«O nevoeiro que habitualmente chega apenas ao largo, subiu até à casa e adentrou-a até aos ossos.
01/11/24
11/10/24
MEDITAÇÃO DE SEXTA: «A nossa necessidade de consolo é impossível de satisfazer»
(...)
To make a long story short. 1897: realiza-se o primeiro Congresso Sionista; 1898: aparecem Os Protocolos dos Sábios de Sião… e depois é o que se sabe.
06/09/24
30/08/24
16/08/24
MEDITAÇÃO DE SEXTA: «Os livros são para se comer»
Arrisco que roubar a mãe será, ainda assim, mais radical do que matar a mãe. Sobretudo se interpretarmos literalmente “roubar a mãe” e metaforicamente “matar a mãe”. E se o gosto por biografias ou pela escrita confessional parece ter aumentado (Annie Ernaux veria ser-lhe atribuído o Nobel em 2022), naturalmente, sem poupar as mães, o panorama geral não deixa de ser sobretudo adocicado, a ponto, por vezes, de provocar diabetes, obesidade ou hipertensão ou tudo ao mesmo tempo. (...)»
05/07/24
14/06/24
MEDITAÇÃO DE SEXTA «Os EMPATAS: Nos dias bons, aplaude-se a resistência ladina dos portugueses ao poder; nos dias maus, critica-se a falta de frontalidade dos mesmos.»
«(...) Considerando o avanço da extrema-direita na Europa – embora não falte quem, fazendo umas contas de merceeiro continue a achar, desentendendo a ironia do aforismo de Ennio Flaiano, companheiro de estrada e de argumentos de Fellini: “La situazione politica (…) è grave ma non è seria” – (veja-se o exemplo de Ursula von Der Leyen, gritando em êxtase sem desarrumar o cabelo: “Vencemos as eleições europeias!”), os resultados em Portugal só nos podem alegrar.
Em resumo: o voto de protesto no Chega, sendo grave, não foi sério. Os deuses nos ouçam!
«De resto, basicamente o costume. Os portugueses, mais uma vez comedidos, optaram pelo empate. A calcutaense Temido lá vai para a Europa, assim como o pernóstico Bugalho e mais uns quantos, um pacote onde se incluem betos e betinhos. Aproveitemos que daqui a nada metem-se as férias de Verão e muito pior estão os franceses.
«Ainda assim, impossível esquecer que os tambores da guerra continuam a rufar pela Europa. Mas como diz o mais macabro provérbio nacional: “enquanto o pau vai e vem folgam as costas!” E termino por aqui que não quero estragar um dia bom.»
24/05/24
MEDITAÇÃO DE SEXTA: "Silêncio que se vai cantar o fado!"
«(...) Como se sabe, a liberdade de expressão é terreno escorregadio onde nem tudo é a preto e branco.«(...) Como se sabe, a liberdade de expressão é terreno escorregadio onde nem tudo é a preto e branco.
Há uns dias saiu neste jornal um texto assinado por Ana Sá Lopes de título “Pode um deputado dizer que os judeus são uma etnia ‘mais burra’?”.
Segundo a autora seria pouco provável que, fosse esse o caso, o presidente da Assembleia da República se mostrasse tão permissivo à livre oratória: “É evidente que, se a etnia visada fossem os judeus, a reacção não seria essa. Não estou a ver José Pedro Aguiar-Branco a permitir na Assembleia insultos aos judeus (mas confesso que já estou por tudo). Sinceramente, acho que não o fará, porque carrega a culpa que todos nós, europeus, carregamos por termos permitido, no século XX, o Holocausto”.
Deixando, por ora, de lado a questão da “culpa abstracta”, passemos de imediato ao concreto.
Primeiro, preguiçoso (em rigor: “pouco trabalhador”) não tem o mesmo peso de “burro”. Segundo, entre negar o Holocausto enquanto facto histórico ou afirmar que os judeus foram bem mortos (discurso de ódio) e chamar burro a um povo continua a haver significativas diferenças. O mesmo se diga, por exemplo, de dizer “os imigrantes não querem trabalhar” ou “os imigrantes deviam afogar-se todos”.
Finalmente, e para entrar no problema abstracto da “culpa colectiva”, atendendo a que se trata da contestação a generalizações, faço notar que tão generalista é falar da culpa de “todos nós, europeus” como de “turcos” e do seu pouco amor ao trabalho.
Vivem-se tempos paradoxais. Enquanto uns clamam por discursos impolutos, os discursos brejeiros vão galgando terreno. Enquanto uns reagem ruidosamente denunciando qualquer expressão na qual vislumbrem o menor indício de “linguagem menos própria”, os falantes da chamada “linguagem menos própria” batem palmas, agradecem a deferência, a difusão, e engrossam o discurso, acabando também por engrossar, como previu Umberto Eco (no caso, referindo-se às redes sociais), a “legião de imbecis” que dantes se ficava pela taberna e que hoje chegou aos parlamentos.»