Fico indignado com a estória do «Magalhães» ser «totalmente concebido e produzido em Portugal», como dizia o nosso Primeiro Ministro (PM) na recente Cimeira Ibero-Americana. Sinceramente não percebo esta atitude. Não faz nenhum sentido. Não promove Portugal, não ajuda na atitude que temos de adoptar para melhorar a competitividade e a produtividade e não resolve nada relativo à nossa imagem externa.
O «Magalhães» é um CLASSMATE da Intel. Basta ver o site, na secção de vídeos, para ver a versão da Tailândia, Nigéria e Brasil.
Talvez o «Magalhães» seja um bom negócio, algo que até justificasse o envolvimento do governo para trazer a produção para Portugal. Porque não? Talvez isso seja interessante, não sei se é. Poderia envolver a indústria de moldes e dos plásticos, anunciando uma parceria com a Intel para co-produzir um computador para o mercado estudantil. E até poderia envolver a indústria nacional do software, para produzir conteúdos em português, etc. E aí o PM dizia que, no quadro da política governativa para a educação, queriam introduzir um PC portátil no 1º ciclo e decidiram fazer uma parceria com a Intel, que envolvia a indústria nacional na produção da caixa e assim conseguiria um produto que interessava ao país e até poderia ser exportado. Ok! Discordo da estória do portátil no 1º ciclo (ver «Livros e Magalhães»). Mas é o governo que tem de governar, foi eleito para isso. É uma opção que terão de justificar, mas é legítimo que a tomem.
Mas para quê inventar e esconder a verdade? De que vale? Para que serve? Ou melhor, a quem serve?
O «Magalhães» é uma cópia. O vídeo seguinte mostra a evolução do ClassMate, onde se pode ver a versão que agora o nosso PM diz ser «totalmente concebida em Portugal», e que decidiram chamar «Magalhães»:
Também se faz o crash-test neste vídeo. Mas no «Magalhães», segundo o nosso PM, o crash-test foi feito pelo «Presidente Chavez».
Para completar vejam esta apresentação PowerPoint feita pelo responsável do Plano Tecnológico numa conferência organizada pela União Europeia: «Portugal as a living LAB», diz ele..., onde o «Magalhães» já não é totalmente concebido em Portugal, mas antes «Made in Portugal based on the Intel ClassMate platform». Ok, está mais próximo da verdade, mas também era o que faltava dizer aquilo do «totalmente concebido em Portugal» numa conferência europeia (o que diz tudo sobre o respeito que o PM demonstrou pelos nossos parceiros ibero-americanos). Mas isso não é um laboratório, senhor coordenador. É uma fábrica onde se monta uma coisa que já existia: não está errado, mas é o que é. Portanto, queria dizer: Portugal as a living factory (chinese like?)...
Irritam-me estas coisas. Portugal tem coisas muito interessantes, que resultam de projectos em consórcio entre instituições de I&D e empresas, ou de I&D feito em empresas, ou de spin-offs universitárias, etc. Coisas relevantes, que mostram a nossa capacidade de inovar e ter sucesso. É nisso que tem de ser colocado o nosso esforço de promoção, para que mais empresas apostem em I&D, para que apareçam mais empresas resultantes de I&D feito em Universidades e centros de investigação, para que o país surja de uma vez por todas como um país que é capaz de se reinventar e ter sucesso com base justamente na capacidade dos seus cidadãos. Em colaboração (em rede) com o mundo, porque nada se faz isolado.
Como exemplo de algo verdadeiramente concebido em Portugal, com inteligência portuguesa, que dá cartas no competitivo mundo das comunicações para PME, vejam a EdgeBox da Critical-Links:
A Critical Links é uma spin-off da Critical Software, uma empresa portuguesa, nascida em Coimbra, e hoje um player mundial em várias áreas onde o conhecimento e a capacidade de inovação são a mais preciosa vantagem competitiva no mercado global.
Um produto que «está à frente», como diz João Carreira (CEO da Critical-Links e um dos co-fundadores da Critical-Software), e que a própria Intel (que concebeu o Classmate, denominado «Magalhães» em Portugal) classificou como «história de sucesso».
