MEDITAÇÃO DE SEXTA: «DANÇAR À CHUVA»

 «(...) por cá, um pouco enfastiados com a sucessão de novelas político-ó-partidárias sem esquecer o futebol, preocupou-nos sobremaneira o imposto sobre o valor acrescentado taxado às meloas e melancias. A Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) veio esclarecer que estão as primeiras isentas de IVA, ao contrário das segundas. Porquê? Porquê? Clamaram os portugueses, arrepanhando os cabelos e acrescentando, qual senhor Seixas na fita O Pai Tirano: “Ó inclemência! Ó martírio! Estará porventura periclitante a saúde dessa nobre medida, o IVA Zero, que tanto o nosso Governo ajudou a criar?”.

A resposta da AT chegou lesta. A melancia é fácil: não está isenta porque “não se encontra elencada na Lei n. 17/2003 de 14 de Abril”. Não o estando também a meloa, trata-se de um caso completamente diferente, porque embora não conste da Lei a elencagem da meloa, está lá elencado o melão, e sendo a meloa uma variedade do melão é de justiça que se aplique à meloa critério idêntico ao aplicado ao melão.

Chegada aqui, qual soldado Švejk, declaro obedientemente que esta gente é louca. E continuando a parafrasear Jaroslav Hašek, mais declaro obedientemente que isso não lhes serve de desculpa.»