ARTURO PÉREZ REVERTE: UMA ENTREVISTA PARA TODOS OS ENTEDIADOS QUE DISPARAM MÍSSEIS DOS SOFÁS E ATÉ ACHAM QUE OS UCRANIANOS TRATAM MELHOR OS CÃES DO QUE OS RUSSOS AS PESSOAS
E reafirmo: não haverá nada mais repugnante do que os Vivas à Guerra! Talvez apenas o abuso sexual de crianças.
«... E eu vi a guerra civil. Cobri várias guerras civis como repórter e é sempre o mesmo. A condição humana vem à superfície no bom e no mau. Solidariedade, bondade, camaradagem, compaixão, bem como mesquinhez, maldade e crueldade. Assim, uma guerra civil é um lugar onde é muito difícil traçar linhas entre o bem e o mal, porque é tudo muito confuso. O problema em Espanha agora é que há pessoas que não conheceram a guerra, que não a viveram e estão a fazer um discurso absolutamente pernicioso sobre a Guerra Civil, como se houvesse realmente um lado bom onde não houvesse culpa e um lado mau onde não houvesse virtude. E isto é até perigoso. É por isso que este romance visa equilibrar as coisas. Ou seja, de ambos os lados houve heroísmo e crueldade, maldade e coisas admiráveis. Isso é porque os seres humanos são assim. Vejam, a guerra é a mesma. De Troia à Ucrânia. A forma técnica de fazer a guerra, de matar e destruir, mudou. Mas o ser humano é o mesmo. Assim, na guerra ucraniana, que é a guerra mais recente que todos nós temos, todos vimos na internet imagens dos dois lados a fazer atrocidades e a fazer coisas heroicas. Os russos fazem coisas terríveis e belas, e também vimos prisioneiros mortos, prisioneiros russos mutilados por ucranianos ou ucranianos mutilados por russos. Esse é o ser humano. Assim, é claro, a guerra é o ser humano levado ao extremo da sua bondade e do seu mal. E foi exatamente isso que aprendi quando era repórter de guerra, que os seres humanos não são desprezíveis nem admiráveis, e que ambos o são ao mesmo tempo. (,,,)»
Cheguei a acreditar que na Europa não teríamos mais guerras sob a forma armada.
ResponderEliminarPensei que as guerras no futuro seriam económicas ou por via de ataques informáticos.
Mas não. E o pior foi assistirmos à legitimação (em muitos jornais e sikis) de ver num jovem armado um acto de heroísmo.