunos por turma, não existem praticamente apoios para alunos com necessidades educativas especiais porque o governo não quer gastar dinheiro com professores especializados. Estou numa escola que não tem aquecimento nem armários nas salas nem para os alunos. Os alunos estão no inverno com casacos vestidos dentro das salas. Estão a impor-nos um sistema de avaliação com o qual não concordamos. Ajudem-nos por favor.

    Portugal teachers are very grumblers with the education of the country and require that the OECD make something urgently. Our schools have 28 pupils for group, practically there are no supports for pupils with educative special necessities because the government does not want to spend money with specialized professors. I am in a school that does not have heating near Oporto nor closets in the class nor for the pupils. Pupils have their coats dressed in the class room. They are to impose the one evaluation system to which we do not agree. Chile was the only country that was trying to implement that evaluation and already stoped it because of teachers complain. Most teachers spend 6 and more years far from home with no financial suply. Help us please. Goverment want to spend money in TGV, football, airports and our children don`t have a proper school.

    RESPOSTA:

    Dear Ana Fernandes,

    Thank you very much for writing to us to share your concerns about education in Portugal.

    The report released in Lisbon earlier this week, Policy Measures Implemented in the First Cycle of Compulsory Education in Portugal, was carried out by independent experts who were directly commissioned to carry out this work by the Portuguese Ministry of Education. The study was led by Dr. Peter Matthews, Visiting Professor at the Institute of Education, University of London and international consultant in the area of education. Peter Matthews has worked as a consultant for the OECD on other occasions and for this exercise his team chose to use an approach very similar to the one that OECD has used in assessing education policies over a number of years.

    Although the OECD had no input into the contents of the report, which remain the responsibility of the authors themselves, it was invited by the Portuguese authorities to write the foreword, a task we were happy to accept after reading the report. The OECD also agreed to participate in the event to launch the report with a discussion of the issues raised in the report. External and independent assessments by experts are a valuable input to inform policy debates and assist with the design and implementation of policies. They can provide useful insights for policy development. The recommendations of the independent experts in this report are thoughtful and constructive and on that basis, they merit the full consideration of Portuguese education stakeholders in the pursuit of better education for all in Portugal.

    Best regards,

    Susan Copeland

    Esta foi a tradução tosca que consegui fazer do texto:

    O relatório realizou-se em Lisboa no início da semana, “As medidas políticas executadas no primeiro ciclo em Portugal”, foi realizado por peritos independentes que foram directamente encarregues pelo Ministério da Educação de realizar este trabalho. O estudo foi conduzido pelo Dr. Peter Matthews, professor visitante no Instituto da Educação, na Universidade de Londres e consultor internacional na área da educação. Peter Matthews trabalhou como um consultor para a OCDE noutras ocasiões e para este exercício a sua equipe escolheu usar uma aproximação muito similar a essa que a OECD usou para avaliar políticas da educação durante vários anos.

    Embora a OCDE não tivesse nenhuma entrada nos índices do relatório, permanecendo exclusiva a responsabilidade dos autores, foram convidados pelas autoridades Portuguesas a escrever o prefácio, uma tarefa que nós ficamos felizes em aceitar após ter lido o relatório. A OCDE concordou também em participar no evento para lançar o relatório com uma discussão das edições levantadas no relatório.

    As avaliações externas e independentes por peritos são uma entrada valiosa para informar debates da política e a ajudá-las com o projecto e execução das políticas. Podem fornecer introspecções úteis para o desenvolvimento de política. As recomendações dos peritos independentes neste relatório são para reflectir e construtivas merecendo, nessa base, a consideração plena das partes interessadas na busca de uma melhor educação em Portugal.

    2ºmail para OCDE:

    Dear Susan Copeland

    Thanks for your answer, Susan.
    Please alow me to make one other question.
    I wonder if Dr. Peter Matthews used only 10 schools of 7 autarchies from the same political party of the Portugal goverment in that study (approach very similar to the one that OECD has used in assessing education policies over a number of years) in other countries?
    In pre-electoral campaign as the goverment is, using OECD as related to the study, we (teachers) feel no hope in the pursuit of better education for all in Portugal. It was mentioned, by our 1st minister, compliments that had been made to the teaching evaluation during the event of launching of the report. I inform you that the teaching evaluation concerns the professors of 1º, 2º, 3º cycle and secondary. With this politic weapon, me, together with two hundred and thousand that protested in Lisbon, we lose credibility on those less informed.
    I think that Dr. Peter Matthews refered the instability of the professors in the country but little detached.
    It would help a lot this country, without wanting to diminish what of good they have done on 1º cycle, that the reality became known since this ministry already treated teachers very badly saying that we work few hours, that the guilt of students school abandonment is ours although the information I gave you about school conditions and awfull social conditions of the country. They have turned public opinion against us turning our job with young students worse.
    I, a simple 2nd cycle teacher, believe that it would be very important if OECD and Dr. Peter Matthews come to public with other studies like ” Education at a glance”- OECD (2006) pages 30,34,36 and most important page 40.
    I believe that Susan have heard lots of complains but we have to believe in something, in someone, in anything.

    EM PORTUGUÊS:

    Cara Susan Copeland

    Obrigado pela sua resposta, Susan.

    Permita-me que faça outra pergunta. Interrogo-me se o Dr. Peter Matthews terá usado apenas 10 escolas em 7 autarquias do mesmo partido que o governo nesse estudo (aproximação muito similar aquela que a OCDE usou para avaliar políticas da educação durante vários anos) noutros países.

    Na pré-campanha eleitoral em que o governo se encontra, usando a OCDE como relacionada ao estudo, nós (professores) ficámos sem esperança na busca de uma melhor educação para todos em Portugal. Foi mencionado, pelo nosso 1ª ministro, os elogios que tinham sido feitos à avaliação durante o evento de lançamento do relatório. Eu informo-a que a avaliação docente é relativa aos professores do 1º, 2º, 3ºciclo e secundário.

    Com esta arma política, eu, junto com duzentos mil que protestaram em Lisboa, perdemos credibilidade junto dos menos informados.
    Eu penso que Dr. Peter Matthews referiu a instabilidade dos professores no país mas com pouco destaque.
    Ajudaria muito este país, sem querer diminuir o que de bom fez no 1ºciclo, que a realidade se torne conhecida já que os professores foram muito mal tratados por este ministério dizendo que trabalhamos poucas horas, que é nossa a culpa do abandono escolar por parte dos estudantes apesar das informações que lhe dei sobre as condições da escola e péssimas condições sociais do país. Viraram contra nós a opinião pública tornando nosso trabalho com os jovens estudantes ainda pior.
    Eu, uma simples professora do 2ºciclo, acredito que seria muito importante a OECD e Dr. Peter Matthews vir a público com outros estudos como ” Education at a glance”- OECD (2006) paginas 30,34,36 e, mais importante ainda, a página 40.
    Acredito que a Susan tenha ouvido muitas queixas mas nós temos que acreditar em algo, em alguém, em alguma coisa.

    in http://profindignada.wordpress.com/

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  6. Ana, creio que se chama a isso cidadania; muito obrigada

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