O que se segue foi catrapiscado aqui e gamado integralmente daqui.
Trata-se de um documento oficial da Direcção Regional de Educação do Norte assinado por Margarida Moreira.
Quem é Margarida Moreira? Perguntais bem. Poucos saberiam sequer da sua existência, até há uns tempos ter saído descabelada em defesa do bom nome do primeiro-ministro, instaurando um processo disciplinar a um professor que terá dito em privado aquilo que muita gente no Metro diz em público. O quê? Não sabemos. O processo foi arquivado e Moreira reconduzida no cargo (a ordem dos factores é ao contrário). Fez-se ouvir de novo, mais recentemente, quando, a propósito das criancinhas a quem Sócrates foi oferecer o Magalhães e depois ficaram sem ele, explicou que o dá e tira tratara-se de uma opção pedagógica.
Pedagogias à parte, a carta assinada por esta senhora está cheia de erros. Patenteia (uma forma verbal que agradaria certamente a Margarida Moreira...), à falta de ideias, aquela vacuidade empolada de quem pensa que usar bem a língua é encher as frases de escolhos. E, citando-a, sem mais qualquer delonga, vamos à redacção.
Director(a) / Presidente do Conselho Executivo
Como é do conhecimento de todos, têm vindo a ser entregues nas escolas do Norte, [olá!!! que raio de vírgula é esta?] cerca de 4 000 Magalhães/dia por parte de empresas distribuidoras e da própria Direcção Regional de Educação do Norte [suponho que o simples "por" tenha parecido demasiado vulgar à escrevente]
Trata-se de um documento oficial da Direcção Regional de Educação do Norte assinado por Margarida Moreira.
Quem é Margarida Moreira? Perguntais bem. Poucos saberiam sequer da sua existência, até há uns tempos ter saído descabelada em defesa do bom nome do primeiro-ministro, instaurando um processo disciplinar a um professor que terá dito em privado aquilo que muita gente no Metro diz em público. O quê? Não sabemos. O processo foi arquivado e Moreira reconduzida no cargo (a ordem dos factores é ao contrário). Fez-se ouvir de novo, mais recentemente, quando, a propósito das criancinhas a quem Sócrates foi oferecer o Magalhães e depois ficaram sem ele, explicou que o dá e tira tratara-se de uma opção pedagógica.
Pedagogias à parte, a carta assinada por esta senhora está cheia de erros. Patenteia (uma forma verbal que agradaria certamente a Margarida Moreira...), à falta de ideias, aquela vacuidade empolada de quem pensa que usar bem a língua é encher as frases de escolhos. E, citando-a, sem mais qualquer delonga, vamos à redacção.
A vermelho as asneiras, a itálico os comentários.
Ex.mo(a) Senhor(a)
Ex.mo(a) Senhor(a)
Director(a) / Presidente do Conselho Executivo
Como é do conhecimento de todos, têm vindo a ser entregues nas escolas do Norte, [olá!!! que raio de vírgula é esta?] cerca de 4 000 Magalhães/dia por parte de empresas distribuidoras e da própria Direcção Regional de Educação do Norte [suponho que o simples "por" tenha parecido demasiado vulgar à escrevente]
A distribuição continua ao mesmo ritmo e por isso gostaria de recordar as indicações que anteriormente já enunciei: [agora perdi-me: se tudo continua igual, qual é o "por isso"? Ou quereria a senhora dizer que "como o ritmo da distribuição não vai abrandar..."]
1. Embora os computadores entregues não correspondam à totalidade da encomenda, tal só significa que haverá novas distribuições; [tal a obscuridade da construção frásica que arrisco que se pretenderia chamar a atenção para o seguinte: embora (conjunção, sinónimo de "apesar de") blá-blá-blá..., as encomendas não se irão embora (advérbio, sinónimo de "dar de frosques")]
2. Os computadores recebidos devem ser enviados pela escola para casa, no próprio dia de entrega, sem mais qualquer delonga; [aqui a senhora delonga-se um bocado sem necessidade, visto que já tinha dito que a entrega devia ser imedita]
3. Em Janeiro, deverá ser marcado um dia em que as crianças devem trazer os Magalhães, para iniciar o trabalho casa-escola. [neste ponto terei de assumir a minha ignorância: no meu tempo só havia trabalhos de casa (e sem hífen)]
4. O pagamento dos Magalhães, nos casos em que a isso os pais sejam obrigados, estão a receber informação por sms devendo, em todas, constar a entidade 11023; [tanta oração subordinada é o que dá. Põe-se "o pagamento dos Magalhães" a receber sms, esquecida uma regra básica: keep it simple, stupid!]