A EdgeBox é só um exemplo. Podia falar de centenas de empresas e produtos, esses sim «concebidos em Portugal» para o mundo.
Portugal tem de apostar na indústria baseada no conhecimento, na capacidade de adicionar valor aos produtos que aqui fazemos, na capacidade de criar novos produtos, na capacidade de gerir melhor, organizar melhor... São esses bons exemplos que devemos promover. Para que se multipliquem. Os trabalhadores portugueses quando colocados em ambientes mais organizados, produzem mais e são elogiados. É necessário que o façam também em Portugal. Só assim seremos competitivos e seremos capazes da revolução tranquila que constitui a aposta na inteligência.
É nisso que temos de colocar o nosso foco. Eu diria que o nosso futuro depende disso.
Post de J. Norberto Pires, professor de Engenharia Mecânica da Universidade de Coimbra e CEO da Coimbra Inovação, gamado daqui (os sublinhados são meus).
O «Magalhães» é um CLASSMATE da Intel. Basta ver o site, na secção de vídeos, para ver a versão da Tailândia, Nigéria e Brasil.
Talvez o «Magalhães» seja um bom negócio, algo que até justificasse o envolvimento do governo para trazer a produção para Portugal. Porque não? Talvez isso seja interessante, não sei se é. Poderia envolver a indústria de moldes e dos plásticos, anunciando uma parceria com a Intel para co-produzir um computador para o mercado estudantil. E até poderia envolver a indústria nacional do software, para produzir conteúdos em português, etc. E aí o PM dizia que, no quadro da política governativa para a educação, queriam introduzir um PC portátil no 1º ciclo e decidiram fazer uma parceria com a Intel, que envolvia a indústria nacional na produção da caixa e assim conseguiria um produto que interessava ao país e até poderia ser exportado. Ok! Discordo da estória do portátil no 1º ciclo (ver «Livros e Magalhães»). Mas é o governo que tem de governar, foi eleito para isso. É uma opção que terão de justificar, mas é legítimo que a tomem.
Mas para quê inventar e esconder a verdade? De que vale? Para que serve? Ou melhor, a quem serve?
O «Magalhães» é uma cópia. O vídeo seguinte mostra a evolução do ClassMate, onde se pode ver a versão que agora o nosso PM diz ser «totalmente concebida em Portugal», e que decidiram chamar «Magalhães»:
Também se faz o crash-test neste vídeo. Mas no «Magalhães», segundo o nosso PM, o crash-test foi feito pelo «Presidente Chavez».
Para completar vejam esta apresentação PowerPoint feita pelo responsável do Plano Tecnológico numa conferência organizada pela União Europeia: «Portugal as a living LAB», diz ele..., onde o «Magalhães» já não é totalmente concebido em Portugal, mas antes «Made in Portugal based on the Intel ClassMate platform». Ok, está mais próximo da verdade, mas também era o que faltava dizer aquilo do «totalmente concebido em Portugal» numa conferência europeia (o que diz tudo sobre o respeito que o PM demonstrou pelos nossos parceiros ibero-americanos). Mas isso não é um laboratório, senhor coordenador. É uma fábrica onde se monta uma coisa que já existia: não está errado, mas é o que é. Portanto, queria dizer: Portugal as a living factory (chinese like?)...
Irritam-me estas coisas. Portugal tem coisas muito interessantes, que resultam de projectos em consórcio entre instituições de I&D e empresas, ou de I&D feito em empresas, ou de spin-offs universitárias, etc. Coisas relevantes, que mostram a nossa capacidade de inovar e ter sucesso. É nisso que tem de ser colocado o nosso esforço de promoção, para que mais empresas apostem em I&D, para que apareçam mais empresas resultantes de I&D feito em Universidades e centros de investigação, para que o país surja de uma vez por todas como um país que é capaz de se reinventar e ter sucesso com base justamente na capacidade dos seus cidadãos. Em colaboração (em rede) com o mundo, porque nada se faz isolado.
Como exemplo de algo verdadeiramente concebido em Portugal, com inteligência portuguesa, que dá cartas no competitivo mundo das comunicações para PME, vejam a EdgeBox da Critical-Links:
A Critical Links é uma spin-off da Critical Software, uma empresa portuguesa, nascida em Coimbra, e hoje um player mundial em várias áreas onde o conhecimento e a capacidade de inovação são a mais preciosa vantagem competitiva no mercado global.
