MEDITAÇÃO DE SEXTA: «Outras guerras: a vitória dos “espetadores”»
Escreve Isabela Figueiredo no Expresso (14 de Novembro), crónica “Eu fazer, tu fazer, ele fazer”: “Se a língua é um organismo vivo, precisa de movimento. Fazer exercício, embora nos possa custar, revigora-nos.” – sendo a língua um organismo vivo, precisamente, não se percebe a razão de a mudarem por decreto. “Em 1924 não se falava nem escrevia o português de hoje.” – nem La Palice ousaria afirmar o contrário. “Proteger a língua de maus-tratos é uma tarefa inglória. Não se pode travar a corrente de um rio.” – para quê, então, massacrar o cérebro dos petizes ensinando-lhes que cozer e coser significam coisas diferentes? “Escrevia-lhes [aos alunos] no quadro “redacção”. Pedia que lessem. Liam redação. Segundo passo: escrevia “redação”. Liam redação.” – e se escrevesse espetador, leriam “espétador”? “Não será desprezível lembrar que o uso da língua reflete posições e ambições de poder que ninguém quer perder” – se fôssemos todos analfabetos era a democracia?
Sem comentários:
Enviar um comentário
Pode comentar à-vontade. Em caso de comentários imbecis, pode dar-se o caso de não gostar da resposta.