5. Caso o número de computadores de entrega, [mais um exemplo de pomposidade desastrosa: onde está "de" devia estar "da"; provavelmente a escrevente julga que isto é como nos nomes de família em que é mais fino ser "de qualquer coisa" do que "da qualquer coisa"...] não corresponda com o número [ah, as preposições! "corresponder a" e não "corresponder com"] presente na guia de remessa, deve o facto ser mencionado directamente nesta, referindo o número total recebido.Tal facto não impede que, de imediato, se recebam os computadores apresentados; [uma mensagem cifrada não diria com mais clareza; mas onde se lê se recebam os computadores deverá ler-se se receba os computadores: a concordância do verbo é com o sujeito e não com o complemento (neste caso, o sujeito é indefinido: "alguém" - receba] *
6. O Ministério da Educação tem perfeita consciência das dificuldades que este tipo de acção de massas acarreta às escolas [ocorreu-me agora, considerando a terminologia: também terá a escrevente um perigoso passado esquerdista?] e, embora esta situação lhe escape [também a mim me escapa isto: não é o Ministério quem comanda a "acção de massas"? E já agora: falta uma vírgula após "escape"] entende que o mais importante é a recepção dos Magalhães, como mais valia almejada pelos nossos alunos [aqui tenho de ir por etapas: 1. mais-valia tem hífen; 2. almejada - ALMEJADA? e repito, ALMEJADA?!!!; 3. e nossos porquê? A Moreira dá aulas? Ou trata-se de um "nossos" majestático, próprio da real iliteracia da dita cuja?], e por isso agradece toda a colaboração e compreensão dos orgãos [órgãos com acento, s.f.f]** de gestão, dos professores e dos serviços administrativos e auxiliares.
7. Quando um encarregado de educação recebe sms e é do escalão A, deve ser reportado [pergunto-me: que mal lhe terão feito os encarregados de educação do escalão A...?] e naturalmente o computador entregue ao aluno; [dado o advérbio de modo não estar entre vírgulas, leia-se, com naturalidade, talvez assobiando para o ar...]
8. Outras situações anómalas devem ser sempre imediatamente reportadas [outra vez?!!! E não há quem a deporte...] para o nosso mail dsgm@dren.min-edu.pt;
8. Recorda-se ainda que as escolas que ainda não procederam à encomenda do Magalhães [o que é com certeza sinal de muito mau procedimento!; e que tal: fizeram a encomenda - demasiado bolónio, não?] o devem fazer com celeridade. [e porque não sem mais qualquer delonga?].
Com os melhores cumprimentos,
A Directora Regional de Educação do Norte
Margarida Moreira
1. Embora os computadores entregues não correspondam à totalidade da encomenda, tal só significa que haverá novas distribuições; [tal a obscuridade da construção frásica que arrisco que se pretenderia chamar a atenção para o seguinte: embora (conjunção, sinónimo de "apesar de") blá-blá-blá..., as encomendas não se irão embora (advérbio, sinónimo de "dar de frosques")]
2. Os computadores recebidos devem ser enviados pela escola para casa, no próprio dia de entrega, sem mais qualquer delonga; [aqui a senhora delonga-se um bocado sem necessidade, visto que já tinha dito que a entrega devia ser imedita]
3. Em Janeiro, deverá ser marcado um dia em que as crianças devem trazer os Magalhães, para iniciar o trabalho casa-escola. [neste ponto terei de assumir a minha ignorância: no meu tempo só havia trabalhos de casa (e sem hífen)]
4. O pagamento dos Magalhães, nos casos em que a isso os pais sejam obrigados, estão a receber informação por sms devendo, em todas, constar a entidade 11023; [tanta oração subordinada é o que dá. Põe-se "o pagamento dos Magalhães" a receber sms, esquecida uma regra básica: keep it simple, stupid!]