Um produto que «está à frente», como diz João Carreira (CEO da Critical-Links e um dos co-fundadores da Critical-Software), e que a própria Intel (que concebeu o Classmate, denominado «Magalhães» em Portugal) classificou como «história de sucesso».
A EdgeBox é só um exemplo. Podia falar de centenas de empresas e produtos, esses sim «concebidos em Portugal» para o mundo.
Portugal tem de apostar na indústria baseada no conhecimento, na capacidade de adicionar valor aos produtos que aqui fazemos, na capacidade de criar novos produtos, na capacidade de gerir melhor, organizar melhor... São esses bons exemplos que devemos promover. Para que se multipliquem. Os trabalhadores portugueses quando colocados em ambientes mais organizados, produzem mais e são elogiados. É necessário que o façam também em Portugal. Só assim seremos competitivos e seremos capazes da revolução tranquila que constitui a aposta na inteligência.
É nisso que temos de colocar o nosso foco. Eu diria que o nosso futuro depende disso.
Post de J. Norberto Pires, professor de Engenharia Mecânica da Universidade de Coimbra e CEO da Coimbra Inovação, gamado daqui (os sublinhados são meus).
Finalmente o selo dos blogues que estiveram em destaque semanalmente, ao longo destes meses, já está on line, pelo que tendo siso um dos Blogues Destaque, se estiverem interessados poderão colocar no seu blogue o referido selo…
ResponderEliminarUm abraço ;))
Em primeiro lugar gostaria de deixar os meus parabéns por este belo Blog. Entendemos que merece total destaque, por isso mesmo foi por nós escolhido para Blog da semana. Desde já fica o meu convite pessoal para uma visita ao nosso espaço. Cumprimentos
ResponderEliminarTudo muito bem, mas porque raio é que o homem escreve «estória» em vez de história?
ResponderEliminarAntónio
Andaram a censurar-te ou caíram os links? Estou a fazer outro novo, à séria, depois mando-te o link
ResponderEliminarAdorei o Oliveira da Figueira
'Tás feita, Leopardo... os fãs da Norah Jones e do James Blunt gostam de ti.
ResponderEliminarmenina_marota, obrigada pelo destaque
ResponderEliminarrui figueiredo vieira, muito obrigada pelo destaque também
a, tem graça, eu também embirro - e muito - com essa história da «estória», mas pronto, no contexto, não achei importante
arara, acho que deve ter sido temporário, às vezes eu tb. tenho que fazer refresh para os vídeos aparecerem. acho que os links estão lá sempre. vou confirmar
joão, quem são esses, porra!
arara, esqueci-me de te dizer que roubei o sr. oliveira ao joão lisboa, no Provas de Contacto
ResponderEliminarTanta ciência não se percebe bem para quê. Os políticos são agentes de vendas do poder económico. (E não será a crise financeira que lhes alterará o estatuto, como eles agora se julgam tão benquistos). As embaixadas lusas deviam ter montras com enchidos, chouriço, ovos moles, papas de serrabulho etc. é para isso que eles servem. Para governar que venha a Drª. Srª. Leite... (por esta ordem).
ResponderEliminarPodiam inclusive aproveitar esta onda toda para publicitar os livros do Joaquim Manuel Magalhães.
ResponderEliminarAntónio.
António, ainda me estou a rir...
ResponderEliminarTenho muita pena do que leio aqui mas sobretudo de quem aqui comenta, da forma previsível como o faz, carregada de lugares-comuns e preconceitos. Muita, muita mas mesmo muita pena. E sei muito bem porque lamento e tenho vergonha do que acabo de ler. Embora nada disto me espante e tudo isto estivesse já instalado na cor cinzenta da pele de quem assim escreve. Tanto tempo desperdiçado!
ResponderEliminaranónimo, lamento que tenha ficado triste. não descortino o motivo e, sobretudo, não percebi essa coisa «da cor cinzenta da pele». está-me a escapar alguma coisa?
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