30/07/10

Da casa pia ao fripór sem esquecer as scuts e as causas da decadência do Quental

Na minha opinião (muitíssimo pessoal) isto começou irreversivelmente a afundar-se no dia em que Carlos Cruz foi chorar à TV. Como todos os que eram nascidos na altura se lembrarão de certeza, vivia-se um tsunami avant la lettre.
O Carlos Cruz!!! E sim, ponham pontos de exclamação nisso.
Também eu fiquei de boca aberta. Depois vi-o chorar no ecrã e a coisa cheirou-me a esturro: cá para mim, que já li muitos livros e assisti a muitos filmes embora desconfie visceralmente da psicologia e possa estar enganada, um homem acusado de pedofilia não chora. Fica em estado catatónico, enfurece-se, gagueja ou pragueja, mas não chora. E não estou a citar Sttau Monteiro nem o Gonçalo Amaral.
Culpado ou inocente, confrontar-se com a simples eventualidade de um Carlos Cruz pedófilo terá sido para todos o que de algum modo simpatizavam com ele (e eram quase todos) tão devastador como (imagina-se) o encontro de Maiakovski com a besta estalinista. Mas enquanto o poeta russo se foi com um tiro certeiro no coração, os portugueses continuaram a reproduzir-se.
Carlos Cruz era, pois, um tipo simpático. Excelente comunicador, encarnava uma espécie de good neighbor next door, género Tom Hanks mas mais baixo. E também ele transversal a todos os géneros, gerações, e credos.
Resumindo: a participação no velho Zip Zip garantia-lhe uma aura anti-fascista (palavra muito em voga a dada altura); a locução do programa humorístico Pão com Manteiga — onde lia com sotaque brasileiro a memorável frase Este já está liquidado. O tiro foi bem na testa. Não comerá mais criancinhas no caminho da floresta — garantia-lhe uma aura libertária; a apresentação de Quem Quer Ser Milionário alargou-lhe a zona de influência e, finalmente, ao dar o rosto pelo euro tornou-se num valor unânime (a malta do PCP, que era contra o euro, estava garantida por causa do Zip Zip...).
Carlos Cruz era assim uma espécie de Mário Soares dos pequeninos pró maior, porque nem lhe era necessário descontar o ódio persistente dos taxistas.
Agora imaginem comigo. O que é que aconteceria se alguém descobrisse que a própria mãe — que lhe ensinara coisas tão inócuas como comer sem pôr os cotovelos na mesa — escondia dentro de si um Hannibal Lecter?
Pondo de lado a hipótese reconfortante de tal pessoa se converter ao vegetarianismo, é provável que o seu sistema de valores ficasse um tanto baralhado.
Tenho para mim que foi isso que aconteceu a Portugal. Seja Carlos Cruz condenado ou não pela justiça, a mera suspeita abriu a caixa de Pandora e não há como fechá-la.
Pondo as coisas em perspectiva.
O que é o inglês técnico de Sócrates comparado com pedofilia? O que são os submarinos de Portas comparados com pedofilia? O que é um sobrinho na Suíça comparado com pedofilia? O que são as offshores do BPN comparadas com pedofilia? O que são os robalos de Vara comparados com pedofilia? O que é um centro comercial em Alcochete comparado com pedofilia? O que é o gamanço de dois gravadores comparado com pedofilia? O que são as lutas intestinas no Ministério Público comparadas com pedofilia? Etc.
Comparado com pedofilia, talvez mesmo só as SCUTs. Isto atendendo, pelo menos, à projecção da polémica, cuja dimensão interclassista e catastrofista já levou muitos comentadores, ou pelo menos eu, a antevê-las como o (contra)ponto G que fará cair o governo.
Entretanto, a reflexão sobre o caso das SCUTs, matéria que parece indiciar uma estranha fixação automobilística do povo lusitano — talvez só comparável à fase anal definida por Freud — remeteu-me, sem eu querer até porque não conduzo, para uma frase do Sena: O problema não é salvar Portugal, é salvarmo-nos de Portugal.
Eu sei que Sena tinha mau feitio. Mas com feitio ou sem feitio, tenho para mim que o homem estava certo. O que me cria um problema novo: a frase foi escrita muito antes do libelo a Carlos Cruz. Ou seja, talvez não resida nele a explicação que eu buscava e, assim sendo, este post não tem pés nem cabeça. Ou terá? Em verdade vos digo que não sei.
O que sei resumidamente é isto.
O Sócrates aborrece-me. O Passos maça-me. Cavaco anestesia-me. Quanto ao resto, Portas tem boa voz mas não me encanta; o PCP idolatrou anos e anos a Zita e só isso é quanto basta; por fim, o fracturante Louçã: demasiado beato.
Apesar de tudo e parafraseando o outro, we'll always have Cormac. Melhor dizendo, no country for old ladies que quanto à decadência já Antero falava disso e antes de haver televisão.