5. Caso o número de computadores de entrega, [mais um exemplo de pomposidade desastrosa: onde está "de" devia estar "da"; provavelmente a escrevente julga que isto é como nos nomes de família em que é mais fino ser "de qualquer coisa" do que "da qualquer coisa"...] não corresponda com o número [ah, as preposições! "corresponder a" e não "corresponder com"] presente na guia de remessa, deve o facto ser mencionado directamente nesta, referindo o número total recebido.Tal facto não impede que, de imediato, se recebam os computadores apresentados; [uma mensagem cifrada não diria com mais clareza; mas onde se lê se recebam os computadores deverá ler-se se receba os computadores: a concordância do verbo é com o sujeito e não com o complemento (neste caso, o sujeito é indefinido: "alguém" - receba] *
6. O Ministério da Educação tem perfeita consciência das dificuldades que este tipo de acção de massas acarreta às escolas [ocorreu-me agora, considerando a terminologia: também terá a escrevente um perigoso passado esquerdista?] e, embora esta situação lhe escape [também a mim me escapa isto: não é o Ministério quem comanda a "acção de massas"? E já agora: falta uma vírgula após "escape"] entende que o mais importante é a recepção dos Magalhães, como mais valia almejada pelos nossos alunos [aqui tenho de ir por etapas: 1. mais-valia tem hífen; 2. almejada - ALMEJADA? e repito, ALMEJADA?!!!; 3. e nossos porquê? A Moreira dá aulas? Ou trata-se de um "nossos" majestático, próprio da real iliteracia da dita cuja?], e por isso agradece toda a colaboração e compreensão dos orgãos [órgãos com acento, s.f.f]** de gestão, dos professores e dos serviços administrativos e auxiliares.
7. Quando um encarregado de educação recebe sms e é do escalão A, deve ser reportado [pergunto-me: que mal lhe terão feito os encarregados de educação do escalão A...?] e naturalmente o computador entregue ao aluno; [dado o advérbio de modo não estar entre vírgulas, leia-se, com naturalidade, talvez assobiando para o ar...]
8. Outras situações anómalas devem ser sempre imediatamente reportadas [outra vez?!!! E não há quem a deporte...] para o nosso mail dsgm@dren.min-edu.pt;
8. Recorda-se ainda que as escolas que ainda não procederam à encomenda do Magalhães [o que é com certeza sinal de muito mau procedimento!; e que tal: fizeram a encomenda - demasiado bolónio, não?] o devem fazer com celeridade. [e porque não sem mais qualquer delonga?].
Com os melhores cumprimentos,
A Directora Regional de Educação do Norte
Margarida Moreira
*Obrigada João e ver comentário de Ana Soares na caixa de comentários deste post
** Obrigada Graça
"Magnífico"! Seguindo Nietzsche, "quem escreve mal tem de pensar mal", por isso não arrisco um cêntimo na inteligência dessa senhora que comanda (literal) uns milhares de professores. A estupidez compensa! É esta a moral da história.
ResponderEliminarSó para comunicar que, com a devida vénia, roubei.
ResponderEliminarQue a confissão (pública) possa servir de atenuante.
Muito bem, para si; muito mal, para ela.
ResponderEliminarEspantava-me eu, há uns dias, (não sem uma pontinha de tristeza, pelo que significa sobre o nível de qualificação - mesmo com baixos certificados podíamos ter qualidade - dos que saem da escola antes de tempo) com um recado deixado pelo instalador do aquecimento, rapaz de trinta e poucos anos, que lá foi a casa: "Par a trucar". Agradeço toda e qualquer correcção :)
ResponderEliminarDioniso, oh se compensa, nem me lo diga..
ResponderEliminarAdemar, estamos cá para ser saqueados, salvo seja e sem atenuantes
Maria C., obrigada, mas o problema é que eu apenas sirvo bolas de berlim neste tasco e essa senhora, como disse o Dioniso, dirige milhares de professores
Cristina, eu sou incapaz de arranjar um esquentador, logo, esse senhor que foi a sua casa merece-me o maior respeito. Agora a Moreira?! O que é que ela saberá que nós não? (a pergunta é retórica, evidentemente)
Cara Ana Cristina,
ResponderEliminarInvejo a sua paciência. Eu não tive pachorra para fazer as correcções à escrita miserável da Senhora Directora (com maiúsculas, por causa do respeitinho), mas reconheço que aquele vermelho, devidamente espalhado pelo texto, fica muito bem. Agora é só propor aos professores que usem o comunicado numa aula de português.
