AGAIN, A POLÍTICA
E pronto, mais uma vez se salvaram à tangente, os dissimulados corsários. Citado do Seguro. Porque o que se prevê agora é o seguinte, o Portas vai negociar com a Troika e expô-la à mesma chantagem que expôs o país, isto é, vai conseguir no limite uma renegociação da dívida, e depois, projectado como salvador pátrio, vai-se entreter a devorar osso a osso a codorniz que se pensava um coelho. Pelo meio dar-se-á uma invaginação, ou seja o CDS vai sugar no seu útero o seu parceiro de coligação.
E nas próximas eleições metade das pessoas que agora estava tão renhidamente contra nas redes sociais vai achar que mais vale votar na segurança e na manutenção e temos governo à direita nos próximos seis anos. Sobreviverá Seguro, a remos, na jangada? É duvidoso, Seguro que hoje pela primeira vez produziu uma frase com punch: “o mal está feito!” (dava uma boa canção, se quiserem faço a letra…). É muito pouco para tanta parra.
Os jornalistas entretanto continuam a querer competir para ver quem é o mais estúpido e agarraram-se à palavrinha denegada: irrevogável.
E não compreendem a coisa simples: ele revogou porque a política se faz também de desejo e não apenas de dever e as palavras nela são simplesmente bífidas – é um jogo. Se o homem quisesse ser santo iria para a igreja e não para a política. A aura da irrevogabilidade é o que lhe fez ganhar a parada; ele foi tão irrevogável que ganhou em toda a linha, num lance verdadeiramente shakespeariano, até no patetismo. O homem soube cruzar Shakespeare com o lema de Lenin: dar um passo atrás para depois dar dois à frente. É o pós-modernismo, pá!
Por isso o silêncio dele nas costas de Coelho foi mais ruidoso do que tudo o que o outro procurou articular para fingir que não era o Américo Tomás da nova era.
Ninguém deu conta de que o Paulo Portas na reunião entre os dois partidos, no hotel Tivoli (por que é que os políticos fazem tudo nos hotéis como as putas?), estava com um lápis? Um lápis com borracha na ponta. Lição para o país: aquilo que se escreve pode-se apagar. Qual foi a primeira palavrinha que ele apagou do seu caderno?
Vamos aos comentários. Semedo, do BE, leu o discurso do Coelho absolutamente ao contrário, como quis e não o que o seu conteúdo relatava. Está tudo dito, não está?
E como é que um comentador, Pedro Silva Pereira, do PS, vai à televisão confessar que foi consultar ao dicionário da Porto Editora o significado da palavra “dissimular”? Nem como reforço retórico é admissível que um adulto de 40 anos, um responsável político, confidencie que não entende metade das palavras que lê nos comunicados políticos dos partidos adversários. Isto é sério? Depois agarrou-se ao osso da “irrevogação”, tadito…
Será que podemos finalmente ter conversas de adultos?
O banco do Vaticano dedicava-se a lavagem de dinheiro. Parece-me que não chega que o Papa se chame Francisco… a não ser que isso valide o que disse Marx: o que foi por uma vez trágico voltará de novo em farsa…
António Cabrita
se logo na noite das eleições vão para os hotéis para ver os resultados na televisão, para quê mudar de instalações?
ResponderEliminar(isto não é uma bola de berlim, é um mil folhas)
Porque boa parte deles, neste momento, são umas putas.
ResponderEliminarÉ uma boa leitura, mas errada. Passos Coelho pode ser estúpido, ignorante e burro, mas enquanto o outro andava a entreter-se com jornais, já ele andava nas associações de estudantes a desenvolver-se como político. É como um jogador de futebol: não lhe peçam entrevistas de fundo, o que interessa é que o gajo no campo é bestial e sabe fazer fintas.
ResponderEliminarPortas ganhou, é certo, mas o que conta aqui é a demissão de Gaspar: isto está tão fodido que vai rebentar nas mãos do Portas. E depois, o que é o Portas entende de economia? É para rir. Aliás, basta ver a cara dos dois no hotel para deduzir que o Portas tem muito mais a perder.
Aliás, já daqui a uma semana o grande Portas vai ter que apresentar a sua grande reforma do Estado e o corte do quase 5 mil milhões. O "crescimento" vai ficar noutras mãos.
ResponderEliminarPutas e hotelaria a mesma luta: quanto mais de passagem menos o IVA atrapalha o pote.
ResponderEliminarMas eu gostei de verificar como o Portas era tanto o amado líder do CDS como eu.
O maquiavélico e inteligente Portas afinal era só um folclore pós-moderno do CDS para as têves: quando o amado líder deixa a coligação o patriarcado do CDS toma o poder, muda a data do congresso e esclarece, em conferência de imprensa, que o parecer do incontestado e amado líder não é o parecer do CDS.
E, não satisfeitos, obrigam Portas a reunir de novo com o irremediável Coelho, a engolir a terríbil Albuquerque e a esperar a bênção do Silva.
Que fará Portas?
Já tem a Albuquerque, a troika, a economia e o assalto final às reformas.
Por megalomania? Eu cá, se fosse ao Portas, lixava-os bem lixados e passava a herói nacional.
Ao Portas e ao Coelho todos somos obrigados a pagar, nesse sentido sao piores do que as mulheres a quem só pagam os homens que são como elas...
ResponderEliminarA estes três ( com o Cavaco)pagamos, vivem à nossa custa e afundam aquilo a que chamam o "seu país".
Custa a suportar ainada mais do que o calor . Muito mais.
Custa tanto, mas tanto, que vou arrefecer a cabeça - como se faz aos fogões de luxo - meu último privilégio.
ResponderEliminarLevo uma bola de berlim na mão para não me perder no regresso.