MEDITAÇÃO NA PASTELARIA

14/07/23

MEDITAÇÃO DE SEXTA: «Também eu me lembro»

 « (...) No meio de tantos modismos importados, retardados e enfadonhamente elegantes – apesar de o poema ser anterior, ao período da pasta assentariam como uma luva os versos de Cesariny: “Vamos ver o povo / Que lindo é / Vamos ver o povo. / Dá cá o pé. // Vamos ver o povo. / Hop-lá! / Vamos ver o povo. // Já está.” –, o kitsch, enquanto negação absoluta da merda, na feliz definição de Milan Kundera, nunca deixou de estar à espreita. Sorrateiramente foi avançando e ganhando terreno como no jogo infantil “Um, Dois, Três, Macaquinho do Chinês” (já que me deu para as memórias), e ei-lo hoje que se passeia em todo o seu esplendor, plasmado, antes de mais – e esqueçam os inofensivos napperons sobre os frigoríficos – na obrigatoriedade de sermos felizes e esquecer a merda, um pregão que ecoa pelos programas televisivos da manhã que se estendem pela tarde e já nem as nossas noites são mais belas do que os dias deles.


“Quero ser feliz, porra!”, cantava/dizia José Mário Branco no longo poema/canção de título FMI. Fosse ele vivo e responder-lhe-iam: “Só depende de ti, n’é filho?”. »
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