Saudações.
Ana Cristina,
ResponderEliminara minha observação não continha qualquer crítica ao sr. do aquecimento, mas sim à escola que os deixa sair assim e, sendo à escola é também aos dirigentes e outros responsáveis que, pelos vistos, não têm consciência dos erros nem da gravidade de os proferir nos postos que ocupam. Boa semana
Cristina, eu tinha percebido. boa semana.
ResponderEliminarBoa malha. Excelente.
ResponderEliminarJoão Paulo, a falta de trabalho remunerado deixa-me tempo para estas coisas. E sempre se mantém a mão. Quanto à leitura na sala de aula, estou mesmo para aqui a pensar se não vou enviar o post anotado para a morada que aparece na prosa. quem sabe se me contratam para lhes rever os textos...
ResponderEliminarPoderia traduzir Maiakovski para a Quasi! A partir do chinês, por exemplo...
ResponderEliminarquem? eu ou a Moreira? Para a Quasi acho que teria que ser ela
ResponderEliminarEu também corrigia aqui:
ResponderEliminar"Tal facto não impede que, de imediato, se recebam os computadores apresentados"
para
"Tal facto não impede que, de imediato, se receba os computadores apresentados"
O Cagalhães não tem corrector automático?....
ResponderEliminarDava jeito nestas alturas.
João, tens toda a razão. Vou já corrigir
ResponderEliminarDario Silva, quando não se sabe escrever não há corrector que nos salve da asneira
É realmente um escândalo, mas mais escandaloso é que ninguém se sinta ultrajado por ter gente assim à frente dos desígnios da educação nacional. Eu já conheci dezenas, talvez até centenas de professores que escrevem ainda pior que essa senhora. O que me diz disto?
ResponderEliminarcom o número [ah, as proposições!
ResponderEliminarAi valha-nos a senhora do alívio. 'Com' é uma preposição, rapariga. Não se justifica o escândalo: se um rapazola iletrado e mentiroso pode ser primeiro-ministro, uma abóbora suburbana também pode ser chefe, para mais duma fossa como essa tal dren. Bem sei que o nome é figura de estilo, mas até o tratamento da merda merece designação supimpa.
AP, digo que acredito.
ResponderEliminarHaja Pachorra, corei e emendei.
Cara Ana Cristina,
ResponderEliminarLouvo e agradeço a sua denúncia dos erros gramaticais e das fraquezas de estilo do documento da DREN. Infelizmente, são frequentes exemplos destes em todas as instituições, em Portugal e não só, e é raro que sejam apontados - mais raramente ainda trazidos a público.
Se me permite, faço apenas um reparo, relativo à expressão "se recebam," no ponto 5. Trata-se da estrutura do chamado "se apassivante" que, como forma passiva, tem um sujeito gramatical diferente do sujeito da acção. Como tal, o verbo pode concordar em número com um ou com outro. É assim que se pode aceitar "alugam-se casas" da mesma maneira que "aluga-se casas."
Cumprimentos,
Ana Soares
Ana, creio que estará a falar disto
ResponderEliminarhttp://ciberduvidas.sapo.pt/pergunta.php?id=13536
E, já agora, obrigada pelo seu comentário e pela sua contribuição crítica. Estamos sempre a aprender.
Um abraço
Eu acho que a mulher é um génio! Mas infelizmente um génio incompreendido (se ela consegue escrever tais frases e compreender o que relê).
ResponderEliminarTal como Da Vinci! escrevia ao contrario e com erros, para ninguem roubar-lhe as ideias!
"A inteligência não se escreve, intreperta-se!"
Realmente, a escrita "criativa" (ou "alternativa") é um género cada vez mais em voga nos documentos oficiais. Veja-se o caso paradigmático do repositório máximo de todos os ditos documentos oficiais, o vetusto e teoricamente escorreito Diário da República.
ResponderEliminarAlguns exemplos de calinadas com o selo oficial do Estado português:
1. "apartir" (205 ocorrências)
2. "concerteza(10 ocorrências)
3. "um dos que" [foi, pode, necessita, etc.] (15 ocorrências de erro de concordância, em 23)
4. "anos atrás" (de "há X anos atrás" ou coisa que o valha, 47 ocorrências, das quais a maioria "são" bacorada).
