04/12/22

GUERRA? QUAL GUERRA?

Não querendo ser desagradável, confesso que por vezes me apetece mandar os empolgados da guerra comer ração para animais. Da mais barata, naturalmente.

Quanto à notícia, é da BBC

Cost of living: People in Cardiff 'eating pet food'

02/12/22

MEDITAÇÃO DE SEXTA: «E A MELANCOLIA TOMOU CONTA DA CRONISTA»

«... Embora não existam livrarias seja qual for o ponto cardeal para onde me vire, vou mantendo contacto com os livros. Confesso que a maioria me deixa indiferente. E sim, não são poucas as vezes que sinto pena das árvores.

O sentimentalismo, dissimulado por uma carreira literária – seja isso o que for –, ou visivelmente primário – ambos abertamente mercantis – convoca Baudelaire que, a propósito do processo movido a Les Fleurs du mal, corria o ano de 1857 – há quanto tempo! – concluía que só se devem escrever livros virtuosos e com finais felizes.

E perdoar-me-á o leitor desta crónica a falta de actualidade da mesma. Quem diz actualidade, diz foco, palavra ainda assim mais aceitável do que “focalização”.

Claro que temas não faltam. O Qatar continua na ordem do dia. Têm sucedido revoltas na China, com os chineses a fartarem-se – apesar da sua renomada e milenar paciência – da política de Covid Zero, fora o resto. António Lobo Antunes publicou recentemente um novo romance (ainda não li). Evidentemente, há o tema intemporal do Acordo Ortográfico que veio esfrangalhar de tal maneira a língua que o português de Portugal corre o sério risco de se vir a transformar numa versão abastardada – e sem graça – do português do Brasil.

Se eu tivesse um décimo do talento de Eça de Queirós, já teria inventado, ou reinventado, um bei de Tunes. Afinal, não há cronista que um dia, pela manhã, não sonhe em ouvir bater-lhe à porta o bei de Tunes. (...)» 

01/12/22

EDIÇÃO & TAL.

Aquela cena de calarem a Ursula no vídeo e lhe colarem o discurso com nova edição lembra um bocado a história dos tipos que o Staline mandava tirar das fotografias.

Calma! Não se enervem já. Eu sei que há diferenças. Normalmente os tipos que o Staline mandava apagar das fotografias já tinham morrido e a Ursula continua viva e nos nossos corações.

CENAS IBÉRICAS VIVIDAS NO MONTE

Hoje acordei e da cozinha vi o carro do meu querido vizinho atravessado na rua junto ao forno a lenha a precisar de restauro, estacionado no sentido contrário. Ele nunca entra pela parte de baixo da rua, na verdade uma minúscula viela onde só circulam cães e gatos, dá habitualmente a volta e deixa-o na direcção oposta. Quando o abandona assim, de rabo virado à lua, é sinal que já lhe tolda a visão e lhe emperram as mudanças. 

Quando dei pela coisa, pensei: "Ah! Homem! Isso ontem deve ter sido tão tamanho que hoje os rins se te colaram às costas, as costas ao colchão e bem podem esperar por ti lá nas obras que o Sísifo que carregue as pedras..."

Naturalmente, o pensamento não foi assim tão elaborado como agora o registo porque não tinha tomado café. Ainda.

Chegada ao café, as habituais picardias e comento: "Então o M. nem se conseguiu levantar!"

Lá me lembram que, sendo embora o meu raciocínio isento de desacerto, em defesa de M. se registe que o dia de hoje é feriado. O tal 1º de Dezembro em que tiveram a infeliz ideia de defenestrar o traidor enquanto a Duquesa de Mântua se enfiava num armário. 

Entretanto, por aqui e por fim choveu. E como dizem os espanhóis: "A mal tiempo buena cara". E como eu gosto de espanhóis, minhas senhoras e meus senhores!