Filmes de Verão (II): Avanti!

27/07/10

Foi há 40 anos que o Salazar bateu as botas e a minha mãe acabou a noite na António Maria Cardoso, então sede da PIDE, hoje um condomínio de luxo

[Já contei esta história lá atrás mas recordo-a em dia de festa]
Em minha casa foi tudo preso pelo menos uma vez. A qualidade das estadias na cadeia variou muito, com o meu pai a bater o recorde de mais ou menos três anos entre os Fortes de Caxias e de Peniche — o de Peniche, consideravelmente mais húmido.
A história que quero contar diz respeito à minha mãe.
A minha mãe foi levada para a sede da PIDE, local onde se ergue agora um condomínio de luxo com vista, ouvi dizer, sobre um marco de suplícios, exactamente há 40 anos. Foi no dia em que o Oliveira bateu asas e voou, apesar de na altura a Coca-Cola estar proibida e ninguém ainda ter inventado o Red Bull.
A minha mãe trabalhava então numa editora anti-regime, a "Seara Nova", que a ânsia pelo poder (absoluto) do PC haveria de levar à falência no pós-25 de Abril. Oficialmente, ninguém sabia que o ditador já tinha ido para os anjinhos. Mas a malta não era parva e também tinha informadores.
Alguém chegou à "Seara..." com a notícia fresquinha, testemunhada com estes que a terra há-de comer pela equipa que tratava Salazar desde que este falhara a cadeira. Transposto o cepticismo, que o homem parecia eterno, bateram-se palmas e gritou-se Hurra! Hurra! (esta parte do Hurra! Hurra! sou eu agora a inventar).
A minha mãe dirigiu-se ao telefone e telefonou ao meu pai (que já não era hóspede em Peniche): "Prepara uma garrafa de champanhe, hoje temos que comemorar!" No meio da excitação, uma colega, quase tropeçando nos fios, arranca-lhe o bocal do ouvido e acrescenta: "Acabaram as filmagens do Solar das Oliveiras. À noite há festa!"
O meu pai correu à Baixa a comprar uma gravata vermelha. Não chegou a haver arraial. Passado pouco mais de meia hora, a "Seara..." era invadida por agentes da polícia política que solicitam — sem grandes faz favor ou por obséquio — que a minha mãe e a amiga os acompanhem à sede. Os nomes coincidiam rigorosamente com as vozes sob escuta, e acabam as duas nas instalações da PIDE ao Chiado. Verdade seja dita que lhes serviram jantar.
A minha mãe, sempre desconfiada, recusou educadamente o repasto "não fosse aquilo ter para lá alguma droga!" A amiga, alentejana folgazona que hoje seria catalogada de obesa, comeu e apenas não repetiu porque não quis abusar de tamanha hospitalidade.
A minha mãe trejurou um evento sentimental para justificar o champanhe. A amiga disse que sofria de amnésia e que não se lembrava sequer da última vez que tinha ido ao cinema. Entretanto, a minha mãe devia estar com uma fome dos diabos, e foi quando deu entrada em cena o sempre impecável subdirector Sacchetti (ainda vivinho da costa, pelo menos até há bem pouco estava) que se lhe dirigiu com a costumada eloquência: "A senhora não tem vergonha! Ainda agora saiu de cá o marido e nem isso lhe serviu de lição!"
Agit-prop e lições de moral à parte, quem lhes passou a carta de alforria foi ele, não sem antes invocar repetidamente o sagrado nome do falecido, esse "grande homem de quem já sentimos saudades!"
À porta da António Maria Cardoso esperava-as o meu pai, um pequeno saco na mão. Dentro não havia champanhe. Convencido que a madrugada seria longa para a mulher, juntara à pressa algumas mudas de roupa e julgo que uma escova de dentes. Usava a gravata vermelha, o que a minha mãe considerou certamente um repto desnecessário. Depois a amiga disse que nem se comera assim tão mal e foram comemorar na mesma.
Isto agora contado tem graça mas na altura imagino.

