
– Gozaste pouco.
É verdade: toda a conversa dela, o seu desejo violento, assustaram-no convertendo-o em nada. Ela está demasiado húmida: alguma coisa a alagou. E a solidez de cera do seu corpo jovem, as esferas demasido perfeitas do seu traseiro, parecem-lhe desconhecidas: ele agarra-a através de uma distância ensombrada pelos ossos quentes e secos da mãe e pelas curvas morenas de Janice, a meia-lua das costelas de Janice por cima da reentrância da cintura. Os sentidos dele notam ventos que perpassam os terminais nervosos de Jill, fazendo-a mover-se por meio de qualquer coisa para além dele, da qual ele é apenas uma sombra, uma sombra branca, o seu peito um escudo radiante que a esmaga. Ela liberta-se e ajoelha-se para levar a língua ao ventre dele. Jogam um com o outro num nevoeiro. Os móveis difundem-se em redor. Estão na carpete áspera, o ecrã do televisor é um planeta-mãe por cima deles. Ele sente o cabelo dela na boca. O traseiro dela ergue-se como duas corcovas sob os olhos de Harry. Ela tenta vir-se na cara dele, mas a língua de Coelho não é assim tão forte. Jill esfrega-lhe o clitóris no queixo até o magoar. Morde-o algures. Ele sente-se esvaziado, estúpido, flácido. Por fim, pede-lhe que arraste os seios, as pequenas pontas duras, contra os seus genitais, que jazem aconchegados na união das suas pernas. É assim que se excita, tenta satisfazê-la e consegue, embora, quando ela estremece e se vem, cada um chore recônditos segredos lá longe, em direcções opostas, a filha da Lua e o homem da Terra. «Amo-te», diz ele, e o facto de não a amar faz com que seja verdade», pág. 202.
John Updike, Regressa Coelho, Civilização, 2008
Pois é. Corre, Coelho marchou muito bem. Harry podia perfeitamente ser um primo suburbano do Sueco.
ResponderEliminarOra aqui está uma excelente maneira de começar o dia. Saia uma bola de berlim, mas com muito "corrimento"... fiufiufiu
ResponderEliminarPara mim a bola pode ser normal!
ResponderEliminarahahahahaha, se a dona da pastelaria nos aoanha, ainda somos corridos com o pano da louça
ResponderEliminarnão sei, só pelo excerto eu diria de caras continuar a preferir Roth. (eu devo ter vivido um caso sério com Michey Sabbath naquele livro e arranjei um problema grave; passo a vida a comparar todos os outros com ele)
ResponderEliminaragora é que eu vi que o Paulo referiu o Sueco. Ah, assim sendo!... (o Sueco? O Sueco nem chegou a gemer, com um raio!)
ResponderEliminaro que me fez repudiar (em comparação) este texto com outro do Roth foi isto:«recônditos segredos»
ResponderEliminarnão o percebi logo, só agora que voltei incomodada por ter sido rude com John Updike. Percebi ainda que, se não me acautelo, posso tornar-me numa pulha miserável picuinhas.
Tenho que ler isso!
(eu devo ter vivido um caso sério com Michey Sabbath naquele livro e arranjei um problema grave; passo a vida a comparar todos os outros com ele) :D:P
ResponderEliminarl0l!
ResponderEliminarMargaret, no melhor pano pode cair uma discreta pinga de Margarida, a da Vaqueiro, percebe? Ah, pois...
ResponderEliminar"Margaret, no melhor pano pode cair uma discreta pinga de Margarida, a da Vaqueiro, percebe? Ah, pois..."
ResponderEliminarfallorca, agora fiquei eu em pulgas!Ah, pois...
...uma espécie de faroleiro?
ResponderEliminarContra as pulgas, nada como o Program Plus (passe a pub), testado com excelente resultado nos meus canitos, déb
ResponderEliminaras conversas são como as cerejas... mesmo as literárias
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