23/06/23

MEDITAÇÂO DE SEXTA: «Crónica que era para ser do não»

« (...) Ainda me lembrei da alfarrobeira, árvore que assombrosamente casa rusticidade com o aveludado das folhas e o perfume voluptuoso das vagens e que, antecedendo o mar em direcção ao Sul, tão bem revela esse “Algarve impressionista e mole” sobre o qual versejava o poeta João Lúcio. Fugaz lucubração. Depressa abandonado o lirismo e abraçado de pronto o realismo, ocorre-me a crueza da seca, as azeitonas queimadas pelo sol no topo das oliveiras e as uvas pendendo murchas pelos muros, alguns preservando ainda a brancura primitiva da cal. Ah! O calor! A alegria dos banhistas e o tormento dos campos.

3 comentários:

  1. Não, devemos voltar às sombras das árvores, para ler livro nenhum.

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    1. Pior: devemos voltar à sombra das árvores, apenas pela sombra das árvores.

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    2. Ainda pior: já não consigo sentir “o aveludado das folhas”, mas talvez ainda me incomode o perfume urgente da época de acasalamento.

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