Relax: Linda Ronstadt e uma bebida fresca

26/07/10

A book a day keeps the doctor away: Pedro Paixão, Imagens Proibidas

Imagens Proibidas é título de livro e de exposição. A última está patente na Galeria Pente 10, em Lisboa, até 31 de Julho; a novela homónima tem como protagonista um fotógrafo, of course.
Digo of course porque a história decorre em Nova Iorque. Atravessa-a uma trama policial, com o desfecho a incluir polícias. Ia dizer “polícias a sério” mas seria descabido porque, claro, tudo aqui é a fingir. O problema é que o fake tem muito que se lhe diga (“O poeta é um fingidor”... etc.), mesmo se para o leitor tanto faz: desde que o fingimento seja crível, o prazer (da leitura) está lá. E será também por isso que se encontra tanta má literatura cheia de boas intenções.
Na novela de Pedro Paixão, duas mulheres supliciam o protagonista por este ter roubado, não o fogo, como Prometeu, mas imagens. Acabará por saber-se que o castigo foi pretexto vil e que a ética das vingadoras deixa a desejar. Tudo, enquanto se desfiam referências cultas e cultivadas, marcas de luxo, e se consomem substâncias proibidas. Regressamos, a espaços, ao universo “generation X” em versão reciclada.
A amoralidade parece, porém, ausente de “Imagens Proibidas: o herói sofre, questiona-se e é incapaz de matar uma mosca. Então, porque não acreditamos nele?
Avanço a hipótese do fraco fingidor. E, no mínimo, incongruente.
Tanto escreve: “(...) calcei os meus sapatos Alden de atacadores, os quais, salvo o exagero, são os melhores do mundo”,
como confessa: “sempre detestei fazer compras, mas não tinha outra escolha senão ir com elas, assustado com a possibilidade de cada uma comprar dez pares de sapatos Prada. Nunca entendi porque é que as mulheres gostam tanto de sapatos. Talvez sejam uma espécie de brinquedos com que procuram substituir as Barbis da infância (...).”
Parafraseando metaforicamente Freud, às vezes um par de sapatos é só um par de sapatos. Ou seja, não chega para escrever uma novela.
Imagens Proibidas, Pedro Paixão, Prime Books, 2010

23/07/10

Esta canalha merece a procissão do senhor Passos e muito mais até porque: what's the difference?

Se a notícia estiver correcta, o título deste post está correcto: Mais de 700 escolas do 1º ciclo já não abrem em Setembro.
Não sei o que me enoja mais.
1. Se o facto de estas medidas irem ao arrepio de tudo o que o mero bom-senso nos dita em termos de educação de crianças (small is beautiful e que venha um pedadogo iluminado do PS desmentir-me...)
2. Se o blábláblá (meramente economicista, claro, ou pensam que é tudo estúpido?) surgir embrulhado em pretensas preocupações com o bem-estar das ditas.
Acho que é o 2.
Porque como até o mafioso Johnny Caspar percebeu e este PS não percebe porque há muito perdeu a vergonha isto é uma questão de ética!

