« (...) No meio de tantos modismos importados, retardados e enfadonhamente elegantes – apesar de o poema ser anterior, ao período da pasta assentariam como uma luva os versos de Cesariny: “Vamos ver o povo / Que lindo é / Vamos ver o povo. / Dá cá o pé. // Vamos ver o povo. / Hop-lá! / Vamos ver o povo. // Já está.” –, o kitsch, enquanto negação absoluta da merda, na feliz definição de Milan Kundera, nunca deixou de estar à espreita. Sorrateiramente foi avançando e ganhando terreno como no jogo infantil “Um, Dois, Três, Macaquinho do Chinês” (já que me deu para as memórias), e ei-lo hoje que se passeia em todo o seu esplendor, plasmado, antes de mais – e esqueçam os inofensivos napperons sobre os frigoríficos – na obrigatoriedade de sermos felizes e esquecer a merda, um pregão que ecoa pelos programas televisivos da manhã que se estendem pela tarde e já nem as nossas noites são mais belas do que os dias deles.
Pode comentar à-vontade. Em caso de comentários imbecis, pode dar-se o caso de não gostar da resposta.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Pode comentar à-vontade. Em caso de comentários imbecis, pode dar-se o caso de não gostar da resposta.