O próprio Magalhaes tem erros ortográficos em jogos didáticos de língua portuguesa! E era suposto ser um instrumento de aprendizagem e integração...
ResponderEliminarDepois disso, tudo é possível...
Não entendo por que razão perdem tempo com uma idiota.
ResponderEliminarNão votem nos partidos do bloco central, mudem o regime, façam alguma coisa.
gostei e diverti-me muito a ler o que está a vermelho e a itálico.
ResponderEliminarAs e os "Moreiras" deviam aprender de vez a ser sucintos e directos se pretendem comunicar, deixando para as actas das reuniões (que ninguém lê) as tentativas literárias.
Arrisco-me a antever que, caso os seus superiores políticos assim o queiram, esta Dra. Moreira "vai longe"...;)
ResponderEliminarAs e os "Moreiras" deviam aprender de vez a ser sucintos e directos se pretendem comunicar, deixando para as actas das reuniões (que ninguém lê) as tentativas literárias.
ResponderEliminarN, tb. me ri agora
Genial e preocupante!
ResponderEliminarA mensagem "cifrada" desta dama da "corte" ministerial deixou evidente a qualidade das reformas que se querem implementar. Dito isto, o que pensar do modelo de avaliação de desempenho e do ECD que saíram destas "nobres" cabecinhas?
Tenham medo, muito medo!
Há muito tempo que não me ria assim.
ResponderEliminarDesculpem a minha ignorância, mas por "acaso" esta senhora não é professora?
ResponderEliminarEntão como ficamos de avaliação?
Eu cá apenas acho que é preciso não atirar pedras quando se tem um telhado de vidro: leia-se a expressão da correctora «dada a ausência de vírgulas entre o advérbio de modo», de facto fabulosa. Não seria antes o advérbio de modo entre vírgulas? Enfim, é preciso calma.
ResponderEliminarEu cá apenas acho que é preciso não atirar pedras quando se tem um telhado de vidro: leia-se a expressão da correctora «dada a ausência de vírgulas entre o advérbio de modo», de facto fabulosa. Não seria antes o advérbio de modo entre vírgulas? Enfim, é preciso calma.
ResponderEliminarCaro anónimo, aceitando a sua correcção, vou corrigir - naturalmente, com toda a calma - «dada a ausência de vírgulas entre o advérbio de modo», que passará a «dado o advérbio de modo não estar entre vírgulas». Como vê, estou sempre pronta a mudar qualquer telha por onde possa entrar água. Já a Moreira teria certamente de mudar o telhado todo. Mas o melhor era mesmo se ela mudasse de casa. Quanto a si, caro anónimo, volte sempre!
Cheguei tarde a este post; mas não quero deixar de registar aqui o quanto me deliciei com esta correcção. O texto moreirense, no seu estilo grandiloquente, é um mimo e reflexo de um raciocínio oco, bacoco e saloio.
ResponderEliminarMais um lugar-comum: as personagens querosianas ainda se multiplicam como cogumelos.
E é esta gente que quer afastar os professores exigentes de avaliar e impedir o bom 'sucesso' do alunos! Assim percebe-se porquê... A estupidez autocrática sempre temeu a propagação da inteligência crítica.
Aplaudo com ambas as duas mãos (lá está, "lêm-se" grandes textos e fica-se logo marcado pelo estilo contaminante...) todo o exercício de ridicularização desta gente presunçosa e insignificante.
Muitíssimo bem!
Há teóricos que dizem que o se nunca pode ser pronome indefinido. Sendo assim, deve dizer-se "vendem-se casas" e não "vende-se casas". A forma "vedem-se casas", "recebem-se computadores" estão sempre correctas (com o se partícula apassivante), a outra estará correcta se se admitir que o se pode ser pronome indefinido. Caso contrário está errada! O mais seguro e que soa melhor é com o verbo no plural.
ResponderEliminarZé Souto.
Olhe que não, sôtor, olhe que não!
ResponderEliminarA gente não 'somos' "teóricos", mas a maioria de nós 'acham' realmente que a expressão impessoal (ou chamem-lhe como quiserem), se não é gramatical e teoricamente mais correcta, soa bem melhor no singular do que no plural...