20/07/10

A book a day keeps the doctor away: Wit — Ensaios Humorísticos, Robert Benchley

Estreia em Portugal do humorista Robert Benchley (1889-1945), a quem “os mestres chamavam mestre”. A afirmação é de Ricardo Araújo Pereira e vem no prefácio de Wit — Ensaios Humorísticos.
Trata-se de uma deliciosa colecção de textos curtos que podem ser lidos ao gosto do leitor. De trás para a frente, do meio para trás, na diagonal, em modo saltitante ou até por ordem. No total são 72. Multiplique-se 72 por dez boas gargalhadas e eis uma ideia aproximada de quantas vezes se terá de dobrar o riso. Os mais sisudos, naturalmente, poderão apenas esboçar o movimento dos lábios. Mas nem os absolutamente sérios deixarão de sentir cócegas.
Um aviso: este livro não é para quem aprecie piadinhas picantes, trocadilhos com fruta ou se ache “engraçadinho”. Este livro tem “wit”. Espírito. Benchley pega num tema — arte moderna, febre dos fenos, finanças, crianças, táxis, vitaminas ou átomos… — e discorre sobre ele com liberdade infantil, a que junta umas consideráveis pitadas de ironia elegante e adulta.
Um arranque típico: “Entre os movimentos menos vistosos e menos interessantes em prol do melhoramento da espécie humana, é de referir a nossa intensiva campanha levada a cabo no Uganda para a eliminação do mosquito tchato-tchato, ou mosca-caranguejo de Hassenway. O mosquito tchato-tchato (ou mosca-caranguejo de Hassenway) assemelha-se à mosca tsé-tsé, inclusive no hífen. É uma mosca minúscula, de traços simples, e foi descoberta pelo Dr. Ambercus Hassenway quando ele andava à procura de outra coisa.”
Além de escrever, Benchley foi também actor. O humor foi-lhe reconhecido cedo, em Harvard, onde estudou. Mais tarde assinaria colunas, entre outros, na “Vanity Fair”, “Life” e”The New Yorker”. Passou por Hollywood (onde How to Sleep ganharia um Óscar). E se profissionalmente a sua vida não foi fácil, divertiu-se à grande ao lado de Dorothy Parker, com quem partilhou a Algonquin Round Table. Wit nunca lhe faltou.

Wit — Ensaios Humorísticos, Robert Benchley, 2010, Tinta-da-China, trad. de Júlio Henriques

18/07/10

A book a day keeps the doctor away: O Complexo de Portnoy, Philip Roth

O escritor de origem egípcia Edmond Jabès resumiu o paradoxo da condição judaica numa frase: «J’ai fait un rêve, Seigneur, que j’ai trouvé, à l’instant où je le vivais, merveilleux: je n’étais plus juif» (Tive um sonho, Senhor, que achei maravilhoso enquanto o vivia: já não era judeu).
Ironia idêntica encontra-se numa passagem do romance de Philip Roth agora reeditado: «Ficou célebre na minha família a história do dia em que eu, ainda muito pequeno, virei costas à janela por onde estava a ver uma tempestade de neve e perguntei com ar expectante: "Mamã, nós acreditamos no Inverno?"»
Para quem chegou a Roth quando Roth já chegara à terceira idade, este é um livro imperdível. Para quem o acompanha há mais tempo, a oportunidade de reler O Complexo de Portnoy significará o reencontro com o texto mais hilariante saído das mãos deste autor norte-americano que não é propriamente conhecido por nos fazer rir a cada parágrafo.
As aventuras e desventuras de Alex Portnoy viram a luz pela primeira vez em 1969. A revolução sexual estava a pique e Roth galgou a onda com perícia imbatível.
O monólogo do protagonista e narrador desta comédia de (maus) costumes – sórdida, escabrosa, por vezes comovente – resultou na melhor ficção moderna alguma vez escrita sobre sexo. E, já agora, sobre o que é ser judeu fora de casa.
Uma epígrafe oferece-nos uma pista: «[o complexo dePortnoy é uma] perturbação na qual profundos impulsos éticos e altruístas entram em perpétuo conflito com desejos sexuais descomedidos, muitas vezes de natureza perversa.»
Vai-se a ver (no caso, a ler) e a culpa é do judaísmo. E dentre o judaísmo, a culpa maior cabe (claro) à mãe.
Sentado no sofá face ao analista mudo, Portnoy vai desfiando as suas misérias sexuais desde a mais tenra idade. Em paralelo, vai desfiando as suas misérias existenciais, alicerçadas estas numa inescapável alteridade: «Judeu, judeu, judeu, judeu, judeu, judeu! Já não posso mais com a saga dos judeus martirizados! Por isso faz-me um favor, meu povo martirizado: vai à merda mais a tua herança de martírio – é que por acaso eu também sou um ser humano!»
O romance, além de uma confissão descabelada sobre sexo, lança um repertório exaustivo sobre os seus fantasmas e clichés. Da obsessão masturbatória mais respectiva culpa («sou o Raskólnikov da ejaculação») às contradições insolúveis entre o ser e o dever ser («As coisas que os outros homens fazem – e impunemente! E sem ponta de remorso! (...) Mas eu, eu atrevo-me a dar uma foda um bocadinho mais fora do vulgar, ainda por cima durante as minhas férias – e agora não consigo pô-lo de pé!».
A ideia de fazer coincidir a impotência com a visita a Israel é de génio. Mas tudo, afinal, anda por lá perto neste livro em forma de anedota freudiana.
O Complexo de Portnoy, Philip Roth, 2010, Dom Quixote, trad. de Ana Luísa Faria

