18/03/12

Para não estar sempre a bater no mesmo ceguinho

Algures nas caixas de comentários, uma cliente deste tasco levantou a hipótese de eu ter um questão pessoal com o José Luís Peixoto. Não conhecendo eu sequer o José Luís Peixoto, deixo hoje, para variar, um excerto encontrado na NET assinado por valter hugo mãe, o qual (excerto) em nada fica atrás, apesar das minúsculas, dos outros que transcrevi aqui do autor de Morreste-me.
E, a propósito de ambos os citados, cito o malogrado Christopher Hitchens: Everybody does have a book in them, but in most cases that's where it should stay.


Excerto de a máquina de fazer espanhóis, valter hugo mãe: “Abracei o corpo da minha mulher, segurei-lhe a mão, a sua cabeça no meu ombro,criei um pequeno embalo, como para adormecê-la, ou como se faz a quem chora e queremos confortar. vai ficar tudo bem, vai correr tudo bem. o que era impossível, e o impossível não melhora, não se corrige. estávamos encostados à parede, sobre o cortinado, como fazíamos na juventude para os beijos e para as partilhas tolas de enamorados. estávamos escondidos de todos, eu e a minha mulher morta que não me diria mais nada, por mais insistente que fosse o meu desespero, a minha necessidade de respirar através dos seus olhos, a minha necessidade vital de respirar através do seu sorriso. eu e a minha mulher morta que se demitia de continuar a justificar-me a vida e que, abraçando-me como podia, entregava-me tudo de uma só vez. e eu, incrível, deixava tudo de uma só vez ao cuidado nenhum do medo e recomeçava a gritar.”
Incrível, indeed.

12 comentários:

  1. E mais nada!

    Ass. Um Peixoto que não é José Luis

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  2. "Everybody does have a book in them, but in most cases that's where it should stay."
    Nas Correntes d'Escritas referiram Rilke e por coincidencia logo a seguir vi numa cronica dum colega o conselho que Rilke deu a um poeta. "Se podes viver sem escrever, não escrevas."

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  3. "a minha necessidade de respirar através dos seus olhos, a minha necessidade vital de respirar através do seu sorriso" - ai é isto que está a dar?

    Obrigada por este excerto e o de José Luís Peixoto, lá em baixo. Muito informativo.

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  4. Gosto bastante da escrita de valter hugo mãe, uma prosa poética, muito bem conseguida.
    E acho ridículos os comentários anteriores.
    Tenho dito.

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  5. Aonde diz aqui CR que não aprecio JLP ou valter hugo mãe?

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  6. Como dizia o outro, cada um escreve o que quer e o que pode. Felizmente ainda há escolha. O JLP já experimentei e até me pareceu menos mal (não me recordo do título), para o outro nunca me deu e por este excerto acho que nunca me vai dar. Com tanta coisa boa para ler e o tempo a escassear. O ultimo que li por sugestão da ACL foi a "Caixa Negra" de Amos Oz. E que bela sugestão. Obrigada e continue Ana!

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  7. Acredito que ficaria com muito boa impressão do JLP se o conhecesse.
    Também não sou muito apreciador de valter hugo mãe, mas este livro em particular tem uma boa história.

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  8. Confesso que a minha esponja com parabólica também aqui vem procurar algumas sugestões de leituras. As que optei por aceitar foram gratificantes. A última li-a em menos de duas horas (Primo Levi dialogando com Tullio Regge).
    Quanto a Valter Hugo Mãe, não conheço a sua obra. Ouvi-o, uma vez em Serralves, aquando das "Leituras Furiosas".

    http://blogscraps.blogspot.pt/2009/05/leitura-furiosa.html

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