Posso não ter razão nenhuma, nem sou especialista em linguística, mas tenho esta difusa percepção: a de que às tantas a maneira como usamos a língua, seja escrita seja falada, corresponde um pouco à maneira como nos vestimos; não é tanto uma questão de regras mas, no limite das regras, sobretudo uma questão de gosto, de bom-gosto...
cumps
"(ou chamem-lhe como quiserem)" com esse argumento tudo é válido. "mas tenho esta difusa percepção".Engraçado, eu tenho uma difusa percepção mas é ao contrário. Afinal está tudo certo, incluindo a Moreira que também tem as suas difusas percepções...É tudo malta porreira.
ResponderEliminarparafraseando Fernando Rocha "e mai nada"
ResponderEliminarexcelente trabalho
Tenho uma dúvida aqui:
ResponderEliminar"por isso agradece toda a colaboração e compreensão dos orgãos de gestão,"
A palavra ÓRGÃOS já perdeu o acento?
:|
Como se diz por estes dias, o "fashion" é o erro, não o correcto, para tanto basta ouvir e ler alguns figurões da nossa praça e rir - ou chorar, depende do estado de espírito de cada um e do sentido de humor, não é?
:)
GMaciel, tem toda a razão. lá vou eu corrigir mais um...
ResponderEliminar"Há teóricos que dizem" também é um excelente argumento de autoridade, é sim senhor. Ele há teóricos terríveis, terríveis, como as questões. Ainda por cima parece-me que subentende que há outros que não o "dizem" - ou dizem exactamente o contrário…
ResponderEliminarDe resto, lamento, mas não vale interpretar as minhas frases a distorce-las a seu bel-prazer.
Não é tudo válido nem vale tudo. E há, evidentemente, erros inaceitáveis. Mas também há, nas regras gramaticais, margens de diferença, aceitação e tolerância, caso contrário dificilmente haveria consideráveis distinções estilísticas entre escritores… Por isso mesmo, quando me referi à, digamos, liberdade do uso da língua escrevi “no limite das regras”…
Muita terminologia linguística varia de gramática para gramática; daí o “chamem-lhe o que quiserem” – uma vez que os nomes divergem e dependem muitas vezes dos ‘teóricos que há’…
Se reparar, aliás, muitas das observações que Ana Cristina Leonardo faz sobre o texto não se referem a ‘erros’, objectivamente, mas sim a expressões formais ou ‘fraquezas de estilo’…
E a verdade é que, mesmo com uma artilharia de teóricos, não entendo nem consigo aceitar a razão porque entende que apenas o plural (da expressão "recebem-se computadores") é correcto (e muito menos que ‘soe melhor’!) quando não encontro nenhum problema, pelo contrário, em "recebe-se computadores")… É mais aceitável dizer “aqui vende-se caracóis?” em vez de “Aqui vende-se caracóis”?... Porque é um pronome indefinido (não pode ser reflexo com sujeito indefinido?) e é ‘apassivante?
Pronto, não sei das regras exactas, posso reduzir-me à minha ignorância; o que não posso é deixar de achar, por exemplo, quando, daqui por uns tempos, tivermos que escrever ‘ato’ e ‘fato’, que ‘acto’ e ‘facto são muito mais elegantes – embora, helás, já não sejam correctas à luz das regras…
Quando o gosto se rege exclusivamente por regras converte-se em etiqueta, que, no caso da língua, é académica e não me ocorre nada que alguma vez tenha produzido a não ser tratados ‘teóricos’…
Dito isto, tem todo o direito de ter gostos e percepções exactamente diferentes das minhas. Não é preciso ficar zangado; nem me parece que tenha de ser “porreiro” para aceitar opiniões diferentes. Sob muitos pontos de vista, a Gramática não é uma ciência exacta; é que há uns teóricos e depois há os outros. E a língua, porém, como a terra de Galileu, move-se…
a língua, porém, como a terra de Galileu, move-se…
ResponderEliminarcdavid, eu, que não sou linguista, gostei desta sua frase
Muito obrigado.
ResponderEliminar(já agora, como se perceberá, eu também não sou linguista.)
Eu, leitor compulsivo, feito no tempo em que os animais falavam e na escola «primária» se ensinava a ler e escrever como deve ser, com pés e cabeça, mas não com os pés!, há muito que não dava de caras com uma peça literária que me enchesse de tamanho espanto!!!
ResponderEliminarSimplesmente inacreditável, embora, infelizmente, verdadeiro. E triste...