De repente, é ver a indignação que vai para aí com o PCP, cujos militantes, em tempos que já lá vão, eram denominados revisas ou mesmo social-fascistas. Há até quem fale da hipótese de criminalizar o partido que continua a ser de Cunhal pelas suas posições sobre a guerra na Ucrânia; outros, mais afoitos, pugnam já pela sua ilegalização.
Não tendo nada a ver com o PCP — coisa que é mesmo de família — não deixa de me fazer confusão esta bandeira anacrónica erguida com destemor nos anos 20 do século XXI.
Com o ex-presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, catapultado a ministro das Finanças, apesar de ter sido durante a sua vigência que se enviaram para a embaixada russa (entre outras) os dados pessoais de opositores ao regime de Putin, o escândalo estala agora porque há russos metidos ao barulho na recepção aos refugiados (e note-se que em várias câmaras municipais e não apenas na de Setúbal).
Vem mesmo o presidente de uma associação ucraniana — Ukrainian Refugees UAPT — declarar-se abismado por ainda existir um partido comunista em Portugal.
Bom, alguém lhe podia responder: é a democracia, pá, basicamente.
E quem concluir que serei uma espécie de compagnon de route (expressão tão anacrónica como o próprio PCP ou/e a gritaria que para aí vai contra o partido que continua a ser do Cunhal...) pode ir dar banho ao cão.
[E repare-se como o problema deixou de ser os russos pró-Putin e passou a ser os russos tout court: Nós não temos nenhum russo...]
A estupidez anda a galope, em Portugal e não só.
ResponderEliminarTenho ucranianos/chineses/coreanos/russos e até ingleses, nos meus contactos e só posso dizer isto: São tão parvos como os outros.
<(") Ash
Não é "russos", é russos pró-Putin e comunistas idem. https://lishbuna.blogspot.com/2022/04/blog-post_59.html
ResponderEliminarJoão, tudo o que quiseres... A mim o que me parece mesmo bastante parvo é um representante de uma associação de solidarieade fazer a pergunta que fez, além de afirmar (sic) que não têm lá russos. E não deixo de achar curioso que quando o ISIS andava a cortar cabeças houvesse tanta gente a falar de ismalofobia e agora se se falar de russofobia é-se imediatamente suspeito de simpatias pró-Putin. Enfim.
ResponderEliminarO presidente da associação de solidariedade é, obviamente parvo ou pior. Há-os em todo o lado.
ResponderEliminar"se se falar de russofobia é-se imediatamente suspeito de simpatias pró-Putin"
É inevitável que, nestas circunstâncias, esse tipo de equiparações instantâneas aconteça. Proibir, por exemplo, a execução de peças de compositores clássicos russos é debilidade mental pura. Mas só por "milagre" isso não aconteceria.
João, concedo evidentemente que seria inevitável. Mas que gente com responsabilidade social alinhe na propagação do ódio já me parece inaceitável. De resto, ver bater palmas ao silenciamento da Netrebko porque não foi suficientemente enfática a condenar a invasão (aliás, do lado russo também levou porrada) diz muito do espírito do tempo...
ResponderEliminar"ver bater palmas ao silenciamento da Netrebko porque não foi suficientemente enfática a condenar a invasão (aliás, do lado russo também levou porrada) diz muito do espírito do tempo"
ResponderEliminarClaro que sim.
Só mais um pormenor: quando dizes "em tempos que já lá vão, eram denominados revisas ou mesmo social-fascistas", chamar-lhes "revisas" era, evidentemente, palerma: eles não "reviam" coisíssima nenhuma - de pinta chinesa. russa, jugoslava ou albanesa, era, como diz o p.o.v.o., tudo farinha do mesmo saco. Já "social-fascista" parece-me uma qualificação que resistiu muito bem aos anos.
João, digamos que "revisas" era mais curto... Mas sim, nisso o MRPP tinha razão: social-fascistas resistiu melhor ao tempo :)
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