N, espero que concordes comigo.

15/07/10

Isto está a ficar tão chato que ainda nos vamos afundar todos num mar de merda, perdão, de bolas de berlim

No dia anterior tinha revisto Road to Perdition, filme que curiosamente reúne dois descendentes lusos, Tom Hanks e o próprio realizador, Sam Mendes.
Não tem nada que ver com o assunto, mas um dos actores mais bonitos de sempre, o Paul Newman, também entra. Faz de velho mafioso.
O filme é, portanto, sobre a Máfia. Na Máfia, como em todo o lado, há gente que presta e gente que não presta. Tom Hanks está entre os primeiros. Quanto aos segundos, primeiro matam-lhe a mulher e o filho mais novo; a seguir, tentam matá-lo a ele e ao filho mais velho. Road to Perdition, não sendo uma obra superlativa, daria certamente para dissertar sobre aquela frase do Ortega y Gasset (o filósofo que um dia Sócrates disse admirar), yo soy yo y mi circunstancia.
Adiante. No final do filme, o filho perde o pai e escolhe ir viver para a quinta de um casal de agricultores que os havia acolhido lá pelo meio. Durante todo o tempo em que andam a fugir ao Jude Law (que também é giro mas não tão bonito como o Paul Newman nem nada que se pareça), o puto, claro, não vai à escola. No fim, apesar de menor e órfão de mãe e pai, é ele quem escolhe as (boas) pessoas com quem deseja viver.
Resumindo: era um tempo sem Inspecção Geral da Educação nem Comissões de Protecção a Menores. Dir-me-ão que agora é melhor. Talvez. Mas o meu coração imediatamente balança quando leio, no dia seguinte a ver Road to Perdition, que a Autoridade Marítima apreendeu 500 bolas-de-berlim no Algarve.
E quem souber de algum caso de morte, ou de simples diarreia, derivado a bolas de berlim vendidas pelos areais que atire a primeira pedra!

08/07/10

Cá por mim até podem publicar nus da nossa senhora de fátima mas o que eu dispensaria mesmo são as análises profundas

"Aparentemente, algumas pessoas ainda não captaram a verdadeira essência e conceito da revista", lamenta a Frestacom [empresa detentora da Playboy], que se "espanta" com a "atenção dada ao imediato em detrimento da análise profunda" que, sublinham os responsáveis, é transmitida na produção fotográfica. Daqui.

02/07/10

Notícias da crise: quando a coisa aperta há sempre uma Marie Antoinette à nossa espera com conselhos de culinária

Ana Jorge, a ministra da Saúde, não é Nigella Lawson. Acontece. Maria Antonieta também não era Kirsten Dunst. Mas se a uma ministra não se exigem as medidas de Gisele Bündchen, é natural que se peça bom-senso em doses mínimas.
Num momento em que metade dos portugueses está prestes a chegar ao último furo do cinto, as declarações da primeira senhora referida neste post são no mínimo de mau gosto: "Apelo às crianças e famílias que aproveitem a necessidade de contenção para fazerem sopa em casa".
Ao menos a Antoinette, ao que se conta, mandou o povo comer brioches. E em francês que soa muito melhor.

Só para assinalar o dia em que eu e uma data de portugueses ficámos [ainda] mais pobres...

The freelance writer is a man who is paid per piece or per word or perhaps, Robert Benchley.
*o boneco é de Bill Charmatz